Por que o brasileiro não gosta da Bolsa de Valores?

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Para muitos brasileiros, a palavra “Bolsa de Valores” causa arrepios. O motivo disso é o excesso de risco que a aplicação em ações representa para o bolso. O sobe e desce – valorização e desvalorização – faz com que muita gente não tenha coragem de investir dinheiro nessa modalidade. “O brasileiro tem uma visão negativa sobre o risco e é imediatista quando o assunto é retorno de aplicação”, explica Gibran Estephan, diretor da TG Core, gestora independente de fundos de investimento.

Porém, neste ano a Bolsa de Valores (hoje B3) atingiu um feito histórico: atingiu a marca de um milhão de investidores pessoa física, mostrando que, de forma lenta, a bolsa está se tornando uma opção de investimentos, principalmente em um momento no qual a taxa Selic está em 6,5% e rende juros mínimos para aplicações mais conservadoras. “Isso está fazendo as pessoas saírem da zona de conforto e se arriscarem em aplicações um pouco mais agressivas”, enfatiza Estephan.

Em 2009, o presidente da BMF & Bovespa – nomenclatura da bolsa de valores de São Paulo naquela época – fez uma previsão da presença de cinco milhões de pessoas físicas investidoras na bolsa até 2014, algo que não aconteceu. Gibran atesta dois fatores que influenciam nessa distância de investimentos em ações, além da aversão ao risco: a falta de educação financeira, a cultura de baixo retorno financeiro das aplicações.

A falta de conhecimento sobre como funciona o mercado financeiro deixou muita gente de fora da realidade do universo das ações. “A geração anterior não tinha a facilidade de acesso às informações sobre como aplicar na bolsa e seu mecanismo de funcionamento. Como é uma modalidade que é preciso conhecimento para operar, acabou limitando a entrada de mais pessoas”, analisa.

No entanto, para a geração atual, que compreende os Millenials até a geração Z, o acesso à informação se tornou abundante por conta da internet. “Graças aos canais de educação financeira que hoje são bastante populares, à cadeia de planejadores e assessores financeiros, as pessoas conseguem dar seu primeiro passo para se tornarem investidores de ações”, diz Gibran. “Hoje é possível administrar as ações na Bolsa pelo celular”, complementa.

A cultura do baixo risco, de pouca perda, fez o brasileiro se tornar adepto de aplicações conservadoras como poupança e fundos DI. “O brasileiro se acostumou a receber 1% de rentabilidade ao ano, enquanto o patamar da Selic conseguia entregar isso. No entanto, com as quedas sucessivas da taxa, essas alternativas não se tornaram mais atrativas e as pessoas começaram a perder o medo e ir para a o mercado de ações”, avalia Estephan.

Gibran destaca que atualmente a porta de entrada para o mercado financeiro pode ser por meio de produtos menos voláteis, como é o caso dos fundos de investimentos imobiliários. “São mais estáveis e tem menos oscilações”, diz. A escolha por um gestor para cuidar dessas aplicações também pode ser uma alternativa. “Muita gente alega falta de tempo para fazer a gestão de seus ativos. Pode entregar isso na mão de um fundo de investimento de ação, uma pessoa especializada que tem como trabalho te entregar o melhor retorno. Essa modalidade cresceu significativamente nos últimos anos”.

Diretor da TG Core,  Gibran Estephan (Divulgação)

Sobre a marca dos cinco milhões, Gibran acredita que o caminho ainda será longo para chegar a esse montante. “Se não houve estímulos para incentivar a educação financeira e a taxa de juros voltar a subir, as pessoas voltam para suas aplicações conservadoras”, prevê.

 

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