Só no Brasil, a estimativa é de que cerca de 175 mil toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano, dos quais apenas 20% são reutilizados ou reciclados. Os dados globais também impressionam: segundo estudo da fundação britânica Ellen MacArthur, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecido é queimado ou descartado em aterros. Isso representa 500 bilhões de dólares jogados fora e a emissão de 1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa por ano.
Por isso, procurar alternativas que causem menos danos ao meio ambiente está literalmente, na moda. Isso porque algumas pessoas e empresas vêm reformulando seus padrões e investindo em produtos que sejam produzidos com base na sustentabilidade social e ambiental. Com esse pensamento surge um novo conceito: a moda sustentável, que defende a redução dos poluentes na produção de roupas, sapatos e acessórios, impactando o mínimo possível no ecossistema.
Uma das vertentes da Moda Sustentável é o mercado de roupas usadas. Em 2018, ele movimentou cerca de 24 bilhões de dólares no mundo. A expectativa é dobrar o faturamento em até quatro anos. Aqui no Brasil, os brechós atraem cada vez mais clientes. “Comprar em brechós e lojas de segunda-mão, participar de feiras de troca ou até mesmo organizar uma festa para fazer escambo de roupas com as amigas são opções muito válidas para quem está se esforçando para praticar um consumo mais consciente. Afinal, a peça sustentável também é aquela que já existe”, comenta a professora de Design de Moda da Faculdade Estácio de Goiás, Suely Calafiori.
Outra forma de ser sustentável é por meio do Upcycling, que é uma maneira de customizar roupas, porém leva em consideração muito mais do que apenas transformar uma camiseta velha ou um jeans que está parado no armário há algum tempo. “Upcycling traz um novo conceito e propósito para materiais que seriam descartados, agregando valor com criatividade. Não tem a ver com reciclagem de materiais, pois ela muitas vezes envolve conversão de materiais em produtos de menor qualidade. Nessa técnica é dado mais valor aos produtos em desuso com o intuito da continuidade do ciclo de vida do produto”, explica Suely.
E como podemos aderir à moda sustentável? Confira as dicas que a professora da Estácio separou:
– Não compre roupas toda hora. É sempre bom pensar qual será o aproveitamento dessa peça no seu guarda-roupa. Questione-se, eu preciso realmente dessa roupa?;
– Faça combinações diferentes com as roupas que já tem, seja criativo;
– Opte por comprar em brechós. Hoje há uma variação enorme de opções, como lojas online, de marcas conhecidas, vintage, entre outros;
– Quando não quiser mais, não jogue fora! Doe para alguém que precisa, faça uma feira de trocas, venda para algum brechó ou reforme sua roupa criando uma nova peça;
– Escolha marcas de moda sustentável, no mercado já é possível encontrar uma grande variedade;
– Quando for comprar novas peças é bom sabermos de onde ela vem, qual seu tempo de vida, quem fez essa roupa, se vai poder usar mais vezes ou se é difícil de lavar ou passar.