Trabalho voluntário é diferencial no currículo e pode abrir portas para emprego

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O jovem advogado Mateus de Lima Costa Ribeiro, de 19 anos, chamou a atenção do país recentemente, ao se tornar o mais novo a ser aprovado para o mestrado de Direito na Universidade de Harvard (EUA). Mateus, que já havia batido outro recorde no ano passado, por ser o advogado mais jovem a fazer uma sustentação oral perante uma Suprema Corte, tem um histórico de dedicação aos estudos e também ao voluntariado.

O trabalho voluntário como defensor público foi considerado diferencial para que o advogado conseguisse a tão disputada vaga em uma das universidades mais prestigiadas do mundo. “Eles são preocupados em saber se vão formar cidadãos de fato. Pessoas comprometidas em melhorar seu país e o mundo. Selecionam seus alunos levando em consideração quem já colaborou”, afirmou Mateus, em entrevista a uma emissora de televisão.

Há algum tempo, o trabalho voluntário tem ganhado espaço na comunidade, em instituições de ensino e em ambientes corporativos, e, a cada dia, é mais valorizado por empresas que buscam funcionários comprometidos com o sentimento de trabalho em equipe, de auxílio e respeito aos colegas, e compreensão das necessidades do próximo. Ter no currículo trabalho voluntário pode, inclusive, servir como critério de desempate.

“O profissional que pratica o trabalho voluntário é muito bem visto. Quando você tem uma pessoa que se doa para os outros isso se revela em uma pessoa que vai se preocupar com o outro, com as pessoas que trabalham com ele. Mostra que é uma pessoa menos egoísta, menos egocêntrica, e que valoriza os colegas e o trabalho em equipe. Isso é fundamental para as empresas. E pode funcionar como um critério de desempate, principalmente se a empresa onde ele está buscando a vaga seja uma empresa que esteja dentre as melhores para se trabalhar, que tenha uma área de responsabilidade social e de sustentabilidade”, explica a ex-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, palestrante sobre clima organizacional, Dilze Percílio.

O trainee em gestão pública Thales Dias constatou a importância de ter se dedicado ao trabalho voluntário no momento em que pleiteou a vaga que ocupa hoje. Ele foi um dos milhares de estudantes auxiliados pela ONG Junior Achievement, que ajuda jovens do mundo inteiro a entender e praticar conhecimentos sobre educação empreendedora, e também atuou como voluntário naquela entidade. “Sempre que participava de alguma entrevista, eu destacava que integrei os programas da Junior e atuei como voluntário. E nos processos seletivos isso era visto com muito bons olhos”, relembra.

“Se é uma empresa que tem essa cultura, essa preocupação social com o impacto que ela tem na sociedade, uma preocupação efetiva de gerar emprego e renda, ter o trabalho voluntário no currículo é um grande diferencial”, acrescenta Dilze. Ela afirma que essa crescente valorização está muito ligada ao fato de que as empresas perceberam que não existe separação do lado profissional do pessoal. “A pessoa carrega consigo o eu pessoal e o eu profissional o tempo todo. Logo, as boas características pessoais vão influenciar muito no trabalho. As empresas constaram isso”, observa.

As qualidades encontradas nas pessoas que praticam voluntariado passaram a ser reconhecidas pela empresa na qual a coordenadora de recursos humanos Darlene Carvalho atua. Além de observar o currículo do candidato, a empresa também bonifica o funcionário que pratica trabalho voluntário. Ele ganha 0,5 pontos extras na nota de avaliação de desempenho, que resulta no pagamento sobre a participação de resultados.

Intercâmbio

A administradora de empresas Raquel Canella conseguiu uma bolsa de estudos no Reino Unido e, para viabilizar a estadia, buscou participar de uma seleção como co-worker (apelido dado para o termo “colega de trabalho”, para designar pessoas que trabalham sem vínculo empregatício), no Instituto Camphill Communities. O trabalho voluntário foi fundamental para que conseguisse a vaga.

“Pelo fato do ethos da instituição estar ligado à valorização de pessoas de livre iniciativa, ter sido voluntária na Junior Achievement foi um diferencial. No Reino Unido o sistema de referências profissionais e pessoais são, em muitos casos, mais valorizados do que o currículo que o candidato possui. Por isso, dar referências e mostrar para eles como se constitui seu projeto de vida, os ajuda a compreender um pouco mais de como o candidato se portaria no desempenho das atividades, caso seja eleito para ocupar a vaga”, conta. A Junior Achievement possui 600 voluntários em Goiás, dos quais 80% são do ramo corporativo.

O voluntariado

“As pessoas atribuem muito o trabalho voluntário somente a questão de ajudar pessoas que estão em situações de vulnerabilidade. Mas, por exemplo, profissionais que participam de entidade de classe, que dão palestras voluntárias, que se propõem a ser membros ativos de entidades de classe também realizam trabalhos voluntários que são muito reconhecidos pelas empresas e instituições”, pondera Dilze.

Estudos têm comprovado que pessoas que praticam trabalho voluntário se realizam pessoalmente e são, portanto, mais felizes. Dentre outros benefícios estão: evitar depressão, reduzir o estresse, construir relacionamento com novas pessoas, descobrir talentos pessoais e conhecer realidades diferentes.

 

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