Mulheres comandam 25 cooperativas em Goiás

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Ações no cooperativismo goiano incentivam mulheres a ocupar cargos de gestão (Na foto: Celma Grace de Oliveira (de bege),presidente da Bordana, Cooperativa de Bordadeiras [Divulgação])

Vinte e cinco cooperativas em Goiás são presididas por mulheres, o que mostra o empoderamento feminino num ambiente em que, há pouco tempo, praticamente só havia homens no comando. Conquistar maior equidade de gênero no mercado de trabalho é um desafio constante para as sociedades que buscam reparar a grande discrepância que se observa na participação de homens e mulheres, sobretudo nos cargos de gestão. O setor cooperativista goiano está atento a essa causa e tem conseguido importantes avanços nesse sentido, o que pode ser observado no número de mulheres presentes nos Conselhos Fiscal e de Administração, em diretorias e, inclusive, nas presidências.

Conforme levantamento do Sistema OCB/GO, 244 mulheres participam de Conselhos Fiscais de cooperativas em Goiás, representando 20,5% do total dos conselheiros; 217 atuam em Conselhos de Administração e diretorias (15,7% do total); 12 em diretorias contratadas (15,8%) e 25 (9,7%) no cargo de maior nível gerencial, a presidência. Considerando todos esses postos, a participação das mulheres em cargos de gestão em cooperativas goianas é de 16,2%.

É o caso da professora Ana Cristina Alves dos Santos, que há 11 anos é presidente da Cooperativa de Ensino de Quirinópolis (CEQ). Quando assumiu a gestão, a escola se encontrava em sérias dificuldades e prestes a fechar as portas em definitivo. “Chegamos com nossa experiência em educação, formamos uma boa equipe, toda formada por mulheres, e reerguemos a cooperativa”, comemora.

Ana Cristina afirma que valeu a pena o esforço e acredita que a sua história ajuda a inspirar outras mulheres, mesmo quando se sentem inseguras. 

“Hoje, a nossa escola tem 480 alunos. Tinha apenas 70 quando começamos. Agora, somos referência em Quirinópolis, exemplo para que outras mulheres apostem no seu potencial e tornem-se empreendedoras de fato, a partir dos princípios em que acreditam”, enfatiza.

Modelo de negócio

Para Ana Cristina, o modelo de negócio cooperativo dá maior impulso às mulheres em busca de protagonismo. “O Sistema OCB/GO é parceiro, nos mostra possibilidades de crescimento, como o Programa Aprimora, que foi de grande valia para o nosso conhecimento, pois nós, que somos pedagogas, não tínhamos a visão tão amadurecida da administração e da contabilidade, como os homens têm.

Presidente da Bordana, Cooperativa de Bordadeiras, Celma Grace de Oliveira já tinha engajamento como ativista no movimento comunitário e feminista, no Conjunto Caiçara, bairro de Goiânia, antes de constituir a cooperativa.

“O cooperativismo me atraiu por ser um modelo democrático e inclusivo. Enfrentei dificuldades, porque não fomos preparadas para sermos dirigentes, gestoras, donas do nosso próprio negócio. Somos desbravadoras nesse mundo dos negócios”, afirma.

As dificuldades, no entanto, não foram limitantes, garante a presidente que hoje é inspiração. “Tenho recebido vários contatos de outras mulheres buscando essa experiência na Bordana, querendo entender o que somos e também criar cooperativas, principalmente nesse segmento do artesanato”, diz.

Para incentivar outras mulheres a empreender e realizar seus sonhos, Celma as aconselha a não desanimarem diante da falta de recursos, de conhecimento técnico e outras dificuldades. 

“Mesmo dentro de um negócio cooperativo, que em seu DNA já é mais inclusivo e democrático, as mulheres precisam buscar seus espaços em posições de poder e de decisões.  A desigualdade de gênero é uma realidade na sociedade e no cooperativismo as mulheres também precisam lutar para ocupar seus espaços”, incentiva. 

Desafio ainda é grande

O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, diz que a participação das mulheres em cargos de gestão e de liderança de cooperativas de Goiás tem avançado, mas ainda é grande o desafio para que o espaço delas seja ainda mais ampliado.  “Estamos desenvolvendo ações importantes para aumentar a participação das mulheres, não só como cooperadas e colaboradoras, mas também nos cargos de gestão. Estamos com o nosso Comitê de Mulheres trabalhando nesse sentido e oferecemos uma série de cursos no SESCOOP/GO com o objetivo de prepará-las para que assumam também esse protagonismo no Sistema OCB/GO”, informa.

O dirigente destaca que, recentemente, o SESCOOP/GO, braço educacional do Sistema OCB/GO, recebeu o Selo Women on Board, iniciativa apoiada pela ONU Mulheres e que reconhece empresas e instituições com pelo menos duas mulheres em seus conselhos administrativos ou consultivos.

“Queremos que isso sirva de exemplo e motivação para as mulheres e que as cooperativas continuem investindo na qualificação feminina, para que elas possam assumir postos de governança”, destaca Luís Alberto.

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