Por Luana Lousa
Ano começando, mercados diversos falando de tendências, de cores, de formas, de materiais… A obsolescência programada do consumo nosso de cada ano e as vezes, até de estação!
Como falar de sustentabilidade, de melhoria da qualidade do ar, dos rios e dos mares, buscar NOVAS alternativas, se o pensamento continua o mesmo? Como dizia algum sábio por ai, impossível ter respostas novas para problemas Velhos! Se não mudarmos a forma de pensar, de entender as famosas “TENDÊNCIAS”, não vamos alcançar jamais a tão necessária sustentabilidade do planeta! Principalmente na construção civil!
Temos que cobrar das marcas uma sustentabilidade real, consumir produtos que realmente possam fazer diferença! A coisa funciona em cadeia. Se o consumidor final, nós, deixarmos de comprar determinado produto porque usa mão de obra análoga à escravidão ou tintas que poluem rios, essas marcas irão buscar identificar em seus processos produtivos, fornecedores e fabricantes quem seria o responsável por aquele item especifico ou qual deles estaria usando escravidão na sua produção.
Infelizmente, fomos ensinados a não ler bulas, não ler componentes dos produtos, não ler o que se come nem o que se bebe! Na era da desinformação o importante é colocar nomes que ninguém sabe o que são e, “voilà”, produto chique e pronto pra venda e, de quebra, de difícil questionamento!
Uma sugestão bem simples pra isso é “não consuma nada que você não conheça e dê preferencia a produtos que sua avó reconheceria os nomes de sua composição”, quase sempre funciona! Uma blusa feita de 100% algodão ou um iogurte cujos ingredientes sejam leite e probióticos, não tem como errar! É simples assim!!! O problema é que nos ensinaram que antibiótico é melhor que própolis, que conservantes são ótimos e conservam lindamente os produtos, que o gado quanto mais vacinado, melhor!
Mas ninguém nunca te falou das consequências de nada disso! Longe de dizer que os produtos acima são danosos, tem suas funções especificas, mas não para quase tudo, como se veem presentes. Não estou dizendo que antibióticos, conservantes ou vacinas são ruins, mas não nos ensinaram a questionar aquilo que desconhecemos!
Lógico que pra tudo existe uma necessidade! Estudos realizados pelos desenvolvedores da teoria do Cradle to Cradle retiraram diversos(mais de 1000) produtos no desenvolvimento de assentos para cadeiras de rodas, carros e aviões, simplesmente por não serem necessários ao desempenho dos produtos. Mas por que alguém colocaria um produto, que pode ser cancerígeno em assento ou em uma tinta residencial? Ou mesmo em uma tinta hospitalar? O mundo parece cada dia mais complexo e com respostas vinculadas, sempre conchavadas entre indústrias e grandes corporações!
Na arquitetura não é diferente!
Por que temos tendências de cores num mercado que, para trocá-la, são gerados toneladas de resíduos? Qual a dificuldade em aceitar a cor que você mais gosta ao invés de trocar pelo “berinjela de 2023” que tem dois tons acima do de 2022? Tintas podem ser altamente cancerígenas e emitir COVs* no ar por mais de ano! Já parou para pensar que cada demão de tinta com a cor tendência potencializa esses efeitos? Já refletiu sobre os efeitos do micro-ondas, dos transgênicos, da forma que consumimos? Nossa, como vamos viver sem tintas, transgênicos ou micro-ondas? Nao se trata disso, mas como podemos exigir melhorias nos processos e na qualidade dos produtos que nos fazem mal! Que tenhamos o direito de saber sobre a toxidade e processos produtivos de tudo aquilo que consumimos. Que sejam explícitos em cada campanha, de cada tendência!
E aí sim, consome quem quiser e quem liga pra tendências! A vida pede VERDADES!
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Luana Lousa
Bioarquiteta/Biourbanista
Arquitetura Viva
62-999221384
* Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) – Os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) são um grande grupo de líquidos e gases, muitos dos quais são incolores e inodoros. Como são voláteis, os líquidos evaporam facilmente à temperatura ambiente. Os COVs geram preocupação geral devido à sua capacidade de reagir com outros poluentes, como óxidos de nitrogênio na baixa atmosfera, formando ozônio. Fonte: Agência Ambiental do Reino Unido.