Se você é empreendedor, são grandes as chances de que membros de sua família façam parte da sua equipe de trabalho. Isso porque, no Brasil, 90% das empresas são familiares, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae. Como em qualquer negócio, os desafios existem aos montes – mas alguns costumam ser específicos dos empreendimentos familiares. A seguir, confira os problemas mais usuais deste tipo de empresa e saiba como resolvê-los com dicas de Helena Rocha, sócia da consultoria PwC Brasil, e Vitor Abreu, consultor do Sebrae-PE.
Sucessão
Um dos principais problemas enfrentados nas empresas familiares é a centralização de poder: é comum que o fundador do negócio não admita dividir a liderança e não aceite ajuda das gerações seguintes. Consequentemente, a questão da sucessão empresarial fica comprometida, porque a família sequer consegue discutir o assunto.
Mas, para o negócio continuar existindo, a sucessão deve ser pensada e planejada com cuidado, para facilitar a transição de uma liderança para outra. Nestes casos, contar com uma consultoria especializada no assunto ajuda a definir os rumos que o negócio irá tomar nas mãos das gerações mais jovens. Há diversas empresas que prestam o serviço especializado. O Sebrae também oferece este tipo de consultoria aos empreendedores.
Documentar por escrito valores da empresa, propósitos, missão e objetivos para o futuro também é importante para que as gerações seguintes possam se guiar para dar continuidade aos negócios. Isso ajuda os futuros líderes a preencher a lacuna geracional que possa existir.
Governança corporativa
A governança é, de maneira simplificada, a definição clara e objetiva de funções e responsabilidades das pessoas envolvidas no negócio. Em outras palavras, trata-se de como a empresa é dirigida, administrada ou controlada. Em negócios familiares, é comum que as funções de cada um estejam misturadas, confusas e pouco esclarecidas. Repensar os papéis de acordo com as capacidades de cada membro da equipe e deixar as funções bem estabelecidas faz parte de um negócio de sucesso. E lembre-se:
“Nunca contrate alguém que você não terá coragem de demitir se for necessário”, aconselha Vitor Abreu, consultor do Sebrae-PE.
Contar com uma consultoria em governança corporativa pode ser uma boa saída para o problema de governança. Para aqueles que não têm condições de arcar com este tipo de investimento, vale convidar uma pessoa externa que possa auxiliar como um mediador da discussão e tenha uma visão imparcial sobre a família e o negócio.
Fator emoção
“Os próprios relacionamentos que fortalecem a empresa familiar também podem prejudicá-la”, ensina Helena Rocha, sócia da consultoria PwC Brasil. O fator emocional costuma ser um grande desafio para os empreendedores porque gera confusão entre assuntos sentimentais e de trabalho, afastando-se da objetividade que os negócios requerem. “Ter uma abordagem mais profissional é retirar a emoção. Isso se mostra fundamental no planejamento de curto, médio e longo prazo”, diz Helena.
Estruturar bem o modelo de negócio e criar regras de sociedade são o primeiro passo para combater o problema. Saber separar assuntos pessoais e não levá-los à empresa é o segundo passo. Aplicar avaliações de desempenho regularmente e mensurar os resultados de cada um da equipe também ajuda a manter a objetividade.
Cultura engessada
Muito relacionado à dificuldade de sucessão, o problema de uma cultura engessada e centralizada no proprietário costuma impedir a modernização da empresa e sua perpetuação. Os pensamentos enraizados são típicos de fundadores que têm resistência a mudanças. Para reverter isso, contar com um olhar externo ajuda muito.
“Pode ser formado um conselho com membros externos, que possam analisar a situação de maneira isenta”, sugere Vitor Abreu, consultor do Sebrae-PE.
Mas atenção: não basta ouvir sugestões de mudanças. É preciso estar de fato aberto para querer implementá-las.
Com informações Pequenas Empresas & Grandes Neg´ócios