Turismo recebe financiamento para superar crise da Covid-19

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(Imagem: Pixabay)

O setor de turismo foi um dos mais afetados durante a pandemia causada pela Covid-19. Segundo levantamento feito pela United Nations World Tourism Organization (UNWTO), os fluxos internacionais de turistas devem ter queda de 22% durante 2020 e as receitas geradas no setor devem despencar entre 20% e 30%. Com tantas quedas, os números negativos também impactam os trabalhadores do setor.

Entre março e maio, o segmento responsável por 8,1% do PIB brasileiro perdeu R$ 62 bilhões, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com mais de 7 milhões de trabalhadores na área, de acordo com o Ministério do Turismo, a CNC estima que 295 mil trabalhadores possam ter perdido o emprego até agosto.

Segundo levantamento do Observatório do Turismo realizado em julho, a crise sanitária foi responsável pelo fechamento de 11,4% das empresas de turismo em Goiás. Os números negativos fizeram com que os governos agissem para evitar números ainda piores em Goiás. Em agosto, o Governo de Goiás anunciou a disponibilidade de R$ 60 milhões de crédito destinado especificamente para o setor de turismo no estado por meio da Agência Goiana de Fomento (Goiás Fomento). Os R$ 36 milhões recebidos do Fundo Geral do Turismo (Fungetur) se somam aos R$ 24 milhões que o estado já tinha recebido para financiar projetos turísticos.

O principal financiamento oferecido pela Goiás Fomento durante a pandemia tem sido o Turismo Capital de Giro Puro, que financia projetos de até R$ 400 mil para microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte. O recurso virá em boa hora para empreendedores que precisarão adaptar seus empreendimentos e sistemas de atendimento para voltar a receber hóspedes neste cenário de novo normal. 

A estância de casas de temporada voltada para o ecoturismo Shambala Piri, localizada em Pirenópolis, foi uma das empresas que aproveitaram o financiamento durante o período de pandemia e está investindo na adaptação para a retomada. De acordo com o empreendedor Neylon Jacob, a busca pelo financiamento foi uma necessidade que sentiu a partir do terceiro mês de pandemia, quando decidiu investir em automação e equilibrar o fluxo de caixa.

“Após um período de pesquisas e estudos sobre os melhores caminhos para enfrentar essa pandemia, percebi que o comportamento de consumo das pessoas na retomada do turismo iria mudar. Com isso, recorremos a um processo de automação com aquisição de softwares para evitar ao máximo o contato físico com o cliente, possibilitando que o check-in, ficha de hóspedes, entrega de notas e diversos outros procedimentos passassem a ser de forma digital, garantindo mais segurança para os visitantes”, detalha o sócio-proprietário da Shambala Piri.

Foi após esse período de estudos e pesquisas sobre inovações tecnológicas aplicadas ao turismo que Jacob desenvolveu o projeto Ayla Smart House, que busca aliar o minimalismo com a necessidade de segurança sanitária durante o período de pandemia. A iniciativa ganhou forma após o investimento feito pelos microempreendedores da Shambala Piri ao perceber uma oportunidade de desenvolver o projeto que minimizasse a necessidade do contato direto com os equipamentos no ambiente. “A casa tem capacidade para receber duas pessoas e terá 37 m² e será automatizada para possibilitar que os hóspedes tenham menos contato com os objetos. O conceito smart implementado contempla, por exemplo,  o uso do do comando de voz, para ações como ligar e desligar luz e o ar-condicionado”, destaca o empreendedor.

O investimento em tecnologia para deixar os visitantes da estância mais seguros é destaque na estância, porém a empresa visa também manter a receptividade e hospitalidade. “Apesar do investimento na transformação de processos manuais em digitais, também nos preocupamos em não perder a hospitalidade e o atendimento humanizado. A pandemia deixou as pessoas mais carentes e, mesmo com a necessidade de se evitar o toque, buscamos manter a receptividade com carinho e segurança”, explica Jacob.

Novo comportamento do turista estimula novos protocolos 

Com a estância reaberta desde o dia 14 de agosto, após publicação de decreto da prefeitura de Pirenópolis permitindo o funcionamento do turismo na cidade, Jacob percebeu a mudança de comportamento do turista.

“As viagens passaram a ser mais domésticas, ou seja, em um raio mais próximo das casas dos viajantes. As pessoas também passaram a buscar espaços mais econômicos e estabelecimentos que atendam rigorosamente os critérios de prevenção à Covid-19”, detalha o empreendedor.

Ele ainda afirma que houve um aumento no número de reservas realizadas com apenas uma semana de antecedência e busca por melhores políticas de cancelamento por parte dos clientes. 

“Como ainda passamos por um momento de incertezas, os consumidores sabem que as cidades podem voltar com medidas mais restritivas para impedir o avanço do coronavírus ou até mesmo podem se contaminar com o vírus e ficar impossibilitado de viajar. A tendência é que os empreendimentos se tornem mais flexíveis durante esse período”, completa Jacob.

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