A arte quando encarada como um trabalho ou negócio parece algo muito difícil, às vezes inatingível, uma jornada incerta, um caminho de altos e baixos, o que não é muito diferente de qualquer outro empreendimento que se ouse fazer neste País. Ganhar a vida com a própria arte já costuma ser uma grande recompensa, mas nem só de talento e aplausos vive o artista.
Para a consultora em gestão e atendimento Fernanda Fleury, uma das principais dificuldades de quem empreende neste campo é entender que a arte pode sim ser um negócio, inclusive rentável, se bem administrado. “Os artistas são muito focados na criação, o que de certa maneira é natural. Mas se alguém resolve fazer da sua arte um negócio, não pode esquecer da parte tocante aos processos administrativos que toda empresa tem. Por isso, uma visão de fora, de alguém que não é um artista, mas traz seu conhecimento técnico, pode ajudar muito empreendedores da arte”, sugere a especialista.
Reuniões de planejamento, planilhas, vendas, gestão de custos, ações de marketing, contas a pagar e a receber são todos elementos que, de fato, não costumam lembrar um ambiente artístico, mas isso não significa que tais itens não façam parte da rotina de uma empresa que tenha a arte como produto, como esclarece Fernanda Fleury. “Quem empreende nesse universo da arte precisa sim se qualificar continuamente e profissionalizar o seu negócio, principalmente sob o ponto de vista de gestão”, é o que orienta.
Conforme a especialista, a adoção de métodos do mundo dos negócios ajuda o profissional da arte a se dar bem em seu respectivo mercado. “Um artista empreendedor é aquele que busca maior produtividade, autonomia na manutenção do seu negócio, consegue estabelecer para seus clientes valor em seu produto de maneira justa e que entende que o marketing no mundo da arte também é essencial”, explica Fernanda.
Artista empreendedor
Apesar de se considerar um empreendedor da arte, o artista de rua Homero, criador da marca Coração de Rua, conta que precisou se qualificar como gestor de seu negócio e de seus projetos. “Busquei uma consultoria para me orientar o melhor caminho sobre como abrir uma empresa, contratar pessoas, elaborar métodos e processos, divulgar meu trabalho com estratégias bem estabelecidas e precificar minhas produções”, explica Homero, ao reconhecer que a capacitação em gestão é importante a qualquer empreendimento, os ligados a arte inclusive.
Um bom negócio
Para a consultora Fernanda Fleury, que tem auxiliado Homero em seu mais novo projeto, a implantação de um espaço de arte e galeria em Goiânia, qualquer modalidade artística pode sim virar um bom negócio, com potencial de rentabilidade, com um mercado promissor, e o mais importante: sem esquecer da arte. “Ao trabalhar com o Homero, percebi que os artistas podem e devem empreender sem abrir mão de sua liberdade criativa, de sua essência e originalidade”, afirma.
Segundo Homero, as orientações em gestão dadas por Fernanda Fleury têm sido fundamentais para implantação de seu novo projeto: O Art Space Goiânia, um espaço múltiplo de arte e aprendizado que funcionará como ecossistema da arte, aberto a afiliação de artistas emergentes, capacitação de jovens e disponível ao público para exibições e círculos criativos em circuitos gratuitos e culturais.
A inauguração da galeria, que conta também com o Gratidão Cafés Especiais, ocorreu no último dia 2 de julho. “Este lugar é fruto da minha missão como artista para acelerar a conexão entre nós através da arte, é esse o objetivo do projeto que estamos construindo. São vários profissionais e artistas envolvidos onde a consultoria da Fernanda fez total diferença em nosso ideal de empreendimento. Estamos criando um local de encontro que proporcione o desenvolvimento e reflexões baseadas na arte, na aprendizagem e na formação de futuros artistas. No meu ponto de vista, a arte é a última ferramenta que ainda podemos usar para fazer verdadeiras mudanças no mundo e nas pessoas ”, revela.
* * Na foto: Homero em frente ao espaço Coração de Rua Artspace Goiânia (Rafael Olanda/Divulgação)