Nunca mais seremos os mesmos

Marilene de A. Martins Queiroz

Psicóloga, Mestre em Psicologia e Diretora do Instituto Habiens.
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(Imagem: Freepik)

A pandemia colocou o tema saúde mental em evidência, falar sobre o assunto no contexto corporativo ainda é um desafio muito grande. Em especial quando envolve as estratégias de liderança para minimizar danos do estresse da pandemia na vida das pessoas e os  impactos disso na saúde da empresa e consequentemente na economia global.

De acordo com o último Fórum Econômico Mundial, as questões relacionadas a saúde mental devem custar aos cofres das empresas o correspondente a 16 trilhões de dólares no período de 2011 a 2030. Com a pandemia as consequências do adoecimento mental na população devem se estender por anos. Assim, dirigentes de empresas, entidades de classes, governo e sociedade precisam unir forças e se prepararem para enfrentar os problemas que ainda estão por vir.

Além do luto coletivo, a Covid-19 continua matando. Espera-se que as coisas voltem à normalidade com a ampliação da vacinação, contudo nunca mais seremos os mesmos. Para superar a crise, líderes e gestores precisam desenvolver estratégias de liderança que incluam a saúde mental no topo das ações para mitigar os danos resultantes da pandemia no contexto organizacional.

Os mais céticos e indiferentes ao problema não conseguirão manter essa postura por muito tempo porque a crise persiste: o desemprego aumentou, a inflação ressurgiu e o potencial de consumo da sociedade diminuiu ampliando o índice de pobreza. Os mais ricos continuarão ricos, contudo, estes representam a minoria da sociedade. Os problemas econômicos globais refletem diretamente na saúde mental da população, isso impacta a cadeia produtiva, o sistema econômico e social.

Neste contexto é importante ser resiliente e flexível para unir forças, desenvolver estratégias e tomar decisões assertivas em tempo hábil para superar a crise.

É preciso ser realista, pois, sobreviver não é fácil, principalmente os microempresários que se viram obrigados a encerrar o seu negócio meio à pandemia. Para reerguer neste cenário frágil, o líder e empreendedor precisam ter habilidades cognitivas superiores e inteligência emocional como estratégia de liderança.

Vale ressaltar que um pouco de otimismo faz bem, mas a mudança só acontece quando vemos as coisas como elas são, com realismo. A economia de um país não evolui em linha reta, o cenário brasileiro e mundial é complexo.

Por outro lado, todas as crises da humanidade foram superadas e promoveram grandes mudanças na sociedade. Não existe fórmula mágica, existe uma curva de aprendizagem que exige resiliência, disciplina, engajamento e coragem para promover a força coletiva necessária para enfrentar os desafios que ainda estão por vir.

Neste cenário, liderar significa tirar a venda dos olhos sobre o impacto da saúde mental no cerne das empresas. É preciso criar condições que favoreçam a segurança psicológica de todos os envolvidos na cadeia econômica, preservando assim o capital humano e intelectual para gerar valor e produtividade de forma efetiva sem colocar em risco a saúde e o equilíbrio da organização.

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