Franquias investem em tecnologia para acompanhar mudanças no mercado

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A inovação tecnológica e os novos perfis de empreendedores estão mudando as franquias, segundo André Friedheim, o novo presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising). O administrador de empresas de 49 anos é sócio-diretor da consultoria Francap e máster franqueado das redes Café do Ponto e Casa Pilão. Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Friedheim falou sobre as mudanças no setor, os segmentos mais promissores para 2019 e o papel dos franqueadores na transformação das redes.

O que te motivou a concorrer à presidência da ABF?

Um aspecto pessoal e um profissional. O pessoal é que, na ABF, eu fiz grandes amizades. A associação me trouxe reconhecimento dentro do mercado. As pessoas acompanham meu trabalho, e eu quero retribuir. O lado profissional é continuar a contribuir com o sistema pelo qual eu milito há quase 30 anos, não só como franqueador, mas também como consultor. Já trabalhei com diversos segmentos dentro do franchising, como escolas, idiomas, vestuário e alimentação. A vivência me credencia a entender novos formatos de franquia. Quero retribuir tudo o que conquistei e continuar contribuindo porque estamos em um novo momento no mercado e no franchising.

Quais são as novidades?

Começamos a ver franquias de fintechs, por exemplo. São marcas que surgiram no ambiente digital e que podem misturar loja digital e física para estar mais próximas do consumidor. Esses novos formatos são disruptivos. Além disso, há um novo perfil de franqueador – o millennial. O timing dele é muito mais rápido. E o varejo tradicional mudou. São novos formatos, líderes, gestores e franqueados também.

Quais são os principais desafios do setor neste momento?

O desafio da burocracia é importante, ainda que o novo governo queira desburocratizar os negócios. Outro desafio é mercado. Passamos por um período de crise. As perspectivas são boas porque o índice de confiança do consumidor começa a melhorar. Mas é preciso cicatrizar os últimos três ou quatro anos e convencer o empreendedor a tomar risco.

O que vai se destacar nas franquias em 2019?

Os processos de fusão e aquisição vão continuar. No franchising, o nome do jogo é escala. Em relação aos setores, vemos o de alimentação se reinventando para usar melhor as plataformas de delivery. A grande vantagem é que, nas franquias, as cozinhas já estão montadas. A capilaridade é maior. Outros segmentos que devem voltar a se aquecer são saúde, estética e beleza. Um exemplo são as clínicas médicas acessíveis para quem não tem plano de saúde. No mercado de educação, destaca-se a parte de robótica e games.

E quanto aos pontos comerciais?

Continua forte a busca por pontos alternativos, como universidades e hospitais. Mesmo que a unidade tenha faturamento menor nesses locais, os custos são mais baixos. Hoje os projetos arquitetônicos já preveem espaços para lojas. A franquia tem diferencial competitivo porque possui marca forte e operador treinado e capacitado. Para o dono do ponto, isso é bom.

Como o franchising deve conciliar tradição com inovação?

Muitos franqueadores estão embarcando novas tecnologia para acompanhar as mudanças do mercado. O franqueador é um empreendedor por natureza, está à frente do seu tempo. Ele vê as novas tecnologias no mercado e busca as melhores soluções para a rede. Nas duas últimas convenções da ABF, nós trouxemos esses elementos. Das empresas de tecnologia que fizeram pitches para franqueadores, muitas já fecharam contrato.

Quem é responsável pela inovação nas redes?

O franqueador tem de testar novos conceitos e inspirar. Ele é líder, e o franqueado segue. O franqueador não pode debitar essa conta do franqueado. O dono da marca precisa fazer os testes, provar que tecnologia dá resultado nas lojas próprias e assim convencer a rede. Contra fatos não há argumentos. Se é preciso investir, eu monto na loja própria e provo que as vendas cresceram.

Como está o papel dos franqueados e multifranqueados?

Acabou o tempo do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. As redes têm mais comitês de franqueados, e os donos de unidade treinam outros franqueados e dão consultoria de campo. A rede é uma só. Se um parceiro está mal, a operação do outro é prejudicada também. É claro que a marca não pode perder os padrões e os processos. O franqueador zela por isso. Mas a participação do franqueado é cada vez maior.

Qual será o seu estilo de gestão?

Quero ser muito inclusivo, que os associados participem mais ativamente dos comitês. Vou modernizar a ABF no app e no site e montar feira virtual de franquias. Quero trazer esse ar mais moderno e tecnológico. Também é preciso falar de temas diferentes – não só de franchising, mas de novas tecnologias. Estou trabalhando em um programa de mentoria coletiva e individual para novos franqueadores e franqueados, com empreendedores e consultores. Uma das minhas características é ser acessível. Meu telefone é disponível para todos. Esse é o perfil pessoal que quero trazer.

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Matéria originalmente publicada em Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

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