Alta da Selic impacta financiamentos imobiliários

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Especialista em Direito Imobiliário explica como será o impacto efetivo para a população (Divulgação)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, na última quarta-feira (2), a taxa básica de juros, Selic, a 10,75% ao ano para tentar combater a inflação. Foi o oitavo aumento seguido da Selic, que estava 2% ao ano em janeiro de 2021. E se eu te disser que o aumento da taxa Selic pode te afetar diretamente, você entenderia os motivos? Talvez não, e por isso o advogado especialista em Direito Imobiliário Diego Amaral explica um pouco mais sobre o assunto e conta como será o impacto efetivo para a população.

Antes de mais nada, para entendermos como nosso dia a dia será impactado pela alta da taxa, é preciso saber que a Selic funciona como uma taxa de referência e, a partir dela, outras taxas de juros são definidas, como explica o advogado Diego Amaral.

“A Selic impacta nas taxas quando se vai tomar um empréstimo, quando se entra no cheque especial ou mesmo quando se faz financiamento para comprar um imóvel ou um automóvel. Se a taxa básica sobe, todas essas outras também vão subir”, afirma o especialista.

Entre 2020 e 2021, a Selic ficou a 2%, o que impulsionou o setor imobiliário. No ano passado, por exemplo, Goiás, por meio da GoiásFomento, aprovou 4.959 propostas de financiamento no ano de 2021, alcançando o valor total de R$ 76,891 milhões. A quantidade foi 208,6% maior do que a verificada em 2020, período em que somaram 1.607 propostas. “Com os juros atingindo o patamar de dois dígitos, o que não acontecia desde 2017, a expectativa é que, em 2022, a taxa de financiamento aumente, tornando a concessão de crédito mais cara”, diz Diego.

Advogado especialista em Direito Imobiliário Diego Amaral (Crédito: Divulgação)

Como o financiamento imobiliário é uma operação bancária de crédito, um aumento da Selic pressiona as taxas de juros de financiamentos imobiliários a também aumentarem.

“Quando a taxa Selic aumenta, o custo de dar crédito também sobe. Logo, quanto maior o preço ofertado, menor o volume vendido, o que implica que um aumento da taxa Selic diminui o volume de crédito concedido, desacelerando ou até diminuindo a atividade econômica”, conta o advogado.

Ou seja, Selic mais alta, juros mais altos e preços também mais altos. Mas qual a finalidade de elevar a taxa Selic?

“Com a alta da Selic, a tentativa do Banco Central é reverter a alta da inflação, que fechou 2021 a 0,06%, acima do teto da meta e no maior nível em seis anos. Quando a Selic sobe, o objetivo é que o crédito fique mais caro e que as pessoas, ao invés de tomá-lo, passem a poupar mais”, explica Diego. Assim, o cenário é propício para investir ao invés de consumir. “O aumento da taxa Selic vai fazer com que a remuneração de investimentos atrelados à renda fixa também suba”, aponta.

Diante deste cenário, o advogado aponta que, pelas projeções, os especialistas estão considerando que, quanto mais cedo em 2022 o comprador realizar a transação, mais vantajosa tende a ser a aquisição do imóvel. “Os ciclos do mercado imobiliário são longos, e isso faz com que mesmo em um cenário não tão propício, ainda tenhamos bons momentos ressoando nos preços por algum tempo. As taxas de juros de financiamentos imobiliários reagem às mudanças na Selic numa proporção menor e com atraso temporal”, afirma.

De acordo com o advogado especialista em Direito Imobiliário Diego Amaral, a intenção dessa manobra é que ao longo deste ano a inflação diminua e os preços, consequentemente, cheguem ao consumidor de maneira mais acessível.

“Com essa oscilação no mercado financeiro, percebemos o quão importante é uma educação financeira para a população brasileira. Aumentos de taxas como essas, poderiam ser evitados com um consumo e gastos mais conscientes”, finaliza Diego Amaral.

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