Conservar o maior felino do continente americano, suas presas naturais e habitats ao longo de sua área de distribuição. Essa é uma parte da missão desafiadora a que se propõem os biólogos Anah Tereza de Almeida Jácomo e Leandro Silveira, fundadores do Instituto Onça-Pintada (IOP), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) sem fins lucrativos, genuinamente goiana e fundada em 2002, na região de Mineiros (GO). O trabalho é complexo e requer promover a coexistência pacífica dos animais com o homem, por meio de pesquisas e estratégias de conservação.
Suprir as necessidades nutricionais diária dos animais é um dos maiores desafios, inclusive dos filhotes, que precisam ser bem alimentados para que se desenvolvam com saúde. É nessa parte que a São Salvador Alimentos oferece importante contribuição. Desde o início do ano, o IOP é abastecido mensalmente com cargas de 700 quilos de pescoço de frango doados pela São Salvador Alimentos.
“Até cerca de 2 anos atrás, toda manutenção do criadouro era proporcionada por nós. Passamos por um momento difícil, pois a demanda de recebimento e cuidados com os órfãos se fazia crescente e chegamos a pensar que não mais daríamos conta”, lembra-se Anah.
Segundo a bióloga, a partir desse momento o IOP passou a utilizar suas redes sociais para mostrar à população o trabalho desenvolvido pelo Instituto Onça-Pintada, não somente em seu criadouro conservacionista de animais silvestres, mas também no trabalho de conservação na natureza, que foi o foco da criação do instituto. Atualmente, o IOP abriga 24 onças, sendo 7 filhotes de 3 fases diferentes, 4 jovens adultos e 13 adultos. Além desses animais, há 8 lobos guará, 3 harpias, 5 gatos do mato pequenos, 1 irara e 1 jupará, todos carnívoros.
Presidente da SSA, Hugo Garrote afirma que a contribuição da empresa para a preservação de animais em extinção é realizada com muita satisfação.
“É algo que motiva todos os nossos mais de 7 mil colaboradores diretos e terceirizados. O respeito à natureza e ao meio ambiente é um dos princípios que não abrimos mão, além do compromisso social da SSA com as comunidades dos municípios onde atuamos”, diz.
As contribuições, destaca Anah Tereza, são sempre bem-vindas e não somente para a alimentação, mas também para toda a manutenção do IOP e de seu criadouro. Todos os dias, mais animais se tornam órfãos e necessitados de um local adequado para viver. “Focamos em espécies ameaçadas de extinção e também naquelas que quase não há informação na natureza. Assim, estamos sempre precisando de construir ou reformar recintos para abrigar mais órfãos. Mas é muito importante destacar que o nosso ´santuário´ não é um depósito de animais, sem critério. O objetivo principal do criadouro, uma vez que os órfãos estejam abrigados, bem tratados e cuidados, é focarmos nos manejos reprodutivos, sanitário e alimentar das espécies”, enfatiza a bióloga.
O IOP também trabalha no fortalecimento da importância da conservação ex situ, ou seja, realizada fora do ambiente natural da espécie, como uma importante estratégia de conservação, em longo prazo. “Temos o maior e mais saudável plantel reprodutivo de onças-pintadas do Brasil. E qual a importância disso? Garantirmos material genético para futuras ações de manejo na natureza, caso seja preciso”, explica Anah.
Alimentação e origem
Quando ainda são muito novinhos, os filhotes de onça-pintada recebem um leite específico e vitaminas. Nessa fase, o pescoço de frango é moído e oferecido junto com o leite. “E eles adoram! Além de crescerem super saudáveis. Hoje temos filhotes de três faixas etárias distintas que consomem entre 2kg e 4kg de pescoço por dia. À medida que vão crescendo, essa proporção aumenta. “Anah Tereza diz que o pescoço é uma excelente fonte de cálcio, fundamental para o crescimento saudável dos animais. De modo intercalado, também há a oferta de carne bovina, mas nesta fase o uso do pescoço prevalece. “Além do alimento, os animais recebem suplementação de probióticos e vitaminas, entre outros. Os animais jovens e adultos também recebem o pescoço de frango”, acrescenta a bióloga.
Em sua grande maioria, cerca de 95%, os animais que chegam ao criadouro conservacionista do IOP são provenientes do conflito com o homem, informa a bióloga.
“Principalmente as onças, cujas mães são mortas. Já recebemos também animais provenientes de incêndios, como o que houve no Mato Grosso, no ano passado; outros são machucados por máquinas nas lavouras”, exemplifica.
Juntamente com o Instituto Reprocon, especializado em reprodução de onças, o IOP desenvolve um trabalho pioneiro no Brasil. E graças ao manejo adotado, os animais são calmos e por conseguinte possuem uma alta qualidade de sêmen. Para que todo esse importante trabalho tenha continuidade, as doações, como as que são feitas mensalmente pela São Salvador Alimentos, são fundamentais, afirma a bióloga Anah Tereza, que conclui: “Somos porta-vozes dessa grande causa, mas a responsabilidade de conhecer, cuidar e conservar é de todos”, conclama.