O Brasil é considerado um dos países que possui maior incidência solar – 5,4 quilowatt-hora/metro quadrado – ficando à frente, inclusive, de nações como Estados Unidos e China, que atualmente são os dois maiores geradores de energia solar. De acordo com estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o território brasileiro recebe mais de 2.200 horas anuais de insolação, o que equivale a 15 trilhões de megawatts. Para se ter uma ideia, isso equivale a 10 mil vezes a quantidade de energia que a população mundial precisa para um ano. Apesar disso, usamos pouco mais de 1% de todo esse potencial e concentramos 60,8% da geração de energia em hidrelétricas, que além de mais caras para construção e manutenção, trazem um enorme impacto ambiental.
Entre os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, Goiás figura entre os que têm maior potencial para geração de energia solar, apresentando um índice de irradiação solar anual entre 2.000 e 2.500 horas de insolação, acima da média nacional, conforme dados do INPE. Mesmo com essa capacidade de insolação, a participação do Estado na produção nacional, ainda é muito pequena, representando 3,38% do total. Porém, nos últimos anos essa matriz energética fornecida pelo Sol tem ganhado mais atenção. Em 2018, o País instalou 1,2 GW de energia fotovoltaica, principal tecnologia de captação e geração de energia solar, totalizando 2,4 GW de capacidade instalada acumulada. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) estima que em 2019 os investimentos específicos na geração desse tipo de matriz energética devam crescer mais de 40%. A previsão é de que, até 2022, R$ 21,3 bilhões sejam investidos pela iniciativa privada em novos projetos de geração de energia fotovoltaica.
Em Goiânia, o Seconci Goiás (Serviço Social da Indústria da Construção no Estado de Goiás) traz uma experiência de seis meses que comprova o quanto a geração de energia solar pode resultar em economia e menos impacto no meio ambiente. Em novembro do ano passado, a entidade implantou em sua sede no setor Jardim América, uma micro-usina fotovoltaica para gerar sua própria energia elétrica. Nos cinco primeiros meses de 2019, a instituição já conseguiu uma redução de 41% no consumo total de energia elétrica (kWh) fornecida pela companhia elétrica, o que resultou numa economia de 74%, das contas de energia de janeiro a maio deste ano, comparando-se com o mesmo período no ano passado.
Segundo o presidente do Seconci Goiás, Célio Eustáquio de Moura, a redução do consumo de eletricidade fornecida pela rede pública foi de 2.798,71 kWh no período de cinco meses, o suficiente para garantir o fornecimento para 18 unidades residenciais durante um ano. “A nossa expectativa é que até o final do ano essa economia seja ainda maior, tendo em vista que nestes primeiros meses do ano a incidência de raios solares é menor, com os dias mais curtos”, lembra Célio Eustáquio.
Para Célio Eustáquio, que é engenheiro elétrico, há muito espaço para o crescimento da geração distribuída de energia solar fotovoltaica no Brasil, em especial em Goiás. “Nosso Estado, segundo informações do Atlas Solarimétrico Brasileiro, está localizado no chamado ‘cinturão do Sol’, ou seja, faz parte de uma das regiões com o melhor potencial para geração de energia solar no Brasil”, informa Célio Eustáquio.
A micro-usina fotovoltaica do Seconci Goiás é composta por 200 módulos fotovoltaicos de silício policristalino, cuja potência é de 270 WP. A micro-usina é interligada ao sistema da Enel que possibilitará, caso haja geração excedente de energia pela central fotovoltaica, que esta será inserida na rede da concessionária elétrica, retornando como crédito na conta da instituição, conforme a Resolução Normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nº 482/2012.
** Na foto: Sede do Seconci Goiás no Jardim América em Goiânia recebeu 200 módulos fotovoltaicos (Divulgação)