A taxa de desemprego no Brasil no último trimestre de 2020 foi de 14,1%, segundo a agência de notícias IBGE, que divulgou os dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Desde 2012, início da série histórica da pesquisa, foi a taxa mais alta já apresentada e o fator determinante para consolidação destes números foi a pandemia do vírus da COVID 19.
A manutenção dos empregos vem sendo, sem sombra de dúvidas, o maior desafio dos empresários, mesmo adotando teletrabalho sem a necessidade de formalização contratual, antecipação de férias, banco de horas negativo, dentre outras medidas possibilitadas pela MP 927 – revogada em 19/07/2020.
O programa emergencial de manutenção de emprego e da renda implantado pelo governo (MP 936/2020, convertida na lei 14.020/2020) contribuiu em um primeiro momento para evitar demissões em massa e dar um alivio aos empregadores. Porém, acreditava-se que até dezembro de 2020 a pandemia estaria controlada e as atividades econômicas funcionando em um contexto próximo à normalidade.
As incertezas do mercado e um cenário pouco animador desestimularam vários setores da economia e as demissões nas atividades julgadas pelos governantes de “não essenciais” ocorreram de forma drástica e dispendiosa.
Mesmo com a flexibilização das relações de trabalho e medidas excepcionais (estabelecidas em acordos ou convenções coletivas de trabalho por meio de sindicatos de classe, visando a manutenção de empregos), não era de esperar algo diferente em um país onde a incidência de encargos sociais sobre a remuneração e demais tributos é exorbitante e inviável para qualquer negócio cujas as operações estão paralisadas.
Nunca uma frase ecoou de forma tão sombria aos ouvidos dos empregadores da iniciativa privada, “fica em casa e a economia a gente vê depois”.
Como assim? Deixar para depois algo que está ligado diretamente às necessidades básicas das famílias?
Antes que seja tarde, algo deve ser feito com responsabilidade e que deslumbre um cenário no qual a ciência, saúde e economia andem de mãos dadas. Afinal, todo trabalho é digno e essencial.
Milhares de empregos e negócios sucumbiram desde o início da pandemia e dificilmente terão oportunidade de serem “revistos”.
E lembramos que, neste primeiro momento, as empresas abriram mão dos colaboradores que não afetariam de forma efetiva as operações e as demandas do mercado. Ou seja, se não tem comércio, nada justifica manter mão de obra ociosa.
O desastre já foi consumado. Agora, junto com a segunda onda do vírus, pode vir a segunda onda de demissões. E estas sim causam preocupação, pois trata-se de mão de obra mais qualificada que foi poupada anteriormente. Estamos falando do capital intelectual, cujo o valor é inestimável para alguns negócios.
Mais do que bancar o custo das rescisões, o empresário terá que rever estratégias e correr o risco de ter que abrir mão de cargos de confiança que custaram investimento, tempo para maturar e estar em plena capacidade produtiva.
O momento é de reflexão e, sobretudo, de iniciativas que tragam segurança e previsibilidade aos empregadores da iniciativa privada. Haja vista que, se ficar neste “abre e fecha”, não há negócio que resista para contar história.