Os investimentos no pós-COVID-19

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*** Por Marcos Freitas

O mundo capitalista foi surpreendido com a turbulência financeira de 2007 e 2008 que teve a falência do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers e em consequência outras grandes instituições financeiras quebraram também.  Este momento ficou conhecido como a “crise dos subprimes”.  Os governos tiveram de lançar mão de medidas para conter o que poderia ter sido o fim do capitalismo com a quebra do sistema financeiro mundial.

Depois de 12 anos, o capitalismo mundial se vê diante de mais uma crise, agora uma sanitária de enormes proporções, diferentemente da financeira de 2007 e 2008. E mais uma vez o mundo foi surpreendido de tal forma que os governos não têm tido a mesma rapidez que tiveram em 2007 e 2008. As ações estão demorando a serem tomadas e alguns governos ainda não entenderam totalmente a gravidade do momento – como os governos dos Estados Unidos e do Brasil, hesitando em tomarem as decisões macroeconômicas necessárias.

As economias do mundo, como aconteceu em 2007 e 2008, precisam de liquidez, de injeções de grandes volumes de dinheiro para salvar as pessoas e as empresas que pararam de funcionar de um dia para o outro. Desta vez o “paciente” não é o sistema financeiro, agora os pacientes são as empresas e o povo.

A principal ação tomada pelos governos no “subprime” foi o afrouxamento quantitativo da política monetária, o chamado QE (Quantitative Easing), uma emissão de moeda sem precedentes para adquirir títulos de dívida pública e privada, dando liquidez a economia. A iniciativa partiu do FED norte-americano e foi seguido pelo Banco da Inglaterra e pelo Banco Central Europeu (Resende, 2020).

Apesar da política QE adotada pelos governos, dando liquidez ao mercado, não houve, após mais de 10 anos, um aumento de inflação e nem aumento nas taxas de juros, pelo contrário, alguns países sofrem da ameaça da deflação e as taxas de juros reais praticadas são negativas até hoje. Isto demonstra uma mudança nas políticas monetárias adotadas após 2007 e 2008.

Os investimentos pós-Covid-19 deverão ter a mesma tendência do período pós 2007 e 2008 em função do aumento da liquidez do mercado financeiro e do mercado de capitais. Foi extremamente significativo o crescimento dos investimentos estrangeiros na economia brasileira após 2007 e 2008. Os investimentos foram realizados em compras de empresas, em compras de títulos públicos e privados, bem como, investimentos na Bolsa de Valores.

Como o cenário ainda é de juros reais negativos no mundo, os Estados Unidos reduziram os juros para abaixo de 1% ao ano para títulos de 10 anos, os juros dos países Europeus continuam negativos, e por incrível que pareça esta é a tendência dos juros reais do Brasil, a previsão do Banco Central do Brasil, através do informativo Focus, prevê a Selic para 2020 de 2,5% contra os atuais 3,75%. Esta taxa de juros da Selic prevista para 2020 está abaixo da meta de inflação para o ano de 4,00% e abaixo do IPCA previsto para os 12 meses seguintes, ainda pelo Focus, que é de 2,86%.

Portanto, a tendência de que os investimentos estrangeiros no Brasil aumentem no pós-crise é muito grande e em consequência os investimentos na economia real, através de aquisições e fusões de empresas, investimentos imobiliários e investimentos na Bolsa de Valores na compra de ações de empresas.

E assim caminha o capitalismo, de crise em crise, vai se reinventando, nada será como antes, que o economista André Lara Resende tenha razão, “que o mundo pós-pandemia tenha oportunidade para revalorização do Estado tornando-o mais eficiente e a favor da população”.

** Natural de São Paulo, Marcos Freitas Pereira acumula mais de 25 anos de experiência de mercado. Doze destes anos foram como administrador em cargos de comando na Pousada do Rio Quente Resorts. Exerceu as funções de Gerente de Orçamento e Finanças, Controller, Diretor Estatutário Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com o Mercado. Além disso, dois anos como Diretor Superintendente, principal executivo da empresa.

Mestre em Finanças pela Universidade Alcalá – Espanha – 2011, MBA Executivo Internacional – Unip e Universidade de Alcalá – 2011, graduado em Economia pela PUC-SP 1988, pós-graduado na Universidade Corporativa do Grupo Algar, e doutorando em Turismo. Atualmente atua como Sócio da WAM Brasil.

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