Tributação sobre comércio eletrônico é regulamentada pelo governo federal

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Agora, ICMS não se concentra nos Estados produtores e deve ser dividido com Estado do consumidor final (Imagem: Freepik/snowing)

O governo federal sancionou nesta quarta (5) a proposta que regulamenta a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na venda de produtos e serviços nos casos em que o consumidor final reside em um estado diferente de onde o item foi originado —caso das compras feitas online.

O projeto foi analisado e aprovado por ampla margem —70 votos— em 20 de dezembro.

O texto trata do repasse do Difal, diferença entre a alíquota de ICMS do estado destinatário e a alíquota interestadual do estado remetente. O objetivo é estender o repasse do Difal às operações em que o consumidor não é contribuinte do imposto —em geral, pessoas físicas.

Ou seja, que o ICMS não se concentre apenas nos estados produtores e seja dividido também com estados em que estejam os consumidores finais.

Durante a tramitação, o autor do projeto, senador Cid Gomes (PDT-CE), argumentou que a regulamentação já era feita por meio de um ato do Confaz (Conselho Nacional de Polícia Fazendária), mas o Supremo Tribunal Federal entendeu que a normatização deveria ser por lei complementar.

Entenda a discussão

Até 2015, a legislação destinava ao estado de origem do produto todo o ICMS devido, mesmo em operações cujo consumidor estava em outro estado (e, assim, não era um consumidor contribuinte do ICMS).

Com o crescimento do comércio eletrônico, surgiu a necessidade de rever as regras sobre origem e destino. O Congresso aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) em 2015 estabelecendo que:

  • No estado de origem, é cobrada apenas a alíquota interestadual do ICMS
  • No estado do destino, é cobrada a diferença entre a alíquota interna desse estado e o que já foi cobrado na origem

Mas essa norma foi regulamentadas por meio de convênios do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Consefaz), com regras sobre a base de cálculo, o recolhimento de cada parcela e a forma de cálculo do ICMS pertencente aos estados de origem e de destino do produto — o que, posteriormente, foi questionado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Com isso, o STF determinou que o Congresso aprovasse uma lei regulamentando as regras. Foi essa lei que, agora, Bolsonaro sancionou.

O que a nova lei determina?

A nova lei regulamenta o que já está previsto na Constituição. O texto trata sobre o “Difal” — diferencial da alíquota do ICMS nessas operações interestaduais.

O texto define como contribuinte do Difal:

  • o destinatário da mercadoria, bem ou serviço, em caso de o consumidor ser contribuinte do ICMS
  • o remetente da mercadoria ou bem ou o prestador de serviço, se o destinatário não for contribuinte do ICMS

A proposta define como local da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do Difal:

  • o estabelecimento do destinatário, quando este for contribuinte do ICMS
  • o estabelecimento do remetente ou onde tiver início a prestação, quando o destinatário não for contribuinte do ICMS. Nestes casos, o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual será devido ao estado no qual efetivamente ocorrer a entrada física da mercadoria

Uma das mudanças estabelecidas pelos deputados prevê que o Difal não se aplica ao transporte interestadual de passageiros destinado a não contribuinte do imposto.

Além disso, o texto determina que a apuração do ICMS nestes casos deve ser feita de forma centralizada e os estados e o Distrito Federal devem apresentar, em site próprio, as informações para o cumprimento pelo contribuinte das obrigações tributárias referentes a essas operações.

Com informações G1 e Folha de SP

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