A reunificação alemã, a distribuição da riqueza e o paradoxo da dignidade

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A partir do exemplo da Alemanha, Ubirajara Ferreira analisa como um país se desenvolve em diferentes contextos econômicos (Imagem: DW/Reprodução)

Por Ubirajara Ferreira

31 Anos da reunificação da Alemanha Ocidental e Oriental (1990).

O mundo assistiu, ao mesmo tempo assustado e esperançoso, à derrubada do muro de Berlim, ocorrida em 9 de novembro de 1989.

Era o fim da Guerra Fria (oposição econômica, ideológica e militar entre o mundo capitalista liderado pelos EUA e o comunista, capitaneado pela Rússia, à frente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS), que marcou a derrocada dos regimes socialistas e o início da Globalização, tal qual conhecemos hoje.

Uma imagem fala mais que mil palavras. Basta observarmos os lados oeste e leste do mapa. Fosse relacionado ao cultivo de grãos do agronegócio, poderíamos imaginar que no oeste, nasceram mais empresas porque as terras são melhores, mais férteis, melhor adubadas, passaram por correção.

Ocorre que, no oeste, se praticava o regime capitalista. No leste, o comunista, oriundo da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Nada mais adequado para explicar a concentração de empresas e empregos no lado oeste da hoje unificada Alemanha, para explicar o insucesso do comunismo e o desastre de um regime inóspito sob o ponto de vista empresarial, que inibe a coragem, ousadia e a capacidade empreendedora, elementos essenciais para que se semeie negócios e colha oportunidade e prosperidade.

Claro que muitos outros elementos devem ser considerados para melhor entendermos a concentração de negócios e os melhores empregos no lado ocidental.

Porém, nem mesmo 31 anos de ações e obras de infraestrutura, capacitação e estratégias promotoras de desenvolvimento regional, tornaram possível uma geografia mais favorável à implementação de negócios e o consequente incremento do nível de atividade no lado oriental, nas proporções do ocidental, como se vê no mapa.

A sede da maioria das empresas alemãs, embora muitas delas centenárias e a maioria da renda e do emprego, ainda se concentram no antigo lado capitalista.

Indagado sobre as mazelas do comunismo, o liberal e inesquecível Roberto Campos (Roberto de Oliveira Campos, economista, professor, escritor, diplomata e político mato-grossense que via o Governo como um mal necessário e o capitalismo como indispensável ao desenvolvimento), lembrou-se da ilha rochosa de Hong Kong, ex-colônia da Inglaterra:

“só tem pedras, nem mesmo água potável para a população e o que é hoje? Ilha de excelência e prosperidade, com renda per capita superior à da Inglaterra, a potência colonizadora. É mercado, meu filho, é mercado…” Dizia.

O que teria tornado possível o desenvolvimento e a prosperidade ali, senão o mercado, a criar o ambiente, fertilizar o lado oeste, para que pessoas e empresas empreendessem, prosperassem e se tornassem globais?

Claro que não se ignora aqui as graves consequências sociais decorrentes do chamado “capitalismo selvagem”, assim denominado por se referir à exploração do homem, a exigir trabalho escravo, insalubre e até infantil, que também encontrou espaço para se desenvolver sob as hostes do sistema.

Mas onde já se viu gramado sem ervas daninhas? Claro que o remédio passa por uma sociedade que também evolui, que por escolha, caminha rumo ao “capitalismo democrático” se é que isto possa ser possível um dia.

Uma coisa é certa: dinheiro não dá em árvore e é preferível compartilhar riqueza, prosperidade. Se o bolo cresce, há sempre mais fatias para compartilhar. Se não se compartilha, aí é outra história!

Só no capitalismo há perspectiva e apetite para a capacidade empreendedora, o desenvolvimento pessoal e empresarial que gera emprego e renda.

Não há melhor socialismo que oportunidade de trabalho e renda para a população – daí falarmos em “dignidade da pessoa humana” desapegados da pieguice que a frase possa trazer, que poderá abster-se de dependurar no Estado financiado pelo imposto pago pelo empreendedor, para construir o seu caminho.

Dignidade se constrói com protagonismo, não pela dependência. E para empreender, é preciso coragem, ousadia e as estradas que o capitalismo permite construir.

Se o estado é grande, paquidérmico, lento, burocrático e não entrega justiça e paz social…

Se a legislação (e a sociedade) permitem a impunidade e o sistema a corrupção…

Se os poderes executivo, legislativo e judiciário tem as suas deficiências e não se corrige…

Se se paga mais imposto que deveria face ao tamanho do Estado e ao cipoal de legislação e a complexidade existente no Sistema Tributário Nacional…

São “outros quinhentos”, diria o caboclo.

São verdadeiros desafios e oportunidades que tem-se à frente para que se conquiste prosperidade, compartilhe riqueza e se entregue cidadania no país.

Este é um palco que, à altura do ato em curso no Brasil, não se admite omissão nem coadjuvância!

Utilizando-me da retórica de Roberto Campos, sejamos protagonistas, meu filho, sejamos protagonistas!

Ubirajara Ferreira

Ex bancário (Gerente Regional Bradesco – 35 anos de carreira). Advogado, MBA FGV Adm Gestão Empresarial, MBA FGV Adm Banking e Mestre em Desenvolvimento e Planejamento Territorial PUC GO.

Empreendedor, fundador da Studio Go! Negócios Inteligentes (Compliance Tributário), Piki Go! Negócios, Crédito e Investimentos (Consultoria), Birras & Tapas (Gastrobar) e outros.

Autor do livro “Dinâmica populacional e desenvolvimento no norte goiano: ênfase ao município de Santa Terezinha de Goiás” publicado em Dezembro/2020.

LinkedIn – linkedin.com/in/ubirajara-de-lima-ferreira-64a2b727

CNPQ/Lattes – http://lattes.cnpq.br/3333449370815726

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