Se você tem um negócio e ainda não tem um planejamento estratégico para os próximos anos, provavelmente está atuando no mercado sem um direcionamento. O documento norteia os caminhos que serão percorridos durante a trajetória profissional, indica como a empresa quer se portar e quais objetivos são necessários buscar em um futuro próximo. Mas como fazer o planejamento estratégico?
De acordo com Max Schaefer, head da Smart Boss, empresa goiana que atua com a assessoria para implantação de planejamento estratégico, o primeiro passo é identificar o propósito da empresa. Segundo o especialista, muitas vezes as empresas se desconectam das suas atividades fins e, com isso, perdem o foco, a objetividade e, em consequência, diminuem seus resultados. O planejamento estratégico bem estruturado contribuiria para orientar a empresa, de relembrar sua razão de existir.
De acordo com Max Schaefer, a partir da definição do propósito, é possível identificar a missão e a visão da organização. “Visão é definida muito em função de onde ela quer chegar, qual é o principal objetivo, em termos temporais, métricos, seja qualitativo ou quantitativo. Missão é identificar porque a empresa está ali, qual a finalidade como empresa, principalmente, o que se propõe a fazer do ponto de vista de sociedade, mercado, cliente e tudo mais”, explica.
O diagnóstico seria uma etapa seguinte para estruturar o planejamento estratégico. Para isso, é comum se utilizar a matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats), que em português analisa as Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças de uma empresa. “Analisamos os principais pontos de mercado, dentro do que chamamos de brainstorming. Todos os líderes e pessoas interessadas da empresa discutem sobre o que são bons, o que precisam melhorar. Muito recomendado que esse momento seja feito com uma empresa de consultoria ou com um agente externo, pelo fato desse profissional não estar envolvido diretamente na operação e ter habilidade de mediação desse tipo de mercado”, explica o head da Smart Boss.
Metodologias
Com as etapas acima definidas, já é possível verificar uma identidade organizacional. Para continuar o desenvolvimento do planejamento estratégico, é preciso optar por mecanismos ou metodologias, entre as diversas existentes, que serão importantes para definir objetivos estratégicos, metas e indicadores, como o Gerenciamento Por Diretrizes (GPD), a matriz Boston Consulting Group (BCG), Objectives and Key Results (OKR) e Balanced Scorecard (BSC). Esta última é uma especialidade da Smart Boss, que nos últimos dois anos realizou a elaboração de mais de 30 planejamentos estratégicos, com alto nível de assertividade e experiência de mercado.
A metodologia BSC aposta na divisão de quatro perspectivas organizacionais: a primeira é financeira. Segundo Max Schaefer, é preciso ter métricas bem alinhadas, do ponto de vista financeiro, para que a empresa tenha previsibilidade. A segunda perspectiva seria relacionada ao mercado, quando seria necessário ter objetivos estratégicos bem definidos. A terceira seria relativa aos processos internos, à sustentação para toda a estratégia empresarial. Já a quarta perspectiva é ligada às pessoas e seus aprendizados. “Tudo ocorre por meio das pessoas, não adianta querer dobrar o número de funcionários da empresa se não investe em capacitação para o número atual, por exemplo. Todo esse guarda-chuva, alinhado com propósito, missão e visão, tem de estar de acordo com valores organizacionais”, ressalta o head da Smart Boss.
A partir das perspectivas, é formado o mapa estratégico – fotografia do que a empresa vai seguir, no horizonte pré-definido, e também estabelecidos os objetivos estratégicos. São, então, elencados o “como”, a métrica, o responsável e as metas (goals) da organização. Ainda são definidos os planos de ação, como desdobramentos dos objetivos estratégicos. “Por exemplo, eu tenho o objetivo de ter um aumento de faturamento X, eu digo como eu vou ter esse aumento por meio das ações de prospecção, das ações de novos clientes, novos negócios. Tudo isso são planos de ações para realizar o objetivo”, explica Max.
