O serviço de entregas comerciais por meio de drones, que são veículos aéreos não tripulados (VANT), foi autorizado no Brasil somente em janeiro deste ano, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Mas há quase uma década, quando a maioria das pessoas não se dava conta das possibilidades dessa tecnologia – que surgiu nos anos 1970 como um brinquedo – já havia gente com visão que enxergava nesse engenhoso dispositivo voador uma forma de fazer negócios.
É o caso do empresário goiano Gabriel Caixeta, que junto com seu sócio, o engenheiro civil Andreyve Melo, comanda a Skyline Inovação e Produções desde 2015. A empresa de atuação nacional e especializada no desenvolvimento de ferramentas e soluções digitais para o mercado imobiliário, surgiu a partir de um drone comprado em dez parcelas.
“O pontapé inicial da Skyline foi justamente a aquisição desse drone, que na época custou exatos R$ 7.399,66. Era nossa principal ferramenta de trabalho e usávamos para fazer vídeos imobiliários, que foi o primeiro tipo de serviço que prestamos”, conta Gabriel Caixeta, diretor da Skyline.
Hoje, a empresa possui diversos outros tipos de equipamentos para a equipe de audiovisual.
Segundo dados da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), até outubro de 2021, havia no país 88.664 drones registrados no Sistema de Aeronaves não Tripuladas (Sisant), da Anac, sendo a maioria (57%) cadastrada como uso recreativo. Mas, há três anos, a utilização profissional de drones cresceu 70%, saltando de 21.945 equipamentos registrados para tal finalidade em janeiro de 2019, para 37.431 cadastrados no último ano.
“Há seis anos, usar um drone de forma profissional era algo muito novo ainda”, lembra Gabriel Caixeta. Hoje, graças a sua visão e a de seu sócio Andreyve, em criar um negócio com a ajuda inicial de um drone, a Skyline atua em 18 estados mais o Distrito Federal, e já desenvolveu soluções e serviços digitais, como mais de 2500 projetos espalhados pelo Brasil.
“Na grande maioria das nossas produções audiovisuais nós usamos drones. Em especial temos um serviço que oferecemos, chamado Ultratour, que é totalmente desenvolvido a partir de imagens em 360º que são captadas por drones”, explica Gabriel ao esclarecer como o equipamento ainda é fundamental para a empresa. Entre os seus mais de 100 clientes, estão empresas como a Cyrela Incorporadora e a MRV, duas gigantes do mercado imobiliário brasileiro.
Gabriel conta que, além de um drone de pouco mais de R$ 7 mil, o sócio e ele contaram com a expertise de cada um para montar o negócio. “Eu nunca havia trabalhado com drones, mas sempre gostei muito de tecnologia e computação gráfica, também sempre tive facilidade em aprender coisas dessas áreas. Fomos com a cara e a coragem mesmo, sem muita experiência. O Andreyve já tinha uma expertise do mercado imobiliário e eu a facilidade em trabalhar com tecnologia”, conta.
Constante treinamento
Hoje, a Skyline conta com uma equipe que sabem operar os drones. Um deles é o editor de imagens e filmmaker Gustavo Henrique de Oliveira, de 21 anos, e que há quatro anos nunca pensou em ganhar dinheiro com drone. “Nunca imaginei ganhar dinheiro com isso, mas depois de um convite para trabalhar no ramo do audiovisual, me interessei e vi o quão promissor poderia ser”, revela Gustavo, que desde a adolescência trabalhava com filmagem de casamento, e muitas vezes havia a necessidade de captar imagens do alto.
Por ser relativamente nova, a operação de drones é uma atividade profissional com pouca oferta de cursos de capacitação, o que não quer dizer que quem trabalha nessa área não precise estar sempre atualizado. “É um trabalho que exige constante atualização de conhecimento. Todo ano chegam novas tecnologias que nos auxiliam e que requerem novos aprendizados. Hoje, quem quer aprender sobre drone e se especializar nessa área pode recorrer à internet e plataformas de conteúdo como o YouTube, onde você encontra muita coisa sobre aeromodelismo e ferramentas de audiovisual”, orienta o jovem profissional.