Por Jordan Jorge
Pensar de forma sustentável não é moda de ambientalista ou uma tendência que deve ser vista como passageira. É uma necessidade urgente para preservar os recursos naturais do planeta e garantir qualidade de vida das gerações futuras. É responsabilidade de governos, empresários e sociedade como um todo adotarem medidas que ajudem a diminuir os impactos das mudanças climáticas. Um dos grandes vilões dessa história é o gás carbônico (CO2), que faz parte dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Por isso, combatê-lo se tornou uma necessidade urgente.
Ainda que não esteja ao nosso alcance medidas diretas relacionadas ao desmatamento ou de controle de emissão de gases poluentes no processo industrial, é viável investir em uma efetiva neutralização do carbono, ou “descarbonização”. Exemplo é a geração de energia elétrica através de fontes renováveis, como a solar. O aumento no uso de formas renováveis de energia está, inclusive, entre as metas estabelecidas pelo tratado de Kyoto como ações para a diminuição da emissão de gases poluentes no meio ambiente.
A energia solar fotovoltaica se tornou protagonista na transição zero carbono, pois a emissão de gases poluentes durante seu processo de produção é mínima. Algo extremamente interessante para o setor empresarial e industrial, que, assim, consegue mensurar a média da “descarbonização” oriunda da instalação de uma usina solar, num processo compensatório nas emissões de gases do efeito estufa.
Felizmente, vivemos um momento histórico no setor. O Brasil ultrapassou em janeiro de 2023, 24 gigawatts (GW) de potência instalada de energia solar com a soma da capacidade das usinas de grande porte aos sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, o equivalente a 11,2% da matriz elétrica do País. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), essa energia evitou a emissão de quase 33,4 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
No Brasil não existem leis que obriguem as empresas a compensar carbono ou estabelecer metas em relação às emissões de gases do efeito estufa. Atualmente, esse compromisso é feito de maneira voluntária e sem incentivos fiscais do governo. Sem estímulos definidos dentro do país e com custos adicionais, não parece lógico que as empresas optem por reduzir ou compensar suas emissões de carbono.
Mas existem pelo menos três vantagens econômicas para as corporações que estão planejando mudar suas práticas. A primeira delas é o marketing positivo que a empresa promove, no sentido de melhorar a imagem e valorizar a marca, abrindo mais oportunidades de mercado. Outro motivo é a antecipação de possíveis regulamentações ambientais, fazendo com que a empresa esteja preparada para evitar futuras multas e impostos.
Além disso, atualmente, investidores e consumidores de todo o mundo estão de olho em empresas alinhadas com os conceitos ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), e um selo de compensação de carbono se torna uma característica de competitividade entre as companhias.
Visando esses benefícios, a Ambev, por exemplo, tem como metas de sustentabilidade a redução das emissões de carbono de toda a cadeia em 25% até 2025, e zerar as emissões líquidas até 2040. Como política da empresa os parceiros e fornecedores devem contribuir para isso. Assim, a Bramam, empresa de logística que atua na distribuição de bebidas para a Ambev, optou, entre outras medidas por instalar uma usina de energia solar. Construímos para eles uma usina de 174 kWp, com uma geração média mensal de 20.100 kWh e um carbono evitado de aproximadamente 12 toneladas por mês. O mesmo fez o Grupo ReGra, outro distribuidor da Ambev. Sua usina solar tem a capacidade de 706,45 kWp, gerando 91.835 kWh mensais. São mais de 650 toneladas de carbono evitadas no meio ambiente anualmente.
Pode parecer pouco, mas o consumidor residencial também pode fazer sua parte para a “descarbonização” com uma usina solar em casa. E acredito que em pouco tempo possa até ganhar dinheiro com isso vendendo seus “créditos de carbono”. Para se ter uma ideia, uma conta de 500 reais mensais tem um consumo aproximado de 550 kWh, o que representa em torno de 0,33 tonelada de CO2 por mês.
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Jordan Jorge é engenheiro eletricista e diretor comercial da Yellot, empresa goiana que atua no ramo de energia solar desde 2016