Por Marcos Freitas Pereira
Tempos desafiadores que vivemos hoje. Estamos às vésperas de uma das mais importantes eleições presidenciais do Brasil. Nesse momento discute-se sobre voto impresso e voto nas urnas eletrônicas, qual é o mais confiável e discute-se sobre contagem e auditoria dos votos, quem pode fazer esse trabalho: organismo internacional, auditoria independente ou os militares, como se os militares fossem responsáveis por isso, ou como se eles não tivessem nada para fazer.
Diante desse cenário me proponho, nesse artigo, a defender uma hipótese de que o processo eleitoral brasileiro já é suficientemente auditado pelas pesquisas eleitorais, principalmente a pesquisa de boca de urna que acontece no dia das eleições.
A pesquisa eleitoral deve cumprir rigorosamente as regras estatísticas e de probabilidades que garantem que aquele número de eleitores entrevistados é capaz de dar uma representação relativamente fiel, dentro da margem de erro e do intervalo de confiança, da população como um todo.
Seleciona-se uma amostra fiel da população considerando uma série de variáveis para aproximar o grupo da amostra à composição real da população. Essas variáveis são: domícilio; raça, gênero, escolaridade, ocupação, renda, etc.
Portanto, se hoje a população brasileira é composta por mais de 50% de mulheres, a amostra também deverá ter essa composição, a mesma coisa para raça, domicílio, escolaridade e renda. Diferentemente do que se tenta demonstrar nas redes sociais das famosas enquetes que não tem nenhum atributo científico, pois as pessoas que respondem não representam um retrato fiel da população.
Entendido o processo científico que norteia as pesquisas eleitorais e como outras tantas pesquisas, enfatizo agora a importância dessas como auditora do processo de votação das urnas eletrônicas.
Importante dizer também que o resultado de uma pesquisa eleitoral reflete a opinião dos eleitores naquele momento da pesquisa, não quer dizer que no dia seguinte à pesquisa é válida, pois as opiniões podem variar. Porisso que quando os partidos, políticos e imprensa analisam as pesquisas o foco é a tendência delas, de crescimento do candidato, de queda do candidato, etc.
Para que se possa usar a pesquisa eleitoral como forma de auditoria do processo de votação, a pesquisa a ser escolhida deve ser a pesquisa de boca de urna, que é realizada no dia da votação, ou seja, os questionários são aplicados nos locais de votação logo após aquele eleitor votar. Novamente, esses locais são escolhidos cientificamente para que a amostra represente fielmente a população dentro da margem de erro e do nível de confiança da pesquisa.
Diante disso elaborei o quadro abaixo comparando a pesquisa de boca de urna das últimas três eleições à presidente com o resultado final apurado pelo TSE.
Como se percebe acima em nenhuma das três eleições e de todas que eu acompanho desde 1989 houve diferença entre o vencedor da pesquisa de boca de urna e o vencedor apurado pelo TSE.Os resultados finais foram praticamente os mesmos apontados pela pesquisa de boca de urna, dentro da margem de erro e do intervalo de confiança.
E outro dado importante para lembrar é sobre o resultado do 1º. turno das eleições de 2018, segundo o Presidente Bolsonaro ele deveria ter ganho no 1º. turno, porém, quando se analisa a pesquisa de boca de urna com o resultado final constata-se que Bolsonaro obteve 45% na pesquisa e 46% no resultado final, enquanto, Haddad obteve 28% e 29% respectivamente.
Portanto, negar a eficiência de uma pesquisa cientifica e desconfiar da legitimidade da votação pelas urnas eletrônicas não passam de questionamentos sem o mínimo de fundamento. Somente uma posição ideológica ou de interesses escusos podem se utilizar desses argumentos.
Teremos novamente uma eleição limpa em outubro para presidente e outros cargos executivo e legislativo, cabe a cada um de nós o respeito pelo resultado, o respeito pela democracia e o respeito pela constituição.
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Natural de São Paulo, Marcos Freitas Pereira acumula mais de 25 anos de experiência de mercado. Doze destes anos foram como administrador em cargos de comando na Pousada do Rio Quente Resorts.
Exerceu as funções de Gerente de Orçamento e Finanças, Controller, Diretor Estatutário Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com o Mercado. Além disso, dois anos como Diretor Superintendente, principal executivo da empresa.