O Mova-se Fórum de Mobilidade alerta para os efeitos da aprovação de questões importantes, que geram impactos na mobilidade de Goiânia sem os devidos estudos técnicos. Uma vez instalados, esses empreendimentos geram a necessidade de deslocamentos que, na maioria das vezes, priorizam o transporte individual em detrimento do coletivo. Somado a isso, a deficiência do serviço público de transportes implica no evidente descontentamento da população, que é desestimulada a usufruir desse meio de deslocamento e tem como melhor alternativa a aquisição de seu meio de transporte próprio, como automóveis e motocicletas. O efeito? Perdendo mais tempo em congestionamentos, a qualidade de vida da população é inevitavelmente afetada.
No caso do setor Sul em Goiânia, que já enfrenta um trânsito problemático em muitas vias atualmente, as casas projetadas para apenas uma família poderão ser substituídas por grandes prédios para centenas de pessoas. Isso implicaria fatalmente na qualidade do fluxo de veículos.
Outro ponto de atenção em relação ao Plano Diretor de Goiânia é em relação a aderência do mesmo com o Plano de Mobilidade de Goiânia que ainda está em fase de desenvolvimento pela SMM (Secretaria Municipal de Mobilidade) e o Plano de Reestruturação da RMTC que está sendo desenhado pela CMTC (Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos)
A proposta de atualização do Plano Diretor de Goiânia, que está em tramitação na Câmara de Vereadores, contempla algumas diretrizes polêmicas, como a expansão de 83% das áreas adensáveis mesmo diante de vazios urbanos que chegam a 26% da macrozona de construção, bem como autorização de construção em áreas de preservação ambiental, mas pouco foram discutidas propostas do Plano Diretor para a mobilidade urbana, especialmente para o já caótico trânsito da capital. De acordo com Jeovalter Correia Santos, especialista em mobilidade que também é integrante do Mova-Se, desde 2007, a população de Goiânia cresceu 24,98% e a frota de veículos aumentou 88,16%.
“Na época, o índice de veículo por habitante era de 0,545, hoje este índice é de 0,821 ou quase um veículo por habitante”, acrescenta.
Para Jeovalter, uma mobilidade sustentável que garanta ao cidadão o direito de ir vir de forma plena, o Plano Diretor precisa conter diretrizes de ocupação e uso do solo urbano na perspectiva de mitigar o uso do transporte individual.
Sobre o Mova-se
O Mova-se Fórum de Mobilidade é uma iniciativa sem fins lucrativos e sem vinculação político-partidária que quer discutir o passado, o presente e o futuro da mobilidade urbana. Com especialistas, técnicos e professores, a iniciativa quer promover alternativas para problemas chave da mobilidade e fomentar o debate com as diversas vozes da opinião pública.
Num momento em que a mobilidade urbana foi colocada no seu pior patamar da história, é importante nos perguntarmos sobre o futuro do ir e vir de toda sociedade. O transporte público de passageiros, bicicletas, aplicativos de transporte, pedestres e carros particulares precisam conviver em harmonia e cumprir, cada um o seu papel nessa engrenagem. Mas como chegar a um modelo ideal? É preciso discutir a cidade, as pessoas, urbanismo e mobilidade. Com embasamento técnico queremos apontar caminhos e soluções para reestruturar a mobilidade urbana para o período pós pandemia tendo como base a refundação do transporte público urbano e os princípios da Lei Federal da Mobilidade.