Por que sua empresa deveria estar construindo startups?

Você está visualizando atualmente Por que sua empresa deveria estar construindo startups?
Freepik

Por Danilo Brito 

Pedro Waengertner, fundador da ACE, tem uma provocação instigante: “Mate seu próprio negócio”. Pode parecer contraintuitivo à primeira vista, mas a essência desse pensamento é crucial. Seu negócio pode estar próspero hoje, mas e amanhã? A Netflix é um exemplo emblemático: compreendeu que seu modelo estava fadado a se tornar obsoleto e corajosamente reinventou-se para garantir seu futuro.

Com a evolução acelerada da inteligência artificial, nos vemos questionando diariamente: os empregos de hoje existirão amanhã? E as empresas?

A resposta pode estar na ideia de uma organização ambidestra.

Empreendedores estão familiarizados com a dualidade entre explorar o modelo existente (“exploração” no sentido tradicional) e inovar (“exploração” no sentido de buscar o novo). Contudo, o entendimento desse poder muitas vezes não se traduz na prática.

Uma organização ambidestra é aquela capaz de operar eficientemente no modelo tradicional, buscando aprimoramentos contínuos, enquanto investe em mudanças e inovações. Mantém estabilidade e eficiência, mas avança constantemente em direção ao desenvolvimento e à liderança de mercado.

As três abordagens da ambidestria

O desafio principal reside na administração da relação entre a startup corporativa e a empresa-mãe. A ambidestria organizacional é o processo de otimizar o negócio existente e criar novos, e há três formas de organizá-la:

  1. Separação Estrutural: Estabelecer duas estruturas distintas, uma focada na exploração do negócio existente e outra na exploração de novas oportunidades. Cada unidade segue uma abordagem gerencial específica ao seu contexto.
  2. Separação Temporal: Alternar períodos de “exploração” e “exploração intensiva”. Durante fases de ruptura, a empresa foca na exploração; em momentos de maturação, concentra-se no negócio-mãe.
  3. Separação Contextual: Criar um ambiente interno que incentive equipes a dedicar tempo tanto à exploração quanto à exploração intensiva. Aqui, as pessoas realizam ambas as atividades simultaneamente.

O conceito de corporate venture building

De forma simplificada, é a prática de criar e desenvolver um novo negócio, independente ou complementar ao core business, a partir de uma companhia-mãe. Essa iniciativa atua como um hub para inovações externas, seguindo o processo das venture builders ou ‘fábricas de startups’.

Corporate Venturing: Estratégias para desenvolver novos negócios

Os incumbentes têm três formas de se organizar para criar “startups corporativas”:

1 – Corporate Venture Externo – CVE: Envolve novos negócios criados por partes externas à organização, posteriormente investidos ou adquiridos. Pode ser feito por meio do investimento minoritário em startups independentes, assim como por meio de joint ventures com outras empresas. O CVE resulta na criação de estruturas autônomas ou semi autônomas fora da estrutura da empresa e, por isso, permite acessar novos conhecimentos e desenvolver novas competências.

2 – Corporate Venture Interno – CVI: Foca na criação de negócios desenvolvidos internamente, de propriedade da corporação, que residem na estrutura corporativa vigente. Os negócios são criados e alocados dentro dos limites da firma, ainda que sejam operados de maneira semi autônoma. É uma forma interessante para desenvolver novas capacidades e gerar resultado alavancando recursos existentes em novos contextos.

3 – Corporate Venture Building – CVB: Combina recursos internos e externos para desenvolver novos negócios. Nesse modelo, times internos, um empreendedor residente e times externos colaboram para criar e escalar novos negócios em que o incumbente será controlador. O tema tem sido bastante discutido. O CVB é uma nova forma de fazer venturing dentro de grandes empresas no modelo que Edward B. Roberts chamou de “new style ventures” nos anos 1980.

Funciona o Corporate Venture Building?

Segundo a McKinsey, 52% dos gestores executivos veem a criação de novos negócios como a melhor estratégia para crescer pós-pandemia.

A “nova era da inovação” que a McKinsey nomeia é impulsionada por essa abordagem. Empresas como a BCG Digital Ventures, pioneira na Europa, indicam que aproximadamente 90% das 150 empresas construídas por sua equipe sobreviveram.

No entanto, como destaca um dos sócios, “um grande fundador é apenas um aspecto da criação de uma grande startup. Você também precisa de uma grande ideia, uma equipe forte e ótima execução”.

A demanda por profissionais capazes de criar novos negócios internos está crescendo rapidamente, refletindo a importância dessa abordagem.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Danilo Brito

Estrategista sênior na QTC.ONE.
Conduzo empresas a entregar serviços mais relevantes para as pessoas, rentáveis ​​para o negócio e sustentáveis ​​para o planeta.

Deixe um comentário