Em conferência com Fórum Empresarial goiano, vice-presidente Mourão defende modernização da indústria brasileira

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Em conferência online promovida pelo Fórum Empresarial de Goiás, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, mostrou uma visão otimista sobre o futuro da indústria brasileira no pós-pandemia, vislumbrando uma janela de oportunidade para atrair novos investimentos para o País. Questionado pelo presidente do Conselho de Administração da Adial, Otávio Lage Filho, sobre as políticas do governo para gerar mais valor agregado às matérias-primas produzidas aqui, modernizando a indústria nacional, Mourão afirmou que o Brasil tem que se posicionar estrategicamente para buscar negócios que devem migrar da Ásia para outras regiões do planeta.

“Não há sombra de dúvida que muita coisa que era produzida na Ásia vai sair de lá, porque os grandes players concluíram que não podem colocar todos os ovos na mesma cesta. Então temos que nos apresentar como um parceiro confiável para essa produção vir para cá. Temos que trazer esses investimentos, aproveitando nossa capacidade ociosa instalada”, afirmou o vice-presidente. “Temos infraestrutura energética ociosa e podemos avançar mais na produção de energia limpa e renovável. Podemos começar a produzir utilizando os insumos que temos aqui, para exportar produtos com alto valor agregado, que nos garantam retorno também pelo conhecimento que está embutido na tecnologia dessa produção”, disse. Mourão ressaltou que, para isto se concretizar, é preciso assegurar um ambiente político mais tranquilo, sem o que ele classificou como “clima de Fla x Flu”, para passar segurança aos investidores internacionais.

Ao falar sobre as medidas de socorro financeiro ao setor produtivo devido à pandemia da Covid-19, o vice-presidente admitiu que o governo não conseguiu ainda destravar as linhas de crédito para auxiliar as empresas afetadas com as medidas de isolamento, especialmente as micro e pequenas. “Hoje mesmo o ministro Paulo Guedes (Economia) estava discutindo este assunto, para ver como colocar o combustível para fluir por este duto, porque travou. Um fundo federal de investimentos, na minha visão, é uma solução para isto. Vamos também atuar junto aos bancos públicos, com os quais temos maior liberdade de trabalhar do que os privados, para facilitar o acesso ao crédito”, disse.

Reformas

Ao responder pergunta do presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas (FCDL), Valdir Ribeiro, Mourão também admitiu que as medidas estruturantes para fortalecer a economia estão paradas desde o ano passado. “Parece que ficamos numa ressaca após aprovarmos a reforma da Previdência, no ano passado”, avaliou, dizendo que a pandemia da Covid-19 atrapalhou outros projetos do governo, como a reforma tributária. “Precisamos simplificar tributos. O excesso de burocracia ainda continua a perturbar o empreendedorismo no Brasil. O governo também precisa fazer o crédito chegar na ponta, porque há dinheiro para as micro e pequenas empresas”.

O general Mourão avaliou que a retomada do crescimento econômico no Brasil deverá ser diferente para cada setor. “Não será linear para todos, para alguns será mais rápido, para outros vai demorar mais. O agronegócio terá crescimento mais rápido do que o setor de serviços, por exemplo, que sofre da falta de demanda e de oferta”, disse. Um dos maiores problemas, na opinião do vice-presidente, é que muitas famílias sairão da pandemia endividadas e com forte perda de renda, o que vai ter impacto no consumo.

Ele assegurou que o cooperativismo no Brasil será incentivado pelo governo de Jair Bolsonaro, inclusive para maior e mais rápida recuperação das atividades econômicas do País para o período pós-pandemia. A afirmação foi feita em resposta à pergunta do presidente do Sistema OCB/SESCOOP-GO, Luís Alberto Pereira. “O cooperativismo é muitas vezes mal entendido. Existe a visão da esquerda, que olha apenas as pequenas cooperativas, mas é preciso ver o setor de forma macro. Temos um largo campo para atuar. O conceito do cooperativismo é muito claro: todos vão ganhar e crescer mais se atuarem em conjunto do que individualmente. O papel do governo é fomentar o setor e fazer com que suas experiências bem-sucedidas, principalmente no Sul e Centro-Oeste, cheguem em outros Estados e regiões do País, incentivando as melhores práticas, como nas operações de crédito e no agronegócio”, afirmou o vice-presidente. Luís Alberto Pereira enfatizou ainda que o cooperativismo no Brasil é responsável por 12% do Produto Interno Bruno (PIB) nacional e influencia a vida de quase 60 milhões de pessoas.

Incentivos

Em resposta ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, o vice-presidente disse que há uma discussão no governo sobre o processo da retomada da economia, mas frisou que precisa ser dentro do limite da responsabilidade fiscal. “Estávamos no rumo liberal, mas em determinado momento tivemos de mudar a rota para uma posição mais keynesiana, injetando recursos públicos para complementação de renda dos brasileiros e ajuda à diversos segmentos econômicos. Não Vamos descartar a política de incentivos”, disse.

Para Mourão, os investimentos em infraestrutura devem ser a prioridade no plano nacional de retomada econômica, buscando recursos externos para suprir a baixa capacidade do governo de fazer investimentos com recursos próprios. “Infraestrutura gera emprego em massa, movimenta a indústria e todos os outros setores. Temos que atrair parceiros privados de fora. O mundo tem dinheiro sobrando, então temos que ser mascates dos nossos projetos para apresentar ao planeta as oportunidades que temos no Brasil, temos que atrair esse povo para investir aqui”, defendeu o vice-presidente ao responder questionamento do presidente da Associação Comercial e Industrial de Goiás (Acieg), Rubens Filetti.

** Crédito da foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

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