Por Catarina Portugal
A realidade incerta, que bem retrata o cenário pandêmico, requer uma grande necessidade de prever eventos e reagir às transformações. O contexto atual, foi descrito pelo antropólogo Jamais Cascio, como mundo BANI, termo utilizado para se referir a realidade das sociedades após o início da pandemia, o qual é caracterizado como sendo frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. No ambiente dos negócios, o acrônimo BANI, se tornou mais evidente quando as organizações se depararam com a necessidade de lidar com situações em que as condições são caóticas, os resultados são imprevisíveis e o que acontece é totalmente incompreensível.
Diante deste cenário, as organizações tiveram que se adaptar a uma realidade desconhecida. Com a finalidade de atender estas novas demandas de mercado, os líderes podem perceber a necessidade de percorrer um caminho de desenvolvimento profissional de novas habilidades que possibilite sua adaptação às novas ferramentas e tecnologias e novos modelos de negócios.
Uma das competências apontadas como essenciais para os profissionais inseridos nesta realidade é a liderança humanizada. Esta macro competência é pautada no enfoque positivo e oportuniza a criação de um expressivo diferencial na ascensão de organizações em busca de melhores resultados. Envolve habilidades socioemocionais, como: autoconsciência, autogerenciamento, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável.
A autoconsciência pode ser definida como a capacidade de reconhecer em si próprio as emoções, os pensamentos e valores e como estes influenciam o comportamento, ou seja, é necessário autoconhecer-se, identificar atributos da sua personalidade, as suas forças de caráter, as suas inteligências múltiplas e os seus níveis de consciência.
O autogerencimento significa a regulação das suas emoções, dos pensamentos e do comportamento em diferentes contextos. Com esta habilidade é possível auto motivar-se, autodisciplinar-se, estabelecer metas e desenvolver outras competências organizacionais.
A consciência social refere-se à capacidade de ter perspectiva e empatia com o outro, auxilia a desenvolver o respeito, a ter discernimento, a apreciar a diversidade, a compreender o seu papel nas esferas sociais e, sobretudo, contribuir para a vida em sociedade.
As habilidades de relacionamento dizem respeito a capacidade de estabelecer e manter relacionamentos saudáveis e harmoniosos com diferentes indivíduos e grupos. Envolvem outras habilidades importantes para a prática da liderança humanizada, tais como: comunicação, ouvir o outro, mediação, negociação, compromisso social, entre outras.
E a tomada de decisão responsável, que pode ser entendida como o processo de fazer escolhas construtivas entre diversas alternativas. Para fazer uso desta habilidade é necessário desenvolver o pensamento crítico.
Práticas da liderança humanizada no desenvolvimento de equipes
A liderança humanizada permite que as equipes encontrem sentido em suas ações, cresçam e executem seus papéis profissionais dentro de certas condições de equilíbrio, por isso demanda práticas bastante elaboradas. Dentre estas podemos destacar:
– Dar autonomia à equipe no desenvolvimento de suas responsabilidades;
– Disponibilizar recursos para a equipe desenvolver os seus talentos;
– Prover suporte social frente aos obstáculos e dificuldades encontradas;
– Estimular o desempenho de cada um levando em consideração a saúde mental e física;
– Fornecer feedbacks de performance e de desenvolvimento;
– Criar um ambiente de trabalho seguro, no qual as pessoas são encorajadas a expor as suas ideias;
– Permitir que a equipe cometa erros e aprenda com eles;
– Fomentar o foco em resultados organizacionais sistêmicos.
Frente a um cenário de grandes transformações e incertezas, é possível auxiliar as empresas a desenvolverem um ambiente organizacional melhor, e o caminho mais favorável para alcançar resultados justos e sustentáveis, é compreender a complexidade na realidade, criar novos hábitos e humanizar as práticas de liderança.
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Catarina Portugal é Psicóloga Organizacional, especialista em Liderança e Gestão Empresarial. Diretora da Selecta Gestão de Pessoas. Atua com consultoria, gestão e desenvolvimento de pessoas. Professora da UNIALFA.