Quando fazer a revisão orçamentária?

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(Pixabay)

Por Carlos Eduardo Cordeiro Esteves

Uma característica da globalização é a velocidade em que situações repentinas acontecem e as consequentes mudanças de cenário. Ao findar do ano de 2021 esperava-se a recuperação dos impactos provocados pela Covid-19 em toda cadeia de consumo, porém o mês de fevereiro de 2022 marcou o início da guerra entre Ucrânia e Rússia, fato que se prorrompeu na economia global e provocou grandes impactos no cotidiano de grande parte do globo. Preço elevado do petróleo, inflação, desabastecimento, redução do turismo, etc. são exemplos de como um fator que acontece em outro continente pode ser um transtorno para quem está a quilômetros de distância – o Sri Lanka que o diga. É verdade que nem todos sofrem (ou alegram-se?) de mesma forma e intensidade, porém não há como negar a necessidade de atualizar os parâmetros outrora definidos no planejamento orçamentário.

Findado o primeiro semestre de 2022, o gestor tem a oportunidade de interpretar os indicadores que o mercado interno e externo tem apresentado e avaliar quais ajustes no plano orçamentário necessitam serem feitos para que o segundo semestre permita o atingimento das metas propostas, ou até aumentar a barra para padrões mais elevados.

É prudente que seja feito, em primeira instância, uma leitura do mercado consumidor e das metas e estratégias adotadas até o momento. O aumento insistente do preço dos combustíveis pode não afetar diretamente o segmento de shows e eventos tal qual para uma transportadora, porém a inflação elevada provocada por esse aumento pode mudar o comportamento das famílias ao ponto de priorizar o consumo de bens e serviços essenciais (como o próprio combustível) em detrimento de outros, como o lazer. Considerando os fatores atuais, as metas de vendas serão cumpridas? Quais ajustes são necessários na estratégia de marketing e comercial?

Calibrada as premissas comerciais, analisa-se então se a capacidade produtiva atual está condizente com o que se espera para os próximos meses. Havendo capacidade ociosa então deve ser redimensionada para que o excedente dos custos seja cortado ou convertido em outra forma de produção para que o desperdício não afete os fluxos de caixa. Se o caso for de investir para aumento de produtividade, ainda assim é preciso considerar se, no cenário de juros elevados e incertezas, vale a pena correr o risco, principalmente quando da contratação de crédito em divisas estrangeiras, como Dólar e Euro.

Sempre há tempo para ajustes no planejamento orçamentário, porém é importante que os objetivos macros de lucratividade e Fluxo de Caixa Livre não se rebaixem de modo que as metas deixem de ser desafiadoras, mas também não podem apontar para um cenário impossível de atingir. Se o planejamento orçamentário ainda não foi feito, hoje é o dia de começa-lo. Mas, se não está no radar do gestor ajustá-lo ou até mesmo fazê-lo, então infelizmente este planeja o próprio fracasso.

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Carlos Eduardo Cordeiro Esteves

Administrador, Controller, especialista gestão orçamentária e controladoria, possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV e MBA em Gestão de Negócios pela UEG

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