O comércio internacional hoje é semelhante a uma partida de tênis, na final de um Grand Slam. Dois jogadores, suas estratégias, e milhões de expectadores (assistindo ao vivo na televisão). Nessa disputa, de um lado, os Estados Unidos, e, do outro, a China. Uma guerra comercial quase que se precedentes na atual economia. Quando os Estados Unidos entravam em conflito tão grande no passado, com a antiga URSS, era mais geopolítico, o econômico era uma ferramenta de pressão ou imposição. Hoje a guerra é comercial.
Com a bola na mão, Trump ataca, recua, ameaça… dentro do seu pacote de estratégias, aproveitando sua capacidade midiática e seu dom polemista. Na mais recente jogada, um verdadeiro drop-shot de “tenista” acostumado com grandes decisões, voltou atrás e adiou tarifas sobre alguns produtos chineses. Os mercados subiram. Esse detalhe conta.
Cada movimentação ou sinal de força ou enfraquecimento na ‘quadra’ de batalha, afeta humor e previsões dos ‘investidores’ especulativos e até produtivos, mudando as estratégias de Países, empresas e financistas pelo mundo. Um vitorioso e um derrotado, se um dia houver, muda todo panorama da economia mundial. São modelos distintos.
Ainda sobre a última decisão, desta semana, o presidente norte-americano abrandou seu plano de impor tarifa de 10% sobre o restante de importações chinesas, que começaria a valer em 1º de setembro, postergando a aplicação das alíquotas sobre celulares, laptops e vários outros bens de consumo na esperança de diminuir o impacto na temporada de compras de fim de ano. Faça a conta simples: 10% sobre US$ 300 bilhões em importação originadas na China para os EUA, por ano.
Mexer em alíquotas, tributos, taxas – lá como aqui – significa mexer em preço final. O Trump estaria elevando preços no varejo americano, visto que os chineses são fortes fornecedores destes – e de tantos outros – para os EUA. Adiada, a nova tarifa entrará em vigor a partir de 15 de dezembro para milhares de produtos, que inclui até roupas e calçados. Neste momento, meados de dezembro, temporada de compras passou e estoques estarão cheios. Até lá, aliás, deverá continuar a queda-de-braço da disputa comercial – talvez até já tenham desenhado um acordo ou amenizado o conflito.
Horas antes do anúncio de Trump, a China divulgou que seu vice-primeiro-ministro, Liu He, havia conversado com os americanos e acertado novas conversas para as próximas semanas – além de um possível novo encontro em setembro. Ou seja, negociações continuam e vão afunilando. Adiamento das tarifas foi um sinal de que os EUA estão ‘satisfeitos’ com os rumos da truncada conversa.