Por Jordan Jorge*
O agronegócio, que segura a economia brasileira e o saldo positivo das exportações, é totalmente dependente de energia elétrica. Essa não é uma realidade exclusiva do país, o que sinaliza um cenário ainda mais promissor para a expansão brasileira no mercado mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o setor de agronegócio responde por cerca de 30% de toda a energia consumida no mundo.
É fácil entender o porquê dessa demanda. As máquinas agrícolas dependem da eletricidade, bem como a irrigação e sistemas de secagem. Isso para ficar só na produção de grãos e não mencionar tanques de aquicultura, galpões de aves, atividade leiteira, entre outras necessidades. Há ainda muito espaço para se modernizar, incorporando novas tecnologias e processos.
Neste cenário, quem é do agronegócio tem encontrado nas Operações de Barter uma solução para resolver a demanda por energia. E o melhor: energia limpa. A modalidade nada mais é do que a troca de grãos pelos insumos necessários para a safra. Uma espécie de escambo dos tempos atuais que surgiu pela primeira vez em 1990 aqui mesmo no Centro-Oeste. O diferencial é que agora essa mecânica ganha uma nova roupagem em um mundo global que exige cada dia mais sustentabilidade e respira tecnologia, tornando-se um modelo de negócio para implantação de usinas solares no campo.
O novo modelo de vendas acompanha a demanda por instalações de sistemas fotovoltaicos no campo. O setor rural é responsável por 13,6% de toda potência instalada no Brasil no primeiro semestre de 2022, registrando um aumento de cerca de 40% em relação ao mesmo período de 2021, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
O segredo para o sucesso nas Operações de Barter é que ele amplia os meios de negociação do agricultor, falando sua linguagem. É um formato que o agrada pois, além de não precisar usar dinheiro para adquirir os insumos, ele fica livre da variação de valor da commodity, uma vantagem competitiva atualmente. O preço é travado por venda prévia e o produtor só vai pagar essa compra a prazo, com parte do que ele vai produzir. Na prática, a moeda do cliente é a sua safra.
Dando ainda mais garantias ao produtor, tudo é formalizado por meio da Cédula do Produto Rural (CPR), devidamente registrada em cartório e contendo todas as informações da transação. Com isso, há empresas se especializando neste nicho de mercado, caso da Yellot que espera um incremento de 50% em seu faturamento graças a essa nova modalidade.
Tornar a lavoura mais viável economicamente e sustentável por meio da energia solar é proporcionar a chance de alavancar projetos em fazendas com consumo intensivo de energia. É também fomentar o desenvolvimento de outras tecnologias.
Num setor que é dependente de energia, não há como negar que aplicação de energias sustentáveis é urgente. Entre as vantagens mais relevantes estão a economia com custos fixos de energia, autossuficiência na geração de energia elétrica e uma garantia de que a produção agrícola consumirá uma energia 100% limpa e renovável. Uma usina de 100 kWp de potência contribui ambientalmente com o equivalente a 73 árvores cultivadas e 18 toneladas de CO2 deixam de ser emitidas na natureza por ano. Além do quesito sustentabilidade, podemos acrescentar o retorno financeiro gerado. Essa mesma usina de 100kWp gera em torno de 13.500kWh por mês, o que, dependendo da tarifa de energia da concessionária, pode corresponder a um retorno financeiro de até R$12.800,00 mensais. Vão-se os grãos, vem a energia solar e permanece a sustentabilidade.
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Jordan Jorge é formado em engenharia elétrica e é diretor comercial da Yellot