O empresariado acordou

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"Os empresários entenderam, antes tarde do que nunca, que é extremamente vulnerável fazer negócios fora da democracia", leia análise do empresário Marcos Freitas Pereira (Freepik)

Por Marcos Freitas Pereira

Três fatos importantes ocorreram essa semana e estão fazendo parte dos noticiários. O primeiro é a notícia do lançamento da “Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito” que será lançada em um encontro na Faculdade de Direito do Lago São Francisco da USP, em São Paulo – a única faculdade de Direito bicentenária do Brasil. Empresários, banqueiros, artistas, esportistas e cidadãos do mundo subscrevem a carta.

O ato do lançamento da carta será carregado de simbolismo: em agosto de 1977, em meio as comemorações dos 150 anos da fundação dos cursos jurídicos brasileiros, o professor de Direito Goffredo da Silva Telles Junior leu a “Carta aos brasileiros”, na mesma faculdade no Lago São Francisco, em um ato contra a ditadura vigente na época.

O segundo fato importante da semana é a adesão da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo à carta da Faculdade de Direito da USP e o manifesto que está sendo articulado pelo seu presidente Josué Gomes da Silva em defesa da democracia.

O terceiro fato, e não menos importante, foi o artigo publicado no Jornal O Popular do empresário e presidente da Acieg e da Faciest, Rubens Fileti, criticando duramente as taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro às empresas produtivas do Brasil. E pontualmente criticou o aumento injustificado as taxas de juros dos bancos de investimento. O nome do artigo é bem sugestivo: “O lobby dos bancos venceu”.

Os primeiros dois fatos dizem respeito à política e ao Estado de Direito. Os empresários entenderam, antes tarde do que nunca, que é extremamente vulnerável fazer negócios fora da democracia. Decidiram colocar um ponto final nessa tempestade política que o atual presidente da República deflagrou. Entendem que, em uma situação de instabilidade política, o Brasil pode ser isolado do mundo. Nunca é demais olhar a situação da Rússia atual: o PIB esse ano deve cair 15% em função do seu isolamento por ter provocado a guerra contra a Ucrânia.

O terceiro fato chama a atenção a reação, também tardia, do fim do incentivo a produção que foi dado pelos bancos em desenvolvimento BNDES, FCO, e outros tantos. Em uma curva entre os desembolsos do BNDES nos últimos 20 anos e os investimentos na economia brasileira, há uma constatação de total correlação entre ambos, quanto mais alto foi o desembolso do BNDES, mais alto foi a taxa de investimentos.

O autor do artigo, presidente da Acieg, sugere que o fim desse incentivo ocorreu em função do lobby dos grandes bancos. Eu diria um pouco mais o fim do incentivo ocorreu também a partir da prática das políticas econômicas neoliberais do governo Temer e aprofundada no atual governo.

O que não trouxe nenhuma contrapartida de crescimento econômico, ao contrário dos anos onde houve incentivo de financiamento através dos bancos de desenvolvimento.

Por fim, aprendi no meu curso de Economia na PUC-SP, na década de 1980, que uma economia capitalista precisa necessariamente de financiamento para o seu crescimento e de consumo. Foi o que aconteceu a partir de 2003 e foi interrompido em 2016.

Ver que a análise e o pensamento desses empresários mudaram de 2018 para 2022 é muito importante, pois a tendência de errarmos novamente na próxima eleição fica bem menor. Não se trata de analisar na próxima eleição entre esquerda e ultradireita, trata-se de termos um capitalismo que faz com que a economia cresça para todos.

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Natural de São Paulo, Marcos Freitas Pereira acumula mais de 25 anos de experiência de mercado. Doze destes anos foram como administrador em cargos de comando na Pousada do Rio Quente Resorts.

Exerceu as funções de Gerente de Orçamento e Finanças, Controller, Diretor Estatutário Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com o Mercado. Além disso, dois anos como Diretor Superintendente, principal executivo da empresa.

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