De acordo com o IBGE[1], as mulheres ocupadas possuíam mais escolaridade do que nós homens – 59,7% delas possuíam ao menos o ensino médio, enquanto entre nós trabalhadores 46,3% concluíram o ensino médio; 19,9% delas concluíram o ensino superior, contra 11,7% de nós homens.
Estudaram mais, recebem menos e já chefiavam, segundo a PNAD 2015, 40,5% dos lares em nosso país.
Apesar de terem estudado mais do que nós, elas recebem em média 11% menos e ocupam menos cargos de chefia do que nós homens – a diferença é de cerca de 24%.
Ainda de acordo com o IBGE, mesmo nos cargos de chefia elas ganham menos; a diferença era de 31,5% – nós, homens em cargo de chefia, recebíamos em média R$5.222,00, enquanto elas R$3.575,00.
Felizmente existem exceções. Uma delas me orgulho muito de fazer parte, eu, pai de quatro filhas e esposo de uma grande mulher, que luta, com as armas que Deus me colocou nas mãos, para que elas, as mulheres, sejam respeitadas e valorizadas como seres divinais que são.
Aqui, as mulheres representam 61% da nossa força de trabalho; aqui elas ocupam 7,4% mais cargos de liderança do que nós homens, enquanto o ganho médio delas é 43,9% maior do que o ganho dos nossos colaboradores homens.
Qual a razão de tal reconhecimento? A competência das nossas mulheres!
Pergunta que sempre me fazem: você não gostaria de ter tido filhos homens? Minha resposta é não!
Desde que me despertei para o desejo de ser pai, sempre expressei a convicção de que teria quatro filhas – engraçado, acho que foi um compromisso que assumi antes de vir para esta escola em que vivemos! Foram necessários dois casamentos, mas, minha convicção se fez presente – nada de filho, somente filhas.
Uma brincadeira que sempre é feita comigo: “você não consegue “fazer” filho homem! ” Certo dia, em uma dessas brincadeiras, ouvi de uma pessoa que admiro e gosto muito: “Dalton, diga que você só “faz” o que você gosta! ” Pois bem, de lá para cá, essa é minha resposta favorita, com um grande sorriso no gosto.
Bom, o que gostaria de pregar aqui, é a necessidade da prática da justiça e da honestidade para com todos, no caso, nesse momento, das mulheres em especial.
Se uma mulher faz melhor do que eu, por que não ganhar mais do que eu ganho, por que não ser respeitada como profissional e como mulher? Por que não reconhecer mais minha mãe, minha esposa, minhas filhas?
Não podemos nos esquecer que elas, as mulheres, nos deram a vida aqui nesse mundo, cedendo seus corpos para nos gerarem; são elas que ficaram, e ainda ficam, ao pé do nosso leito quando estivemos ou estamos enfermos, são elas que cuidam, com carinho, da nossa alimentação, da nossa educação, da nossa vestimenta…, muitas vezes buscando forças de onde nós homens não compreendemos!
Já pararam para observar que para elas dedicamos a esmagadora maioria das nossas músicas, dos nossos poemas? Que nos vestimos e nos perfumamos para elas?
Elas são nossas fontes de inspiração!
No Livro dos Espíritos, Allan Kardec, na questão 877, pergunta: “A necessidade para o homem de viver em sociedade, ocasiona-lhe obrigações particulares?”
A resposta foi: “Sim, e a primeira de todas é a de respeitar o direito dos seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos será sempre justo. No vosso mundo, onde tantos homens não praticam a lei de justiça (ou seja, não respeitam os direitos dos demais), cada um usa de represálias e é isso o que faz a perturbação e a confusão de vossa sociedade. A vida social confere direitos e impõe deveres recíprocos.
O que você está fazendo para reconhecer as mulheres da sua vida?
Encerro com um poema de Victor Hugo que gosto muito e que, com extrema sensibilidade, exprime a importância da mulher.
“Um homem e uma mulher…
O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é comandar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo.
A mulher é o altar.
Perante o templo nós nos descobrimos;
Perante o altar nós nos ajoelhamos…
O homem está onde a Terra termina.
A mulher está onde o céu começa. ”’
Victor Hugo
[1] Todos os dados vindos do IBGE aqui citados foram retirados das matérias “Estudar mais não garante equiparação de salário entre homem e mulher”, datada de 02/12/2016, de autoria de Robson Sales, Alessandra Saraiva e Rafael Rosas; e “Brasil conta com mais lares chefiados por mulheres”, datada também de 02/12/2016, dos mesmos autores, publicadas no Jornal Valor Econômico.