Um novo Plano Marshall é necessário

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Por Leonardo Rizzo

De tempos em tempos o Planeta Terra se encarrega de livrar-se das consequências maléficas que a humanidade impõe a ele e à própria raça humana, que muitas vezes se dissocia dessa sua condição incontestável de ser parte da teia da vida, como propõe físico austríaco Fritjof Capra, em sua obra denominada justamente A Teia da Vida, na qual ele defende que há uma interação ecológica de todos os eventos que ocorrem no Planeta. Como armas, a natureza se utiliza das suas próprias forças naturais – tsunamis, erupções vulcânicas, terremotos, furacões, secas severas e tempestades torrenciais, entre outros fenômenos – para dar recados contundentes à humanidade.

No caso da atual pandemia de Coronavírus, a Natureza utilizou-se de um vírus para dar mais um recado à humanidade: o de que é preciso repensar a maneira de viver, em especial no que diz respeito aos modos de produção e de enriquecimento que estão em curso, em um mundo cada vez mais capitalista, individualista e urbano. Depois de pouco mais de um século da eclosão das Gripe Espanhola (1918-1919)  outro vírus pode ter sido o instrumento de que a Natureza lançou mão para dizer que é hora de dar um basta aos extremos socioeconômicos que estão postos na sociedade atual.

A pandemia do Covid-19, além de ceifar milhares de vidas que já foram e que ainda serão acometidas pela doença, vai gerar uma catástrofe econômica possivelmente sem precedentes na história. No entanto, essa crise na economia mundial, já prevista e aceita por diversos especialistas no assunto ao redor do mundo, pode também trazer consigo novas oportunidades em escala global. Afinal, o vírus não é um problema de um só país, de uma região específica do mundo ou de um único continente. Ele é mundial e não respeita imposições como a de se manifestar apenas em países do “Terceiro Mundo” ou “emergentes” e poupar os cidadãos do chamado “Primeiro Mundo”. E que novas oportunidades seriam estas?

Em um cenário em que se projeta que governos terão de gastar trilhões de dólares para mitigar os efeitos do Covid-19 ainda neste ano, e que milhões de empregos serão perdidos, bem como milhares de empresas irão à bancarrota, pode ser que surja dos esforços para a contenção do vírus uma esperança que todos almejamos: a implantação de um novo Plano Marshall.

Nos primeiros anos após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos injetaram um total de R$ 20 bilhões de dólares nos países ocidentais europeus que foram praticamente arrasados por causa do conflito para que recuperassem sua economia, em especial a indústria, a infraestrutura e a agricultura. Este parece ser o caso atual, para quando a pandemia for arrefecida, um Plano Marshall global, com cooperação não de um, mas de todos os países ditos primeiro-mundistas para investimento em obras de saneamento, com a geração de milhões de empregos em todo o planeta.

Não é admissível que em pleno século 21, por exemplo, a maior e mais rica cidade da América do Sul, São Paulo, tenha os seus rios totalmente poluídos ou que os oceanos se encontrem na mesma situação. É hora de o mundo se unir e investir em iniciativas que possam elevar a qualidade de vida da população, por meio de ações visando ao saneamento básico e assim gerar milhões de postos de trabalho, reduzir a miséria, que é a mãe de todas as celeumas sociais, eliminar – ou pelo menos neutralizar – não só o Coronavírus, mas muitas das doenças que acometem a humanidade.

** Leonardo Rizzo é empresário e presidente do Instituto Rizzo

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