Cooperativas financeiras se tornam opção para sair da crise

Mais de 14 milhões de brasileiros já são associados a uma cooperativa financeira, de acordo com dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). No Brasil existem 826 cooperativas financeiras cadastradas no Sistema OCB. Em Goiás, são 303 mil cooperados, 32 cooperativas de crédito e 239 pontos de atendimento. As cooperativas já representam 10,74% do estoque de empréstimos e financiamentos do Brasil. Há cinco anos, essa fatia era de 6,64%. Esse salto no crescimento das cooperativas de crédito nos últimos dois anos está relacionado à crise financeira trazida pela pandemia.

O diretor-presidente do Sicoob UniCentro Br, Raimundo Nonato, parte do Sistema Sicoob, o maior grupo cooperativo financeiro do Brasil, explica que mesmo com a pandemia, os interessados em se associar a esse tipo de instituição financeira só aumentaram. “Com mais dificuldades financeiras e perda de empregos, as pessoas buscaram saídas para conseguir crédito para empreender e pagar menos juros do que nos bancos tradicionais”, conta Nonato.

O economista Washington Paz, do Sicoob UniCentro Br, fez um cálculo que mostra a diferença nos juros cobrados entre as instituições financeiras. Para comprar um veículo zero de R$ 100 mil reais, em 5 anos, o financiamento em um banco comercial, além de cobrar TAC (taxa de abertura de crédito) sairia cerca de R$3.067 de parcela. Se o mesmo financiamento for realizado em uma cooperativa, o valor da parcela cairia para R$ 2.884, sem a cobrança de TAC. Uma redução de mais de R$ 10.000 em juros, onde a taxa de juros cai de 25,64% para 22,56% ao ano, proporcionando retorno em sobras, reduzindo assim ainda mais o custo da operação ao cooperado.

Para Weder Willian, cooperado do Sicoob UniCentro Br, existem várias vantagens em optar por uma cooperativa de crédito. “Para mim, as taxas de juros mais baixas são um grande atrativo. Eu sempre comparo com as taxas de outros bancos e minha opção é pelo Sicoob UniCentro Br. Além disso, o atendimento especializado é decisivo para que toda a minha movimentação financeira seja realizada dentro da cooperativa”, explica o nutrólogo.

As cooperativas do ramo financeiro são instituições do Sistema Financeiro Nacional e reconhecidas pelo Banco Central. Elas oferecem serviços semelhantes aos dos bancos convencionais, mas são formadas por associados e não por clientes. Como as cooperativas não visam lucros, conseguem oferecer transações com menos juros, além de compartilhar as sobras com os associados. As sobras são os resultados financeiros positivos, que são distribuídos para os cooperados, ao final do exercício de cada ano.

O Sicoob UniCentro Br, por exemplo, acumulou, em 2021, R$ 173 milhões e, em 2020, R$ 105 milhões. Um crescimento de 64,7% nos resultados financeiros.

Outro ponto positivo é a possibilidade de inclusão financeira porque a burocracia e os altos juros costumam ser um entrave ao acesso aos bancos. Assim, 45 milhões de brasileiros estão à margem do sistema financeiro tradicional.

Grande parte das cooperativas financeiras são de livre admissão. Ou seja, qualquer pessoa pode se associar. Mas existem aquelas que prestam serviços para um grupo específico de pessoas. Mesmo com o franco crescimento, as cooperativas ainda têm um espaço para expansão. Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), apenas 4 de cada 10 brasileiros conhecem o cooperativismo.

Como se associar a uma cooperativa de crédito

Todas as cooperativas de crédito, ao receber uma proposta de associação, exigirão documentos que são necessários ao registro do interessado como membro da sociedade:

• uma ficha proposta assinada;
• documentos de identificação e residência;
• se aprovada a adesão pelo Conselho de Administração, deverá subscrever cotas e integralizar capital.

O capital inicial muitas vezes é simbólico e, caso o associado saia da cooperativa, receberá de volta seu capital. E, no caso de falecimento do titular, o valor das cotas será pago aos seus herdeiros.

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