Liderança na pandemia

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(Na foto, da esquerda para a direita: presidente do Brasil, Jair Bolsonaro; ex-presidente dos EUA, Donald Trump; primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel e primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinta Arden)

Por Marcos Freitas Pereira

Na vida profissional, pessoal e empresarial estamos sempre buscando ser líder e formar líderes. Investimos muito na nossa formação e na formação de outros nesse quesito de liderança. Ser líder, segundo, Fred Kofman, vice-presidente de desenvolvimento executivo do Linkedin,

“é o processo pelo qual uma pessoa (o líder) suscita o comprometimento íntimo dos outros (seguidores) a cumprir uma missão em sintonia com os valores do grupo”. 

As pessoas acreditam no líder, as pessoas sonham o sonho do líder, portanto, a responsabilidade de um líder é muito grande. Segundo Fábio Konder Comparato na sua obra Ética ao falar da vida, ele diz:

“o que importa na vida, não é só viver, mas viver para o bem. O verdadeiro sentido da vida humana é manifestamente ético”.

Líderes têm a responsabilidade da vida humana, da vida dos seus seguidores e da vida das pessoas que podem ser afetadas por sua liderança.

Infelizmente nem toda liderança é destinada para o bem, para o bem pessoal, para o bem profissional e para o bem empresarial. Existiram e existem líderes que conseguiram seguidores para o fazer o mal. No passado, temos o exemplo no Hitler, o líder nazista.

Nos dias atuais, com o surgimento da pandemia do Covid 19, surgiram líderes, tanto para o lado do bem, como para o lado do mal.

Para o lado do bem, podemos destacar as primeiras-ministras da Alemanha e Nova Zelândia, Angela Merkel e Jacinta Ardern. Elas incentivaram publicamente os cidadãos a comportamentos de melhoria de saúde pública, uso da mascára e distanciamento social.

Por outro lado, observamos a liderança do mal encarnada nas figuras dos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, Donald Trump e Jair Bolsonaro.

No recente artigo “The disastrous effects of leaders in denial: evidence from the COVID-19 crisis in Brazil” (“Os efeitos desastrosos dos líderes na negação: evidências da crise da COVID-19 no Brasil”, em tradução livre), divulgado em inglês pelos professores Sandro Cabral (Insper), Nobuiuki Ito (Ibmec) e Leandro Pongeluppe (Universidade de Toronto Canadá), foi analisado os efeitos da liderança negacionista do presidente junto à população brasileira. Segundo os autores do artigo,

“por liderança na negação entendemos os líderes que rejeitam admitir o mundo como ele é, em vez de como eles gostariam que fosse”.

Foi organizado pelos autores um painel de dados de todos os 5.570 municípios brasileiros cruzando dados dos resultados da eleição de 2018 com os dados de 52 semanas da pandemia COVID-19, de 25 de fevereiro de 2020 a 18 de fevereiro de 2021 de números de casos confirmados e número de óbitos por COVID-19.

Os resultados da pesquisa realizada demonstrados no artigo enfatizam a força do líder de uma nação no sentido de persuadir e motivar os seus seguidores, mesmo que essa motivação seja para o mal deles e das outras pessoas.

Os resultados demonstraram que os municípios em que Bolsonaro obteve a maioria dos votos no segundo turno da eleição presidencial de 2018 são justamente os mais afetados pelo COVID-19. Quanto maior a proporção de votos para Bolsonaro, maior é a incidência de novos casos e novas mortes entre a população municipal. Os munícipios com maior participação de apoiadores do Bolsonaro aumentaram o número de casos e mortes em até sete vezes mais do que os municípios com menor número de apoiadores.

Os resultados evidenciaram o quanto o líder na negação está associado à evolução da pandemia: quanto maior a intensidade da base de apoio, maior é a tendência da população de seguir as reinvindicações negativas do líder.

Segundo os autores, os líderes em negação devem ser combatidos enfaticamente e dissuadidos o mais cedo possível, caso contrário, seu estilo negador pode se desastroso para toda a comunidade nacional e internacional.

Portanto, no Brasil nesse momento, é importante apoiarmos a CPI do Genocídio do Senado para que sejam apuradas as responsabilidades das autoridades brasileiras, principalmente do presidente da república. O mundo não precisa de líderes desse tipo, negacionista e autoritário. O Brasil precisa retomar o seu rumo, de um povo amigo, acolhedor, resiliente, sonhador e solidário.

Que Deus nos proteja!

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Natural de São Paulo, Marcos Freitas Pereira acumula mais de 25 anos de experiência de mercado. Doze destes anos foram como administrador em cargos de comando na Pousada do Rio Quente Resorts.

Exerceu as funções de Gerente de Orçamento e Finanças, Controller, Diretor Estatutário Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com o Mercado. Além disso, dois anos como Diretor Superintendente, principal executivo da empresa. Atualmente atua como Sócio da WAM Brasil.

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