Companhias de Goiás já se antecipam a essa tendência
As empresas brasileiras dos setores de serviço e comércio querem seus profissionais aptos a trabalhar em 2019 com inovação e vendas. É o que constata o 13º Panorama de Treinamento no Brasil, realizado com 406 companhias instaladas no país. O levantamento, divulgado neste mês de dezembro, mostra que essas duas disciplinas devem ser as principais novidades dos cursos de qualificação e reciclagem a serem ministrados dentro das empresas no ano que vem.
Em Goiânia, algumas corporações já se adiantaram a essa tendência. Uma das maiores imobiliárias de Goiás, a URBS Lançamentos Imobiliários não só elegeu as vendas como foco principal de seus treinamentos, mas montou, em junho deste ano, a URBS Business School. A intenção, segundo o diretor da empresa, Ricardo Teixeira, é atualizar constantemente a equipe comercial da imobiliária, formada por mais de 380 corretores autônomos. A escola de negócios oferece ao longo do ano uma extensa programação de cursos gratuitos, com duração média de três meses. As aulas são ministradas por professores convidados e atuantes em cursos de especialização oferecidos por instituições renomadas, como Fundação Getúlio Vargas e Fundação Dom Cabral.
Ricardo Teixeira argumenta que “o profissional do mercado imobiliário precisa estar atento a todas as nuances do mercado. Precisa também saber apresentar todos os detalhes dos produtos e formas de comunicação, que evoluem todos os dias”. “É necessário entender bem o perfil do cliente e saber todas as suas demandas de moradia”, destaca o diretor da URBS Lançamentos Imobiliários. Ele acredita que o foco das empresas no aprimoramento do processo de vendas é motivado sobretudo pelas demandas do atual consumidor, que se mostra cada vez mais exigente e heterogêneo em termos de conhecimento.
Teixeira explica que, ao invés de oferecer cursos e treinamentos esporádicos, a empresa buscou montar uma estrutura própria para materializar suas políticas internas de capacitação e reciclagem de conhecimentos. Na URBS Business School, o núcleo de treinamento é voltado especialmente para a equipe de vendas da empresa e tem um conteúdo programático personalizado para o segmento imobiliário.
Paulo de Tarço Chander Júnior é diretor de recursos humanos da URBS e pontua que a escola de negócios reforça as técnicas e estratégias de vendas segundo os vários perfis de consumidores que se tem hoje e conforma as novas ferramentas que surgem. Para ele, essa capacitação contínua cria um diferencial competitivo que leva ao sucesso. “Em um mundo cada vez mais competitivo e globalizado, sai na frente quem prepara e qualifica sua equipe para lidar com os imprevistos e para tirar maior proveito das inovações tecnológicas que se tem hoje”, complementa Paulo.
O corretor de imóveis Eduardo Gueffer, de 44 anos, está neste mercado desde 2008. Para ele, a qualificação profissional constante, sobretudo em vendas, como é sua realidade, se torna fundamental para atender os anseios do investidor do século 21. Eduardo diz que o consumidor contemporâneo não se contenta apenas na venda por si só de um imóvel. “O aprimoramento constante é essencial. O corretor de imóveis não vende só uma casa ou apartamento, ele, hoje em dia, vende informação, presta uma ampla consultoria”, salienta o profissional.
Videoaulas
A construção civil é um segmento que demanda atualização frequente de conhecimentos técnicos, e esse é um investimento inevitável, justamente por causa das constantes inovações de tecnologias e práticas que ocorrem nesse setor. Visando otimizar e a o mesmo tempo dinamizar os seus cursos internos de aprimoramento e reciclagem, a Dinâmica Engenharia, construtora de Goiânia com 35 anos de mercado, encontrou uma forma simples, mas eficaz de levar capacitação aos colaboradores da obra.
Vídeoaulas estão sendo usadas para treinar os profissionais da área operacional da empresa. De acordo com um dos engenheiros da Dinâmica, Marco Antônio de Carvalho, o objetivo é padronizar as informações e orientações na hora da passagem de serviços, ou seja, quando os trabalhadores concluem uma etapa da obra para começar outra.
“A nossa ideia é aprimorar ainda mais esses vídeos. Hoje, nós mesmos produzimos aqui, mas futuramente vamos contratar uma empresa para nos ajudar nisso. Até o momento fizemos três videoaulas para os treinamentos de reboco, pintura e revestimento cerâmico”, explica o engenheiro. Segundo ele, a novidade também otimizou sua rotina de trabalho, já que antes precisava ministrar aulas presenciais para várias turmas e por várias vezes.
Hoje, segundo Marco Antônio, ficou mais fácil, pois todos assistem ao vídeo e ele esclarece apenas algumas dúvidas pontuais. As videoaulas têm duração de 40 minutos e são exibidas também para aqueles colaboradores que estão entrando na empresa.
Os vídeos gravados pelo engenheiro com o auxílio do departamento de marketing da empresa mostram, além de instruções orais, as instruções práticas e o passo-a-passo das tarefas, de acordo com a fase da obra. “Também passamos orientações sobre o uso de alguns equipamentos necessários para a execução desses serviços”, conta Marco Antônio.
Qualificar é preciso
As últimas edições da pesquisa Panorama do Treinamento do Brasil, desenvolvida pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, mostram que o investimento das empresas em capacitação subiu de R$ 518 em 2015 para R$ 788 em 2017, em média. As horas investidas no desenvolvimento humano também saltaram de 16,6 hora/ano, para 21 horas, no mesmo período. Para o diretor de recursos humanos da URBS Lançamentos Imobiliários, Paulo Chander Júnior, a busca para treinar e desenvolver pessoas é crescente nos últimos anos devido o aumento das tecnologias empregadas no processo de produção.
Paulo explica que a automação requer uma mão de obra mais qualificada e apta a operar mesmo que seja um simples equipamento, mas que possui tecnologia atual. “Nessa mesma pesquisa da ABTD temos ainda o aumento de qualificação da lideranças nas organizações, uma peça importante em qualquer atividade econômica. Um líder bem preparado consegue em média cerca de 20% a mais em resultados positivos de sua equipe”, encerra o diretor de RH.