Por Viviana Melo
Basta olhar ao nosso redor para notar que os problemas ambientais estão no topo das preocupações humanas, ainda que vários outros temas tenham muito mais audiência.
E, comprovando essa realidade, na semana passada, foi publicado o Relatório de Riscos Globais, pelo Fórum Econômico Mundial. (Relatório de Riscos Globais 2022 | Fórum Econômico Mundial (weforum.org). Tomando os cuidados devidos na leitura de uma informação (fonte, possíveis vieses econômicos ou políticos), o que se lê não é nada animador.
Esse documento trata da percepção de líderes em negócios, governo e sociedade civil a respeito de questões econômicas, ambientais, geopolítica, social e tecnológica. Pelo interesse da coluna, vamos nos ater às questões ambientais, sociais e tecnológicas.
Sobre questões ambientais, o relatório afirma que as
“mudanças climáticas já se manifestam rapidamente na forma de secas, incêndios, inundações, escassez de recursos e perda de biodiversidade, entre outros impactos”.
De modo geral, para 41,8% dos entrevistados para o relatório, a perspectiva para os próximos 10 anos é de um ambiente consistentemente volátil e com múltiplas surpresas. Isso mostra a consciência do quanto as mudanças estão ocorrendo rapidamente e a forma como uma crise mundial de saúde pública, como a trazida pela COVID-19, pode mudar tudo sem pedir licença.
A pandemia pela COVID-19 foi o empurrão final para levar a sociedade a depender do digital. Hoje é possível resolver a maioria das demandas de um cidadão pela Internet. Uma vida inteiramente digital já é, em tese, possibilitada pela Metaverso. Lá já existem embaixadas, casamentos, contratos e, enquanto isso, se discute a sua validade jurídica.
Mas, quais as consequências disso tudo? Parte delas são retratadas no relatório de riscos, como “desigualdade digital”, relacionada ao fato de que parte da população mundial não tem acesso ao digital e a grande parte que possui, não tem capacidade integral de compreensão do que é ali publicado (e, sequer têm condições de publicar algo). Esses fatos impossibilitam que esta parte da sociedade mundial interaja e compreenda questões cruciais à sua vida, de maneira a se manterem à margem de seus direitos e deveres.
Há a projeção de um aumento considerável de pessoas que passarão a viver em extrema pobreza, o que é um risco de aumento de polarização e ressentimento dentro das sociedades. Esse aumento se deve à crise econômica causada pela pandemia.
No entanto, a ameaça número um, apontam, a longo prazo, o que chamaram de “falha na ação climática”. Afirma-se que
“uma transição climática desordenada caracterizada por trajetórias divergentes em todo mundo e entre os setores tende a afastar países e dividir sociedades, criando barreiras à cooperação”.
Fica claro que se trata das divergências acerca das emissões de gases, uso e cuidado com recursos naturais ainda existentes e uso de tecnologias consideradas limpas, acerca das quais os países já discutem há décadas e, agora, por último, na COP26, ocorrida em novembro último, na Escócia.
Enfim, para fechar, vamos mostrar a ordem dos temas identificados como os mais graves riscos nos próximos 10 anos, nessa ordem: Falha nas ações climáticas; Clima extremo; Perda de Biodiversidade; Erosão da Coesão Social; Crise de subsistência; Doenças infecciosas; Dano ambiental humano; Crise de Recursos Naturais; Crises relacionadas a dívidas; Confronto Geoeconômico.
Interessante analisar que, entre as questões consideradas como riscos extremos, não há nenhuma ligada à Tecnologia, apesar de que, temas como mitigação de riscos relacionados à Inteligência Artificial, ataques cibernéticos e desinformação fazem parte do todo.
Sobre você, nesse contexto, é importante considerar que o tema “Crise de Recursos Naturais” tem, hoje, mesmo que não oficialmente, o Brasil no centro das discussões. E pode levar facilmente para um “Confronto Geoeconômico”.
Por ora, podemos nos concentrar em resolver as questões tecnológicas ao nosso alcance. Que tal uma implementação de LGPD?
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Viviana Melo, advogada, DPO, MBA em Ciência de Dados, membro IAPP, mestranda em Gestão Estratégica de T.I, palestrante, e consultora em Proteção de Dados