Tratamento minimamente invasivo para tumores malignos já está disponível em Goiânia

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Divulgação

Goiânia recebeu uma paciente baiana de 84 anos em busca de tratamento minimamente invasivo para combater um câncer no fígado, a quinta causa de morte por neoplasia no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ela passou, na semana passada, por uma ablação percutânea de tumor por micro-ondas,  tecnologia que tem se tornado uma alternativa para cirurgias de tumores malignos em regiões moles ou mais sensíveis no organismo humano. O procedimento foi empregado para eliminar uma lesão tumoral de 2,5 centímetros.

“A ablação percutânea de tumores por micro-ondas é um procedimento muito preciso, indolor e, portanto, é possível realizá-lo submetendo o paciente apenas a sedação leve e bloqueio anestésico local. Na maioria dos casos, o paciente recebe alta no mesmo dia. Essa é uma alternativa à cirurgia convencional, que neste caso representaria maior risco e exigiria internação hospitalar, eventualmente até necessitando de leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para acompanhamento da recuperação”, pontua o médico radiologista intervencionista, Bruno Vidal, que conduziu o procedimento juntamente com o médico Gustavo Cunha. A paciente assistida teve ótima recuperação e, no mesmo dia, retornou para suas atividades cotidianas, segundo acompanharam os especialistas.

Bruno Vida pontua que o procedimento minimamente invasivo e seguro pode favorecer que mais pessoas tenham acesso ao tratamento do câncer, possibilitando inclusive uma redução global de custos relacionados à assistência à saúde. Só para novos casos de câncer de fígado, para cada ano do triênio 2023 a 2025, a estimativa é que haja 10.700 pacientes, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Somente em Goiás, no ano de 2023, são estimados aproximadamente 200 casos para cada 100 mil habitantes, ou seja, cerca de 13.000 novos casos.

Indicação

Minimamente invasiva, a técnica de ablação de tumores por micro-ondas é realizada através de punção percutânea utilizando-se uma agulha que é guiada por imagens de tomografia computadorizada e ultrassonografia, sem necessidade de incisões ou cortes na pele. Assim que posicionada junto ao tumor, a agulha que é conectada a um gerador de energia promove a destruição das células tumorais em poucos minutos. Em alguns casos, ele pode ser inclusive ser feito em ambiente extra-hospitalar, como foi o caso da paciente de 84 anos,  atendida na AURA Diagnósticos, no setor central de Goiânia.

“Ela é indicada para tumores primários e secundários no fígado, tumores renais, lesões pulmonares malignas, etc., mas também pode ser empregada no tratamento de alguns tumores benignos, como por exemplo na tireoide e no útero (miomas)”, pontua o médico.

A tecnologia foi desenvolvida nos Estados Unidos, pela Angiodynamics, e chegou ao Brasil há cinco anos. Em Goiás, já está disponível há dois anos e, aos poucos, tem ganhado espaço junto às terapias contra o câncer. A enfermeira Alline Cândida, especialista em dispositivos médicos hospitalares da TopMed, empresa que representa a Angiodynamics na região Centro-Oeste e no Distrito Federal, informa que o procedimento já consta Agência Nacional de Saúde Suplementar, órgão responsável por gerir os planos de saúde e convênios no Brasil. “Esse é o primeiro para que o paciente tenha cobertura dos planos de saúde para , se ele for prescrito pelo médico, e inclusive em Goiânia ele já está listado em alguns”,  informa.

Ela lembra ainda que por reduzir significativamente o tempo de internação, além de trazer qualidade de vida para os pacientes que são submetidos à ablação por micro-ondas, a difusão dessa tecnologia pode inclusive aumentar a oferta de leitos, especialmente na rede pública de saúde. “Na comparação com a cirurgia aberta, observa-se redução significativa dos custos globais”, destaca a enfermeira.

Capacitação

O médico Bruno Vidal lembra que a disseminação da terapia depende também da disponibilidade de profissionais capacitados, com treinamento específico para realização do procedimento em Goiás. “Além da residência em Radiologia, é preciso realizar a subespecialização em Radiologia Intervencionista e obtenção de título junto a Sociedade Brasileira em Radiologia Intervencionista (SOBRICE). Atualmente a maior concentração destes profissionais encontra-se nas regiões Sul e Sudeste do Brasil”, ponderou.

Apesar de ter seu uso aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só em 2018, a ablação por micro-ondas é uma tecnologia médica já utilizada desde 1990 em vários países e com sucesso no tratamento de lesões tumorais em diversos órgãos. Os dois primeiros procedimentos de ablação por micro-ondas no Brasil, sendo um de lesão pulmonar e outro de lesão hepática, foram realizados em maio de 2019 no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

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