Por José Roberto Assy
Jeff Bezos, fundador da Amazon, entendeu que o consumidor busca basicamente, preços baixos, entregas rápidas e conveniência. Sam Walton, fundador do Wall Mart, determinou “juntos vamos reduzir o custo de vida pra todo mundo e ensinaremos o que é economizar”. Preços mais acessíveis são frutos da competição e senso de oportunidade. Foi o que o WalMart fez nos EUA na década de 80 ao implantar um sistema informatizado e logística de padrões inovadores. De fato, o consumidor não consegue preços baixos pechinchando no supermercado. A negociação tem limites. Até porque se o supermercadista tem prejuízo, a solução é fechar as portas.
Considerando o sucesso dessas duas corporações, posso concluir que preços acessíveis estão relacionados à ousadia, mas sobretudo, à livre competição e logística. A Whole Foods, rede americana especializada em alimentos orgânicos, reduziu seus preços automatizando a cadeia de fornecimento e a gestão do estoque. Pura logística ao integrar sustentabilidade e viabilidade econômica.
A Mercado Livre, empresa argentina que tem sua principal operação no Brasil, investiu desde 2017, mais de R$8 bilhões em logística. As oportunidades são tantas, que criaram a Mercado Envios para atuar de forma independente.
Enquanto isso, as estradas em Goiás seguem intransitáveis e a taxa de desemprego da população ativa, superior a 12,5% de acordo com o IBGE. E como explicar tantos aumentos, mesmo antes da pandemia, no Estado que é o berço do agronegócio? Você já parou para pensar por que tanto desemprego, se contamos com programas como FCO, Produzir/Fomentar e estímulos às montadoras?
De alguns pontos tenho certeza. O empreendedorismo não pede privilégios. Ao contrário, promove crescimento geral da economia e por isso é inclusivo. Nele, a competição faz parte do jogo e beneficia a todos. É o ganha-ganha tão propalado por Luiza Helena, da Magalu, com suas ousadas políticas de inclusão, vontade de competir no mercado logístico e seguir apostando nas suas lojas físicas.
O empreendedorismo clama por seu “Bolsa família”: Estado enxuto, eficiente, onde legislativo e judiciário sigam o mesmo caminho. Junte-se a isso, infraestrutura, segurança jurídica, educação fundamental e inclusiva. Este último, mais relevante do que incentivos fiscais pois é capaz de atrair empresas em busca de talentos. Porém, até no básico como a educação, percebemos a ineficiência do estado se pensarmos que o custo por aluno na rede pública pode chegar a R$3,5 mil por mês.
Um exemplo de como isso reflete no mercado é que trabalhando há 23 anos com P&D em Caldas Novas, a cidade de São Paulo foi opção quando precisamos investir num centro de pesquisa de padrões internacionais. A dificuldade de atrair fornecedores e uma cadeia de profissionais especializada em tecnologia para atuar em Goiás foi decisiva nessa escolha.
Outro exemplo da importância de um estado forte e eficiente foi vivenciada quando nossa empresa participou como expositora de sua primeira feira nos EUA. O ano era 2016. Fui abordado por uma senhora que perguntou se estávamos visitando a feira para levar tecnologia ao Brasil. Ao respondermos que estávamos ali para apresentar tecnologia brasileira, rapidamente ela se aproximou, entregou um cartão e se identificou como vice governadora do Estado do Iowa. Se dispôs a apoiar a abertura da empresa por lá. Acabamos abrindo a filial no Illinois, mas já no dia seguinte, dois funcionários do governo nos visitaram para apresentar as qualidades do Iowa, suas universidades, sua baixa criminalidade e tantos outros pontos positivos que poderiam beneficiar a empresa, entre eles, a capacidade logística.
O respeito que os governantes daquele país têm pelos empreendedores é emocionante. Eles entenderam a muito tempo que empresários geram emprego e renda fomentando um ciclo de inclusão.
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José Roberto Assy é especialista em tecnologias para o agronegócio. Formação: engenheiro agrônomo pela USP e empresário no ramo de Pesquisa & Desenvolvimento para o agronegócio. É ganhador do Prêmio Finep de Inovação (2013), na categoria nacional Inventor Inovador. Em 2019, concluiu um programa presencial de três anos, na universidade americana Harvard – OPM (Owner/President Management).