Com mais de 19 mil casamentos civis homoafetivos realizados no Brasil de 2013 a 2017, a indústria do entretenimento em viagens tem investido pesado para levar cada vez mais o público LGBTQ+ a consumir produtos específicos do segmento turístico, como cruzeiros marítimos, viagens de lua de mel, eventos esportivos e festas temáticas, por exemplo. É um setor do ramo de serviços interessado em cativar os brasileiros em suas novas configurações familiares. E tem mesmo uma justificativa: a contar de 2013, quando foi aprovado o casamento civil homoafetivo, até o final de 2017, o número de casamentos entre dois homens ou duas mulheres aumentou 45% em relação aos quatro anos anteriores.
Quem confirma é o especialista em planejamento turístico Paulo Ernani Alves, um dos palestrantes escalados para a programação técnica da Expo Turismo Goiás, que ocorre nesta sexta-feira, 19, no Centro de Convenções de Goiânia. Segundo ele, a comunidade gay se tornou uma prioridade para empresas de turismo e hotelaria no Brasil. A começar dos cruzeiros, apontados como preferência de 15% do público LGBTQ+ em suas viagens pelo País, a indústria do turismo, de acordo com Paulo Ernani, tem investido em qualificação para garantir à comunidade gay um tratamento equânime também nos empreendimentos ligados a outras vertentes de turismo, como o religioso, de feiras e eventos, gastronômico, negócios e de luxo.
No entendimento de Paulo Ernani, a própria abertura na programação da Expo Turismo Goiás para se discutir esse tema cristaliza a preocupação do setor em desconstruir o preconceito e a falta de informação em relação às demandas do público LGBTQ+. “Não só preconceito, mas patriarcado empresarial, visão comercial machista e medo às represálias da sociedade consumidora heterossexual são outros paradigmas que a indústria do turismo no Brasil tenta quebrar para garantir a essas pessoas experiências entusiasmantes em suas viagens pelo País”, diz o palestrante.
Faz mais de 40 anos que a bandeira do arco-íris, criada em 1978 pelo artista norte-americano Gilbert Baker, tremula em todos os cantos do globo simbolizando as lutas das minorias sexuais. No campo do turismo, Brasil e Estados Unidos parecem ser dois dos países mais atentos às demandas do público LGBTQ+. Não à toa, são as nações mais procuradas por estrangeiros da comunidade gay, segundo aponta o estudo World Travel Market. O levantamento calcula que os dois países acumulam quase metade do lucro com o turismo gay em todo o planeta.
Paulo Ernani acredita que a posição prestigiada do Brasil nesse ranking se dá em função da Parada Gay de São Paulo – considerada a melhor parada gay do mundo – e pelos atrativos naturais e culturais do Rio de Janeiro (RJ), que também possui a melhor praia gay do mundo, conforme mostra pesquisa do aplicativo LGBT Grindr. Para o palestrante, o Brasil está seguindo paulatinamente os países que enxergaram primeiro o potencial de consumo e poder de compra desse público. “Existem pesquisas que demonstram que casais homoafetivos possuem duas vezes mais renda que os casais heterossexuais, além de gastarem cerca de 30% mais”, conclui.