Jogo de estratégias

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Por Marcela Barros 

Quando adentramos numa realidade empresarial, experienciamos as mais variadas emoções/desafios. Há quem dê uma vida para entrar nesse jogo e muitos outras, para sair dele. O fato é que, o jogo empresarial acontece quer você queira quer não.

Para uma empresa sobreviver é parte do processo de sua existência que haja dinâmicas entre as pessoas envolvidas e os processos praticados. E são a partir destas dinâmicas, que o jogo empresarial se forma, carregados de regras ocultas formadas por comportamentos entrelaçados por interações humanas.

A questão é que, estamos tão limitados nas ações e reações das atividades diárias que não nos atentamos a observar o que move esse jogo, essa dinâmica empresarial.  O mais interessante disso tudo é que muitos estão no jogo, jogam o jogo, mas nem se quer sabem que estão no jogo.

Encontramos nos mais diversos tipos de empresas e corporações, equipes insatisfeitas, gestores frustrados e empresários desnorteados. Todos buscando mudar cenários e melhorar resultados. Diante de todas estas informações, o que mais importa observar?

Importa observar qual a regra do jogo. Quais regras movimentam as dinâmicas da empresa, da equipe, dos líderes, e compreender que nem toda regra cabe a você mudar. As regras do jogo movimentam as pessoas, e não nos damos conta disso, não observamos, mas elas estão atuando sobre nós. E como não sabemos, isso nos manipula. Estas regras podem ser princípios, diretrizes, valores.

A questão é: Há espaço para mudanças diante de estratégias tão engessadas?

Se eu lhe perguntar: O que é mais importante para um jogo de futebol, o jogador ou as regras do jogo? Alguns diriam que é o jogador, ou talvez a bola, o juiz, enfim. Mas se temos o jogador e a bola, o que importa mais? As regras do jogo, claro! Porque sem as regras do jogo, poderia ser futebol, voleibol, basquetebol ou qualquer outro jogo que use uma bola e tenha jogador. Compreende?

São as regras do jogo que determinam o jogo. E muitas vezes esquecemos de observar quais regras movimentam nossa empresa, nossa equipe, nossos negócios. Perdemos tanto tempo e energia lutando e relutando contra elas que muitas vezes nosso papel seria apenas observá-las de forma mais consciente. Gastamos energia criando estratégias infundadas para agir sobre dinâmicas que não permitem serem mudadas. Insistimos em julgar diante do certo ou errado, bom ou ruim, a achar culpados.

Estamos falando de pessoas e processos que são movidos por dinâmicas, inconscientes e as vezes conscientes, que fazem a realidade ser como é. Importa muito nos abrirmos para os impactos das regras, e avaliarmos o custo x benefício. Esse papel é tanto do empresário quanto do profissional em geral.

Se nos abrirmos para isso, teremos condições de soltar a ilusão de tentar alterar aquilo que não nos cabe mudar. E diante de uma visão menos julgadora até seria possível um entendimento mais profundo de que tudo é perfeito do jeito que é, se considerarmos os ingredientes que regem cada situação. É importante entender a visão por trás das regras, pois elas seguem a visão.

Quais ingredientes/situações que fazem as coisas acontecerem? Pois a perfeição é o que é. Precisamos ter clareza para funcionarmos. Assim, é importante ter uma visão macro para avaliar custo x beneficio e sua influência nos sistemas. Não posso mudar isso, mas posso ver as consequências e me posicionar.

Diante de cenários incertos com empresas cada vez mais exigentes, o profissional do futuro/agora precisa entender qual o seu papel nesse jogo empresarial tão dinâmico. É preciso sair da posição de vítima de um modelo “opressor” e assumir a responsabilidade pela gestão de sua própria carreira, e atuar diante de uma maturidade mais analítica, sistêmica e menos julgadora.

Ao nos despirmos do julgamento desenfreado e do olhar cartesiano e limitado, estaremos livres para jogar um jogo onde não há lugar para o extremismo e a perfeição tão ilusória. Estaremos livres para compreender que as regras movimentam o jogo, porém é a partir da minha conscientização sobre elas que teremos mais clareza sobre o que estamos dispostos a atuar ou não. De qualquer forma, a decisão é sempre sua.

Marcela Barros é consultora de gestão e negócios

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