Ainda segundo o especialista, para aplicar o plano de ação são utilizadas ferramentas, como a 5W2H – conjunto de questões utilizado para compor planos de ação. A Smart Boss também desenvolveu a BAP (Barreira, Ascensão e Práxis), que simplifica o plano de operação e o torna mais viável. Do ponto de vista de conceito, também apresenta a metodologia SMART como opção – de gerenciamento de negócios desenvolvido, por Peter Drucker, visando desenvolver coerência entre as metas estratégias e o desenvolvimento do negócio para melhoria de produtividade. Também é sugerido o acréscimo de ações BOSS – remete ao ponto máximo diretivo da empresa e sua contribuição nos aspectos estratégicos do negócio.
“O mercado está em um nível de dinamismo que lhe obriga a tomar decisões muito rápidas. Então, os ajustes em termos de estratégia, planejamento e ação, por mais que tenha o fortalecimento por meio de metodologia, ele tem de ser diretivo, rápido e assertivo. Essa é a base que premeia os principais pontos para conseguir manter a empresa no caminho certo. E o resultado disso sempre tem de significar aumento de resultado, de prosperidade, algo relevante no cumprimento de objetivos”, indica Max Schaefer.
Outras opções
A fundadora e CEO da Holanda Apoio Empresarial, Denise Pinheiro, detalha ainda suas impressões para quem opta pelos métodos de planejamento estratégico GPD e OKR. Segundo ela, o GPD é um método fácil de processar, capaz de envolver toda a organização, desde o Conselho de Sócios até o chamado “chão de fábrica”, em uma estrutura simples de compreender e de medir resultados e corrigir desvios. “Isso traz mais comprometimento de todos os níveis da empresa e foco na solução de gargalos que tiram eficiência dos resultados”, afirma.
Como o próprio nome aponta, O GPD é uma metodologia de desdobramento das diretrizes de uma empresa. As metas anuais da organização são desdobradas e funcionam como os pontos de partida para os trabalhos. “Como o foco do GPD é qualidade total, os resultados perseguidos pela empresa acabam olhando o negócio como um todo, girando em PDCA (Plan-Do-Check-Act) contínuo”, informa Denise.
Já o método OKR ou “Objetivos e Resultados-Chave”, em português, na opinião da CEO, é mais uma inspiração do que uma realidade nas empresas no Brasil. “Exige uma disciplina e um nível de maturidade de gestão tanto dos líderes como das próprias equipes, ainda um pouco distante de empresas tradicionais. Em síntese, o OKR exige que as próprias equipes consigam definir seus objetivos e como serão implementados e medidos com a maior simplicidade possível. Que eu saiba, somente o Exército Brasileiro implementa essa metodologia com sucesso no país. Mas, como eu disse, é para se inspirar e as equipes mais desenvolvidas dentro das organizações fazem muito bem por começar, ainda que aos poucos, a acompanhar seus planos estratégicos nesse método”, acredita.
Denise Pinheiro afirma que o planejamento estratégico é essencial para que uma empresa se analise, corrija seus problemas e cresça. “Em contrapartida, nossos empresários ainda têm pouco contato com metodologias eficientes e, muitas vezes, ou o processo para no meio do caminho, por ser muito complexo, ou é abandonado por falta de comprometimento. Aplicar GPD me parece o formato mais eficiente para evitar esse problema, e desenvolver o acompanhamento via OKR é a via mais rápida para melhorar o nível dessa gestão”, ressalta a CEO da Holanda Apoio Empresarial.
Onde encontro capacitação sobre planejamento estratégico?
A Holanda Apoio Empresarial e o Instituto Foco de Pós-Graduação (IFPG) desenvolvem curso de Planejamento Estratégico para a capacitação prática de executivos e empresários de empresas de pequeno e médio porte (PME). No curso são apontadas as diferenças entre os métodos BSC, GPD e OKR, e são apresentados os conceitos de planejamento estratégico e suas ferramentas à realidade prática das PMEs. Também são mostrados estudos de cases de sucesso e dinâmicas de uso real das ferramentas. Mais informações em www.ifpg.com.br.