Mulheres conquistam o mercado imobiliário

No momento, você está visualizando Mulheres conquistam o mercado imobiliário

Considerados uns dos mercados com predomínio de mão de obra masculina no País, a construção civil e o imobiliário estão ganhando expressivos contornos femininos. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2019, já são mais de 200 mil mulheres atuando como profissionais na construção civil. Em Goiânia, elas representam 10% dos trabalhadores no setor, que em dezembro totalizava 3.188. No segmento imobiliário, elas são 40% dos profissionais inscritos no Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 5ª Região (Creci/GO) no Estado e, nos últimos cinco anos, houve aumento de 50% no número de mulheres no setor.

Presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Roberto Elias Fernandes enfatiza que a participação das mulheres na construção civil tem crescido expressivamente. “É representativa a presença delas em um ambiente de trabalho que, até então, tem maior domínio dos homens. Para se ter uma ideia, antes elas eram responsáveis apenas pela limpeza. Hoje, ocupam funções de azulejistas, pedreiras, fazem rejuntes e pinturas. Elas estão atuando em mais funções na construção civil e com uma renda melhor, pois é uma área em se recebe maior salário em comparação a outro tipo de trabalho, como doméstica”, compara.

Conquistas diárias

Atualmente, as mulheres representam mais de 80% das contratações da Brasil Brokers Tropical Imóveis. Dos nove cargos de gestão existentes hoje na empresa, sete são ocupados por lideranças femininas. São 60 colaboradores que compõem o quadro, sendo 37 do sexo feminino e, dos 97 profissionais da força de vendas, 18 são mulheres.

De acordo com a coordenadora de Gente e Gestão da empresa, Lauanda Santos, a forma como homens e mulheres gerem suas equipes são diferentes em alguns aspectos. “Enquanto eles são mais sucintos e diretos, podemos dizer até pragmático, elas orientam suas equipes de maneira mais sociável e a capacidade delas de pensar e agir em muitas direções as coloca em vantagem no momento de tomar decisões e enfrentar crises”, exemplifica.

Lauanda explica que as mulheres se destacam mais pois tendem a buscar mais formação, além da capacidade de resiliência e perseverança, que ajuda a superar adversidades, se manter firme no propósito, de elaborar caminhos estratégicos para conseguir seus grandes objetivos e, ainda, de manter otimismo e firmeza aos propósitos mesmo diante de situações complicadas. “De fato, as mulheres demonstram grande capacidade de assimilar ocasiões adversas e reverter aspectos negativos para situações otimistas e melhores.”

É o caso de Dayane Aparecida Guedes de Sousa, 38, graduada em Administração e MBA em gestão de negócios, controladoria e finanças corporativas, que atua como gerente operacional da Brasil Brokers Tropical Imóveis há 6 anos, empresa ao qual se dedica por mais de 16. Por onde passa, inspira a todos com sua história de vida, conquistas e superações. Ela iniciou na empresa como recepcionista, após chegar do município de São Simão, interior do estado de Goiás a 363km de Goiânia. Conquistou o cargo de secretária de gerente, passou para assistente financeira e mais. “Assumi as coordenações de quase todos os departamentos. Me esforcei, ingressei em uma universidade, fiz pós-graduação, cursos e treinamentos contínuos para capacitação profissional. Mas nada disso seria possível se não fossem as oportunidades recebidas ao longo desses anos trabalhados e ao ambiente favorável para o desempenho das atividades”, afirma ela, orgulhosa.

Ao fazer parte do grupo, Dayane construiu sua família e suas conquistas. “Quando nova, não podia assumir gerência de nada por conta da idade. Depois, ao ficar viúva, me vi com dois filhos pequenos e sem ninguém para ajudar. Pensei em abandonar tudo e ir embora. Não foi fácil me ver sozinha aos 35 anos, mas lembrei dos conselhos e da força do meu esposo, que me alertava sobre ter conquistado tanto e deixar tudo para trás”, lembra, emocionada. “Sempre fui pé no chão e sei que hoje estou melhor do que era. A cada dia eu ganho mais força, supero e tenho mais fé. Este ano quero ser uma pessoa renovada e exponho à minha equipe que é preciso se expor, mostrar que sabe. O trabalho foi um refúgio e fonte de força”, conclui.

Engenharia

Consolidada como uma das maiores incorporadoras de Goiás, a Opus conta com um forte time de mulheres. São 79 funcionárias, das quais 10 exercem cargo de chefia, liderando dezenas de homens. É o caso da engenheira civil Lorena Arantes Chaves, supervisora do setor de Assistência Técnica. Formada há 12 anos, Lorena está há três na Opus, e ascendeu ao cargo após passar por processo seletivo. A engenheira ressalta lembra que, nos primeiros anos de profissão, enfrentou diversos preconceitos. “Ser mulher e engenheira já é, por si só, desafiar o mercado. Para compensar os preconceitos que enfrentei, busquei cada vez mais a qualificação. Hoje posso dizer que me sinto mais à vontade para exercer cargo de chefia em razão dos anos de experiência. Na empresa em que trabalho sou muito respeitada, mas sei que o mercado, como um todo, ainda é muito preconceituoso”, ressalta.

Com grande destaque no cenário goiano, a EBM Desenvolvimento Imobiliário conta atualmente com seu quadro de engenheiras, inteiramente composto por mulheres. A empresa emprega mais de 100 mulheres. Aline Melo Bailão, 35, é coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional da Incorporadora há pouco mais de oito anos e vê um movimento de mercado muito positivo nesse período. “Esse fato ocorreu naturalmente a partir de experiências e resultados positivos com mulheres”, explica.

Ela ainda enumera que atenção, força de vontade e garra são diferenciais que as profissionais do sexo feminino têm demonstrado. A psicóloga também enfatiza que a rotina de trabalho é inteiramente respeitosa. “São mulheres comandando equipes formadas quase integralmente por homens. E elas são respeitadas e admiradas por suas gestões”, afirma.

A profissional ainda faz uma análise comportamental sobre o reflexo social da representatividade. “Eu não percebo nas novas gerações tanto receio de se inserir no mercado de trabalho por serem mulheres. É algo que diminuiu diante das novas oportunidades”, conjectura. Ela ainda acrescenta que o interesse por se capacitar, buscar conhecimento e galgar degraus até cargos melhores é fundamental. “As mulheres estão preparadas e se aperfeiçoando a cada dia”, diz.

Deixe um comentário