Pandemia afeta vendas e comércio deve ter a pior Páscoa desde 2008

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Agravamento da pandemia, redução de importados e comprometimento da renda das famílias justificam previsão feita pela CNC (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

No segundo ano da pandemia, as vendas no comércio varejista brasileiro relacionadas à Páscoa devem registrar retração de 2,2%, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A quinta data comemorativa mais importante do varejo brasileiro deverá movimentar R$ 1,62 bilhão em 2021, o menor volume desde 2008. A previsão é de uma arrecadação inferior à registrada em 2020.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirma que os impactos da pandemia na renda da população e o fechamento do comércio às vésperas do feriado explicam a baixa expectativa. “Esse é um segmento que, historicamente, depende de um consumo presencial. Ainda há uma grande dificuldade de adaptação das vendas on-line para a compra de itens como chocolate, ovos de Páscoa e produtos de supermercado, apesar de todos os avanços já feitos pelas empresas.”

Presidente do Sindilojas-GO (Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás), Eduardo Gomes dos Santos acrescenta que o próprio fechamento do comércio levou à queda na renda do consumidor, impactando diretamente nas vendas na Páscoa.

“Esses lockdowns fizeram com que a população dispusesse hoje de uma renda menor, e isso, aliado à alta da inflação, traz um efeito negativo nas vendas, que realmente tendem a cair em relação a 2019 e 2020”, pontua Eduardo.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonsêca, os fabricantes de chocolate tiveram que levar em conta a perda de poder aquisitivo de parte dos consumidores para pensar suas estratégias de vendas, mas, ainda assim, o setor está otimista.

“A perda de poder aquisitivo é real. Há muita gente sem emprego, sem poder trabalhar. Tendo isso em vista, as fabricantes de chocolate procuraram oferecer produtos acessíveis à população. Quem não puder comprar um ovo de Páscoa, pode adquirir uma barra de chocolate. A estratégia do setor é oferecer o que o mercado quer”, disse Fonsêca à Agência Brasil.

A quatro dias do domingo de Páscoa, Fonsêca destacou que a indústria de chocolates previa criar, direta e indiretamente, 11.665 vagas de trabalho temporário e superar as 8,5 toneladas vendidas em 2020. Metas que, segundo ele, vão ser atingidas.

Baixa importação e renda comprometida

Especificamente sobre o volume de vendas, a queda esperada é menor do que a observada no ano passado (28,7%), mas há baixa expectativa dos varejistas por conta da redução das importações de produtos típicos da data. A quantidade de chocolates importada este ano (2,9 mil toneladas), por exemplo, foi a menor desde 2013 (2,65 mil toneladas). Já a importação de bacalhau (2,26 mil toneladas) foi a mais baixa desde a Páscoa de 2009 (1,43 mil toneladas).

Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, destaca que a desvalorização cambial de 23%, nos últimos 12 meses, encareceu a importação de produtos típicos. Ele reforça, ainda, que a festa ocorre em um período de maior comprometimento da renda familiar, fora da janela de pagamento do auxílio emergencial.

Segundo dados do Banco Central, 28,4% da renda dos brasileiros está comprometida com o pagamento de dívidas – o maior patamar da série, iniciada em 2005. “É o que chamamos de tempestade perfeita”, finaliza o economista.

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