Popularmente conhecido como derrame, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte no Brasil e a primeira maior causa de incapacitação. Por ano, segundo dados do Ministério da Saúde, são cerca de 100 mil mortes. E agora durante a pandemia, surge uma nova preocupação: as pessoas estão deixando de buscar ajuda ao apresentarem sintomas de AVC. Outro empecilho é que nem todas as regiões e hospitais brasileiros possuem neurologistas para o atendimento especializado e rápido que faz toda diferença nesses casos.
Buscando solucionar essa limitação, a empresa goiana ConectMed criou o TeleAVC, uma rede de suporte e treinamento avançados para agilizar a tomada de decisão desde o momento que a equipe local identifica um paciente com sintomas de AVC. “O programa permite a rápida comunicação entre a equipe médica hospitalar e nossa equipe de neurologistas para dar uma raramente oferecida fora dos complexos hospitalares de referência. Com rígidos protocolos para tratamento e manejo de emergências neurológicas através de telemedicina, possibilitamos o atendimento especializado para pacientes com suspeita de AVC, 24 horas por dia, 7 dias por semana”, afirma o sócio da empresa Frederico Lopes Moraes.
O programa foi estruturado e é coordenado pelas médicas neurologistas Andreya Cardoso e Aline Neto, membros titulares da Academia Brasileira de Neurologia (AbNeuro). Por ser uma situação relacionada a uma lesão circulatória no cérebro em que ocorre uma redução ou interrupção do fluxo sanguíneo cerebral, o AVC requer um tratamento muito rápido para que o tecido cerebral não seja definitivamente lesado. Se a situação for resolvida ou contida com rapidez, o dano cerebral será menor e a recuperação do paciente será melhor.
“O atendimento de urgência é fundamental no paciente com AVC. Acredita-se que cerca de 2 milhões de neurônios se percam a cada minuto de atraso no tratamento e, por isso esse paciente deve ser priorizado no atendimento quando chega ao hospital. O TeleAVC foi estruturado para que esse paciente seja avaliado pelo neurologista através de vídeo-consulta minutos após minutos sua chegada no hospital. Para que isso seja possível, temos recursos tecnológicos audiovisuais e um treinamento da equipe médica e de enfermagem presencial para oferecer suporte de um neurologista de plantão 24h via telemedicina”, afirma Andreya.
Como funciona?
É feita uma triagem para reconhecimento dos sinais e sintomas que causam suspeita de AVC e, a partir desse reconhecimento, existe um fluxo rápido do paciente através dos diversos setores que incluem atendimento médico inicial, checagem de parâmetros vitais e realização de exame de imagem para começar o tratamento rapidamente. “E esse paciente precisa ser avaliado por um neurologista, que é o especialista quem vai confirmar o diagnóstico de AVC e indicar o tratamento para a recanalização daquele vaso cerebral obstruído”, explica a neurologista Aline.
Recuperação rápida no início dos sintomas
Segundo as coordenadoras do TeleAVC, o tratamento do AVC na fase aguda, ou seja, após poucas horas do início dos sintomas, é considerado um dos tratamentos mais eficazes de toda a medicina. É extremamente gratificante para a equipe de saúde de emergência receber um paciente na cadeira de rodas e presenciar a recuperação de todos os seus movimentos minutos após o tratamento. Hoje, o AVC não é mais considerado como sinônimo de doença com sequela.
“Temos que educar toda a população para o reconhecimento dos sinais de AVC, para que saibam procurar ajuda imediata no hospital. Os sinais de alerta são perda súbita da fala, dificuldade para compreender ou andar, formigamento, desequilíbrio, dor de cabeça ou alteração repentina da visão. Mesmo no atual momento de Pandemia, o AVC é uma emergência médica. O paciente com suspeita de AVC não deve ficar em casa. Diante de sintomas de AVC, o risco de uma lesão circulatória cerebral deixar sequela é muito maior que os malefícios da Covid-19”, finaliza a neurologista Andreya.
Hospital Evangélico Goiano já conta com o TeleAVC
Em Anápolis, o serviço é oferecido em parceria com o Hospital Evangélico Goiano. Para Ernei de Oliveira Pina, diretor executivo do HEG, o momento da pandemia exige o uso de tecnologias para que a população seja assistida no momento em que precisa de atendimento médico: “quando não identificado rapidamente, o AVC pode levar à morte ou deixar sequelas irreversíveis. Essa parceria com a ConectMed, por meio do TeleAVC, será com certeza um marco na telemedicina nas localidades onde o sistema for implantado”.
** Na foto: Atendimento de telemedicina com neurologista (Divulgação)