Há poucos dias uma matéria do jornal “O Popular” estampava a manchete: “incentivos não atraem no Nordeste goiano”. Em que pese o programa de incentivos fiscais Produzir oferecer 98% de redução no ICMS gerado para as empresas industriais que se instalarem na região, o benefício parece não ser suficiente.
Apesar da importância da redução da carga tributária, existem muitas variáveis que interferem na decisão de investimentos de uma empresa. As principais são: disponibilidade de matéria prima em quantidade, mão de obra qualificada e qualidade da infra estrutura de transporte e energia. Em resumo, não dá para fazer a água correr para cima.
A boa notícia é que as regiões mais carentes não estão condenadas ao subdesenvolvimento. Apesar de termos quase um milhão de pessoas ligadas ao cooperativismo no estado de Goiás, o poder público e líderes locais ainda não se deram conta das oportunidades que este modelo pode trazer. Com efeito, uma forma eficaz de geração de emprego e renda nestas regiões é desenvolver arranjos produtivos viabilizados por meio de empresas cooperativas. Ou seja, explorar o potencial econômico da região e sua força de trabalho por meio dos próprios habitantes, ao mesmo tempo trabalhadores e donos da empresa.
Como fonte de inspiração, podemos citar a cidade basca de Mondragón, no norte da Espanha, que saiu da recessão pós guerra a partir da iniciativa de um padre, José Maria Arizmendiarrieta. Hoje a região, com pouco mais de 20 mil habitantes, é sede de um conglomerado de 97 cooperativas de trabalho. A partir da primeira cooperativa, hoje a Fagor eletrodomésticos, foram criadas outras, como a conhecida Ulma, além de cooperativas educacionais, de pesquisa e de distribuição, como a rede Eroski. Contudo, não precisamos ir tão longe, por aqui temos cooperativas que mudaram o cenário das cidades e regiões onde estão instaladas. À guisa de exemplo, citamos a Comigo em Rio Verde, que está entre as maiores empresas do Brasil, cuja presença no Sudoeste goiano foi fundamental para a instalação da Perdigão.
De fato, o cooperativismo, além de gerar postos de trabalho, dinamiza a economia local, pois os recursos ficam todos na própria região onde são gerados. Isso explica porque as cidades onde existem cooperativas instaladas possuir IDH acima da média nacional.
Estamos, no sistema OCB/SESCOOP-GO, empenhados em apoiar o desenvolvimento do cooperativismo no estado, integrando movimentos tais quais o Fórum em prol das cooperativas de reciclagem de lixo, composto também pelo Ministério Público, Amma, UFG e Senai. São iniciativas que tem duplo objetivo: fortalecer o cooperativismo em Goiás e atuar em prol do meio ambiente, reforçando nosso compromisso de dar sentido humano à atividade econômica.