Os líderes brasileiros seguem atentos e devem investir na proteção cibernética de suas empresas. Esse é um dos resultados da mais recente edição da pesquisa Digital Trust Insights, da PwC Brasil, lançada nesta semana. De acordo com o estudo, 75% dos executivos brasileiros devem aumentar gastos com cibersegurança em 2023. O percentual está acima da média mundial, que é de 65%. O levantamento ouviu 3.500 lideranças de TI e de negócios do mundo todo, incluindo o Brasil.
“No Brasil, a alta administração tem dado maior atenção à cibersegurança, possivelmente, em virtude de episódios emblemáticos de grande repercussão. Os investimentos nessa direção têm surtido efeito, afinal mais de 70% dos nossos entrevistados no Brasil e no mundo apontam melhorias na segurança cibernética em 2022”, comenta o sócio da PwC Brasil, Eduardo Batista.
Ainda que a proteção cibernética seja um ponto essencial, a pesquisa revela outro dado que merece atenção. Menos de 40% dos entrevistados no Brasil e no mundo dizem ter mitigado totalmente os riscos a que ficaram expostos durante a pandemia de covid-19. Além disso, 72% dos entrevistados no Brasil e 71% no mundo detectaram alguma ameaça cibernética significativa para os negócios. Contudo, foi possível impedir que as operações fossem afetadas.
“O cenário de ameaças cibernéticas é extremamente dinâmico com novos agentes e ataques ocorrendo a cada minuto. É preciso investir muita energia para acompanhar e combater os principais algozes. Aqui no Brasil, por exemplo, no topo da lista das preocupações para 2023 estão, nessa ordem: atividades ciber criminosas; hacktivistas/hackers; concorrentes; aplicativos da web; e dispositivos móveis”, explica Eduardo Batista. O sócio acrescenta que as ameaças na nuvem aumentaram em quase 40% nas empresas no Brasil e no mundo.
Apesar do crescente aumento e sofisticação dos ataques cibernéticos serem realidades globais, cada setor da indústria possui particularidades importantes que foram captadas pela pesquisa. “A preocupação com ataques cibernéticos através de dispositivos móveis é 9% maior na indústria financeira em relação à indústria de saúde, por exemplo.” comenta a sócia da PwC Brasil, Larissa Escobar. A sócia acrescenta que esta visão granular por indústria permite que as organizações priorizem seus esforços no que realmente é importante para o seu negócio.
Onde investir
Se de um lado os executivos ouvidos pela PwC apontam as principais ameaças no radar, sob outra ótica, há um caminho de interesses bem claros. Entre as prioridades de investimento dos executivos brasileiros estão melhorar a proteção do grande volume de dados pessoais e estratégicos utilizados pelas organizações e a convergência entre TI e TO. Esses segmentos são apontados por 35% deles. Já no mundo, são indicados: trabalho remoto (38%) e migração para a nuvem (35%).
“É natural que colhamos diferentes impressões e interesses de investimento ao redor do globo. Contudo, por trabalharmos com uma rede mundial de computadores, algumas demandas e desafios são semelhantes. A busca pela melhoria da capacidade de defesa contra ransomware, por exemplo, é apontada por 83% no Brasil, enquanto no mundo o percentual é 77%”, analisa Eduardo Batista.
Quem faz a diferença
Para além das lideranças responsáveis por projetos de cibersegurança dentro das organizações, há também o papel de outros tomadores de decisão mais ligados a negócios. Segundo a pesquisa da PwC, no Brasil, 61% dos CEOs (51% no mundo) dizem que exigirão um plano de gerenciamento de risco cibernético para cada importante mudança operacional ou nos negócios. Globalmente, 56% dos CROs (Chief Risk Officer) e COOs (Chief Operating Officer) dizem que estão bastante preocupados com a capacidade de resistir a ataques à cadeia de suprimentos.
“Há, sim, um investimento de tempo por outras lideranças. Para se ter ideia, mais da metade das pessoas do Brasil entrevistadas afirmam que vão liderar iniciativas relevantes, como simplificar a cadeia de suprimentos e eliminar produtos que enfraquecem a postura de cibersegurança da empresa. Isso é muito relevante e comprova que a cibersegurança afeta diretamente os negócios”, diz Eduardo Batista.
O estudo também evidencia o protagonismo das áreas ligadas à cibersegurança. Para 63% dos respondentes do Brasil, os CISOs (Chief Information Security Officer) ajudam a acelerar a transformação digital da empresa. Esse percentual é bem maior que a média mundial: 44%.