Varejo: estratégias cambiais

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O comércio no Brasil é uma atividade ingrata. No mercado interno, uma crise sem precedentes de inadimplência, que afeta o já combalido consumidor. No comércio exterior, restrito a pequeno grupo de empresas exportadoras, a imprevisibilidade do câmbio, mais uma “dor” a mais no já dolorido universo do empresário brasileiro.

O cenário político-econômico do País promove uma crônica turbulência cambial no País. Quando este cenário dá uma trégua, os episódicos transtornos externos fazem a vez de precipitação do câmbio no Brasil. Paz cambial é um intervalo raro.

Mas o setor varejista tem buscado caminhos para driblar o destempero do câmbio, como antecipando estoques em períodos favoráveis, medida que exige um capital disponível e liquidez, e a busca de fabricantes de produtos ‘genéricos’ no mercado nacional – muitas vezes por encomenda. Ambas as medidas já minimizam efeitos colaterais e custos “surpresas” das mexidas cambiais.

O grande dilema das atuais turbulências é o fato de, em momentos menos críticos, as oscilações no câmbio eram compensadas com repasses diretos ou gradativos para os preços. No entanto, com o consumidor com recursos escassos, não dá margem para o varejo fazer maiores repasses para o preço final. Da mesma forma, o lojista não consegue absorver a oscilação. Assim, esta composição de altas cambiais se torna uma difícil decisão na formação do preço: absorve toda ou maior parte do ajuste cambial ou repassa para o preço e corre o sério risco de não vender.

A antecipação da compra com câmbio favorável pode ser uma ferramenta de venda e marketing, pois terá sempre um preço a menor que o concorrente que não o fez. No entanto, reserva para estocar em uma economia que os estoques estão cada vez mais sendo abolido, pode se tornar, por outro lado, uma estratégia de risco.

Segundo especialistas, a cada 1% de alta do dólar, ocorre o aumento de R$ 0,20 em alguns itens, principalmente, de bens duráveis e combustíveis. Considerando os momentos de picos, desde o começo do ano, o dólar chegou a acumular 10% de alta.

Considerando que a previsibilidade do câmbio é algo descartado, melhor ter uma boa estratégia para evitar maiores custos, principalmente, porque o atual cenário econômico não oferece margem para repassar perdas.

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