Por Marcos Freitas Pereira
Recentemente foi divulgado o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil de 2022. O PIB em 2022 teve um crescimento de 2,9%. Contrariando previsões do Ministro da Economia do governo anterior, o PIB ficou abaixo do crescimento mundial. Entre as 53 nações na pesquisa, o PIB do Brasil ficou em 35º. lugar em crescimento.
Por outro lado, o crescimento foi bem superior as projeções do início do ano de 2022 realizado pelo mercado financeiro, através da pesquisa do Banco Central, Focus. A previsão do início do ano era de um crescimento de 0,36%.
O crescimento de 2,9% foi alavancado pelo crescimento do consumo das famílias de 4,3% provocando um crescimento da oferta do setor de serviços de 4,2%. Evento compreensível pois o setor de serviços foi o último a ser recuperar após pandemia. Esse setor tem a presença física das pessoas como fundamental para a sua operação.
Não foi por acaso o crescimento do consumo das famílias, o ano de 2022 foi um ano eleitoral e foi marcado por um grande volume de gastos do governo, desde gastos com o assistencialismo, como também, com investimentos públicos, principalmente no 3º. trimestre do ano.
Porém, no 4º. trimestre, cessados os gastos governamentais, após a eleição, a economia sentiu o baque e reduziu em 0,22%, depois de 5 trimestres de crescimento, acendendo o sinal amarelo e já projetando queda no 1º. trimestre de 2023, com isso poderemos entrar em um processo de recessão.
O que esperar para 2023? O que o mercado financeiro está dizendo e quais as ações do atual governo para incentivar o crescimento do PIB?
Primeiro vamos falar das projeções do mercado financeiro, o tal mercado, o todo poderoso, o sabedor de tudo, o que conduz os economistas/jornalistas neoliberalistas. Antes de entrarmos em 2023 vamos ver o que aconteceu com as previsões do mercado financeiro e os resultados realizados efetivamente.
Em 2020, em meados de março, já no início da pandemia o mercado financeiro projetava uma queda do PIB de 5,89%, o realizado foi de uma queda de 3,3%. Já no início de 2021 a previsão era de um crescimento de 3,45%, o realizado foi de 5,0%. Em 2022 o previsto foi de 0,36% e o realizado, como visto acima, foi de 2,9%. Portanto, o mito do mercado financeiro errou significativamente nos últimos três anos, e errou sempre para baixo, ou seja, sempre uma visão pessimista sobre a economia real.
E para 2023, a previsão do mercado é de um crescimento de 0,84% O que podemos esperar realmente para 2023 em contraste com as previsões do mercado financeiro?
Vale ressaltar que as dificuldades que o mercado financeiro tem em projetar a variação do PIB estende-se também em projetar a variação da inflação, em menor intensidade, e, portanto projetar as taxas de juros. O problema central é de que o Banco Central basea-se para projetar e fazer gestão das taxas de juros nessas projeções do mercado financeiro.
Atualmente a taxa de juros de 13,75% ao ano inclui uma taxa de juros reais de aproximadamente 8% inviabilizando os investimentos produtivos e inviabilizando o consumo, principalmente de bens duráveis.
Em contrapartida a essas taxas de juros inadmissíveis, o governo lança medidas que possam de um lado aumentar o consumo das famílias, e de outro lado, aumentar a oferta de emprego.
Medidas como aumento real do salário-mínimo e aumento da tabela do imposto de renda pessoa física, vão colocar no mercado de consumo algo em torno de R$ 20 bilhões. Outras medidas como o relançamento do projeto Minha Casa minha vida, além, de colocar no mercado mais alguns bilhões de reais no consumo, gerará empregos no setor da construção civil, sem falar, na retomada do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).
Com essas medidas acreditamos que o PIB de 2023 será igual ou maior do que o PIB de 2022, na pior das hipóteses maior do que a previsão do mercado financeiro, contrariando pelo quarto ano consecutivo as suas previsões.
Mais um ano que PIB pode ter o seu crescimento baseado no consumo da família e no consumo do governo. Esse crescimento não é sustentável no longo prazo, pois, pode trazer o maior uso da ocupação ociosa da economia e em consequência inflação de demanda. O ideal que esse crescimento seja acompanhado pelo crescimento dos investimentos privados e público, ou seja, das indústrias, das áreas produtivas aumentando a oferta de produtos e serviços e investimentos na infraestrutura do país.
Porém, para isso é imprescindível que as taxas de juros recuam para um patamar civilizatório, onde o empresário consiga obter lucros maiores do que as taxas de juros do mercado, só assim eles investirão, caso contrário, nada melhor do que aplicar nos títulos da dívida pública do governo federal.
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Natural de São Paulo, Marcos Freitas Pereira acumula mais de 25 anos de experiência de mercado. Doze destes anos foram como administrador em cargos de comando na Pousada do Rio Quente Resorts.
Exerceu as funções de Gerente de Orçamento e Finanças, Controller, Diretor Estatutário Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com o Mercado. Além disso, dois anos como Diretor Superintendente, principal executivo da empresa.