Sistema OCB/GO incuba cooperativa de transporte que movimenta R$ 3,6 bi por ano em Goiás

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Coopgo nasceu em dezembro de 2020 para dar novos horizontes aos motoristas de transporte por aplicativo (Crédito da imagem: Freepik/pressfoto)

Primeira empresa concebida no espaço Incubacoop, do sistema OCB/GO, a Cooperativa de Transporte de Passageiros Privado (Coopgo), já nasce com um potencial que impressiona. Apenas em Goiânia e região metropolitana são aproximadamente 40 mil motoristas de transporte por aplicativo, ligados a grandes plataformas multinacionais, que movimentam mais de R$ 10 milhões por dia e R$ 3,6 bilhões por ano. Iniciada com 20 cooperados, seu sistema de cadastro deve ficar pronto até o fim de março, a partir daí a expectativa é que sua base tenha 5 mil profissionais em julho e salte para 10 mil até o fim do ano.

Presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira explica que o Incubacoop é uma estrutura reservada para as cooperativas que estão iniciando, onde recebem apoio operacional e logístico, proporcionando a redução de custos em um momento especialmente sensível, o início das atividades.

“É muito importante que o sistema OCB/GO apoie essas iniciativas que estão começando, porque nesse momento nós assistimos a uma grande mobilização da sociedade para empreender e o modelo cooperativista é uma das boas alternativas de empreendimento que nasce no seio da sociedade e retorna seus resultados para a própria comunidade em que está inserido”, destaca.

Fundada em 1 de dezembro de 2020, registrada na junta comercial em 29 de janeiro e sediada em uma sala do quarto andar do Edifício Goiás Cooperativo, em Goiânia, a Coopgo, acrescenta Luís Alberto Pereira, reúne os motoristas de aplicativos no intuito de fazer compras coletivas e baratear os custos dos motoristas.

“É importante o apoio a essa cooperativa, que pode evoluir no futuro para ter seu próprio aplicativo e ficar independente dos custos que as grandes plataformas cobram. Essa iniciativa é uma inspiração para outras categorias também se organizarem em cooperativas, diminuírem seus custos e repartirem os resultados entre os próprios cooperados”, defende o presidente do Sistema OCB/GO.

Superintendente do Sescoop/GO, Jubrair Júnior informa que um dos principais impulsos que serão dados à nova e promissora cooperativa, já nesta fase inicial, é a oferta de cursos voltados para a capacitação de cooperados, dirigentes e colaboradores. Os cooperados podem usufruir, de pronto, de alguns cursos em EAD, em plataformas disponíveis em níveis estadual e nacional.

” Temos um curso chamado Conhecendo o Cooperativismo, que é muito importante para eles conhecerem o que é o cooperativismo, quais são seus direitos e deveres. Também é muito útil o de finanças pessoais, pois é preciso entender muito bem quais são os custos diários que os motoristas têm e quanto conseguem ter de sobras”, destaca.

Outro curso que se mostra especialmente importante para a atividade, e que traz benefícios para a sociedade, como um todo, é o de direção defensiva.  “É algo muito útil no dia a dia, proporciona segurança para os motoristas e para os usuários. Podemos ainda verificar as necessidades da cooperativa e montar cursos específicos, se necessário. Além de entrarmos com toda essa capacitação, oferecemos também o monitoramento. Fazemos uma análise econômico e financeira do balancete da cooperativa e uma avaliação de gestão e governança, para ajudá-la. Além disso, temos uma parceria com o Sebrae e a Secretaria da Retomada para alguns serviços que podem ser proporcionados às novas cooperativas. É possível, por exemplo, verificar a viabilidade econômica inicial”, informa. 

Marcelo Conrado, presidente da Coopgo, explica que a ideia de criar a cooperativa nasceu de um estudo inicial do Instituto Cidadão Consciente e Participativo (ICCP Brasil), em que se avaliou  a questão da mobilidade urbana e as principais informações sobre o segmento no Brasil.

“Estudos do IBGE, de 2019, revelam que temos cerca de 1,19 milhão de motoristas de transporte por aplicativos no Brasil. É um mercado muito significativo, o segmento mais emprega  no Brasil,  atualmente, até por conta do desemprego, e se mostra como uma solução para quem ficou desempregado e busca uma renda”, informa.

Dificuldades e soluções

Para definir a atual situação de dificuldade por que passa o segmento no Brasil, o presidente da Coopgo lembra que no início das atividades da plataforma a remuneração por quilômetro rodado era muito maior, cerca de R$1,20 por km rodado, mais um valor por minuto de trabalho do motorista. Hoje está em R$0,90 o quilômetro rodado cobrado pelas principais empresas do mercado.

“Quando fazemos o cálculo do custo por km rodado pelo motorista, chegamos a R$ 0, 65,  a R$ 0, 70, o que dá cerca de R$ 0,20 de lucro por quilômetro rodado. Como a média é de 250 a 300 quilômetros rodados por dia, o motorista lucra em torno de 20 mil reais no máximo, por ano, um lucro de R$ 1,5 mil por mês, aproximadamente. Para quem trabalha todos os dias, às vezes 12, 14 horas, é um ganho muito baixo. Por outro lado, o segmento é uma solução muito prática para a questão da mobilidade urbana, facilitou muito, principalmente nesta época de pandemia e pelas dificuldades do transporte coletivo”, compara.

Essas e muitas outras informações foram levadas para o sistema OCB/GO, que comprou a ideia de apoiar a criação de uma cooperativa de motoristas de transporte por aplicativo. A partir de uma série de estudos, criou-se um estatuto e todo o suporte foi oferecido. “Agora que fundamos a cooperativa temos o objetivo de trabalhar para reduzir os custos operacionais, firmando convênios com postos de combustíveis, por exemplo. Já conseguimos alguns descontos consideráveis, pois o motorista de aplicativo é o maior consumidor de combustível da cidade. Unidos num único CNPJ podemos negociar descontos para outros gastos com os veículos. Uma coisa é comprar 4 pneus, outra coisa é negociar 100 mil pneus por ano. E assim queremos fazer com todos os produtos e serviços relacionados à atividade, como troca de óleo, de bateria, alinhamento e balanceamento dos pneus, entre outros”, enumera.

A Coopgo também tem projetos mais ousados para o futuro, o maior deles diz respeito a estudos e tratativas sobre a aquisição de veículos elétricos por parte dos motoristas. Caso venha a se tornar realidade, os custos de operação poderiam ser reduzidos significativamente, já que o combustível representa uma das maiores despesas para a categoria.

“Começamos a fazer um estudo de viabilidade econômica e isso tem se mostrado muito interessante e despertando o interesse, também, de autoridades públicas e agentes do setor produtivo. Essa alternativa ainda representaria um ganho considerável para sustentabilidade ambiental, com a redução da poluição,” projeta Marcelo Conrado.

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