Em 2021, venda de imóveis alcança o maior patamar dos últimos 10 anos em Goiânia

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(Getty Images)

O mercado imobiliário de Goiânia encerrou o ano de 2021 com o maior volume de lançamentos e vendas da última década: 10.942 unidades no ano, um aumento de 39% sobre 2020, que teve 7.879 unidades lançadas. Em Volume Geral de Vendas (VGV), a cifra chegou a R$ 5,8 bilhões contra um VGV de R$ 2,8 bilhões no ano anterior, alta de 102%. E as vendas acompanharam à altura: 10.071 unidades comercializadas em 2021, aumento de 19% em relação a 2020 (8.460), também o maior volume dos últimos 10 anos. O setor na Capital entrou em 2022 com resultados aquecidos: em janeiro foram vendidas 1.042 unidades, 45% a mais do que o mesmo mês de 2021, que vendeu 717 unidades. Mesmo diante de perspectivas desafiadoras para este ano, o cenário é de otimismo e de manutenção da valorização imobiliária. 

Os dados são da pesquisa divulgada ontem, 5, pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás, realizada pela Brain Inteligência Estratégica. De acordo com o presidente da entidade, Fernando Coe Razuk, os resultados surpreendentes de 2021 se devem a diversos fatores.

“O país vivenciou o menor patamar de juros da história. De um lado, as aplicações financeiras seguras rendiam abaixo da inflação. Do outro lado, os imóveis tiveram valorização em função do mercado aquecido e do aumento no custo de construção. Além disso, com a pandemia, as pessoas começaram a dar mais valor em seus momentos dentro de casa, priorizando a busca por melhores imóveis para se morar”, lista. 

No final de 2021, havia 9.414 unidades à venda, volume dentro da média dos últimos 11 anos em Goiânia. “O ano de 2020 é que foi muito atípico. Como as vendas se aqueceram muito no segundo semestre de 2020, tivemos uma queda significativa no estoque naquele ano, até que os incorporadores conseguissem colocar novos lançamentos no mercado”, pondera Razuk. 

Ao mesmo tempo, a valorização do preço dos imóveis foi significativa ao longo do último ano. Em um comparativo do preço médio de Goiânia no último trimestre de 2021 frente ao último trimestre de 2020, a valorização média foi de 35%, saltando de R$ 5.529,00 o valor do metro quadrado para R$ 7.465,00 o metro quadrado.

“Esse aumento se deu, principalmente, pela alta no custo de construção. Vivenciamos a maior inflação do custo de construção dos últimos 30 anos”, explica o presidente da Ademi-GO.  

A EBM Desenvolvimento Imobiliário encerrou 2021 com um VGV total de lançamentos de R$ 470 milhões e o valor total de R$ 420 milhões em vendas. Em empreendimentos lançados, com uma somatória de nove produtos, a incorporadora teve um aumento de 50% de vendas de imóveis verticais e 100% no total, no comparativo com 2020. E o cenário tem se mantido favorável. “Nós começamos 2022 com a proposta de lançar e vender ainda mais, e uma primeira resposta muito positiva é o fato de só no primeiro trimestre já termos um saldo de vendas 70% maior que o referente ao mesmo período do ano anterior. A nossa perspectiva é lançar o dobro neste ano, o que vai resultar em um VGV de aproximadamente R$ 1 bilhão”, afirma Marcos Túlio Campos, diretor de incorporação da EBM. O executivo ainda conta que há a previsão de mais de 10 novos lançamentos, não somente em Goiânia, mas também no Distrito Federal e em São Paulo. 

O Setor Marista continua em primeiro lugar na lista dos bairros queridinhos da capital, com o valor do metro quadrado a R$ 7.829,00. Em seguida estão os setores Oeste (R$ 7.728,00), Bueno (R$ 7.481,00) e Pedro Ludovico (R$ 6.823,00).  

Razuk avalia que 2021 foi um ano de muitos desafios e lembra que Goiânia foi uma das poucas cidades no Brasil que teve suas obras paralisadas por força de decretos governamentais para prevenção da Covid-19. “Isso prejudicou bastante o cronograma das obras em andamento. E ainda houve escassez de material de construção e a inflação do custo, que foi muito relevante”, aponta. “No entanto, as vendas estavam muito aquecidas, o que compensou todo esse cenário desafiador”, ressalta. 

Distratos – Em um comparativo histórico anual, o volume de distratos em 2021 teve um recuo de 2% em relação a 2020: foram 997 negócios desfeitos no ano passado contra 1.020 no ano anterior. Considerando os últimos oito anos, 2016 apresenta o maior número de distratos dos últimos 8 anos, com 2.504 distratos. 

Perspectivas para 2022 

Para 2022, a expectativa é que o cenário desafiador vivido pelo mercado imobiliário em Goiânia e Aparecida de Goiânia em 2021 permaneça e ganhe reforço de peso, como elevação da taxa de juros, que eleva ainda mais o custo do capital, e a insegurança de alguns consumidores em função do período eleitoral. 

No entanto, os resultados colhidos pelo mercado no primeiro mês deste ano já confirmam que as vendas continuam aquecidas: em janeiro foram vendidas 1.042 unidades, 45% a mais do que o mesmo período de 2021, que comercializou 717 unidades.

“Com o volume de lançamentos maior, com certeza nem todos os produtos serão bem-sucedidos. Então, com mais opções de escolha no mercado, o consumidor estará mais seletivo e aqueles que não estiverem ajustados às necessidades do público-alvo terão menor liquidez e, consequentemente, menor valorização. O incorporador terá o desafio de desenvolver melhor os seus produtos”, pondera Razuk. 

Sobre o custo de construção, a previsão era uma estabilização dos preços dos materiais e que o impacto no custo seria devido à mão de obra. “Com a considerável quantidade de novas obras começando, é natural que o custo da mão de obra tenda a subir nos próximos meses”, justifica o presidente da Ademi-GO, ao salientar que a guerra entre Ucrânia e Rússia também impacta de forma significativa no custo dos insumos. “Diante da alta no preço dos combustíveis, os materiais continuarão subindo, uma vez que nossa indústria depende disso, além do preço do frete que irá passar por reajustes em todos os casos”, adianta. 

Ao ser questionado em relação à alta na taxa de juros, Razuk explica que o impacto na alta dos juros de financiamento imobiliário não é diretamente proporcional à alta da taxa Selic. Por exemplo, enquanto a Selic subiu aproximadamente 10 pontos percentuais nos últimos meses, a taxa de juros do financiamento imobiliário aumentou algo entorno de 2%. “Em função de todo o sistema de financiamento imobiliário brasileiro, cuja principal fonte de recurso são os depósitos em caderneta de poupança, os juros dos financiamentos imobiliários são muito atraentes. É um juro que vale a pena pagar no Brasil.” 

Em resumo: o preço dos imóveis necessariamente continuará aumentando nos próximos meses para acomodar a alta no custo de construção. “Quem investir em imóveis neste momento continuará ganhando com a valorização dos imóveis”, finaliza Razuk. 

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