Tenho a sensação que estamos vivenciando um momento onde os extremos estão “lado a lado” e nem mesmo os especialistas conseguem definir com o mínimo de previsibilidade as tendências econômicas, políticas e sociais deste mundo, que ao mesmo tempo apresentam posições protecionistas para as posições que lhes são convenientes, cujas justificativas sempre estão em torno da globalização e suas demandas macroeconômicas.
Pois é, parte da sociedade e principalmente a classe política ainda sofrem com as divergências e polêmicas advindas dos efeitos gerados pela pandemia, que persiste em ser protagonista e justificativa para tudo. Entretanto, a economia brasileira e, obviamente, a mundial, já denotam a pandemia como um evento recém-ocorrido que consolidou um risco que ninguém nunca poderia imaginar e que estará presente em todos os planejamentos estratégicos de hoje em diante. Ou seja, uma pergunta nunca antes feita, “e se o mundo e economia global tivessem que parar?”.
Os empreendedores e os investidores sempre buscam as opções mais consistentes e com expectativas de melhores retornos e, por tais motivos, têm buscado observar e discutir pautas e ações que minimizem as consequências e o impacto do caos que assolaram o país e o mundo.
Para os otimistas, a esperança que “o brasileiro nunca desiste” e, para os pessimistas, sobrou o alusão ao “quanto pior melhor”, afinal, tem classes que lucram em cada um dos cenários ou simplesmente, “os extremos”. De um lado a união e, de outro, a segregação. Já passou da hora da classe política entender que os únicos que sofrem com esta falta de foco e prioridades são os cidadãos que trabalham, geram riquezas e pagam impostos. E nesse “bolo da união”, o empreendedor e o trabalhador devem caminhar em sinergia.
Finalmente chegamos ao momento de “ver” e “discutir” sobre a retomada da economia, enfim, todo mundo ficou literalmente em casa e estamos colhendo o que foi cultivado nesse período (“fique em casa, a economia a gente vê depois”). A globalização é isso, não adianta a tentativa de remediar com protecionismo ou ações populistas. No mundo contemporâneo, tudo está na vitrine, e nesse cenário econômico global, tudo é demandado por todos que estejam dispostos a comprar.
Os alimentos estão caros? Os combustíveis estão caros? O custo de vida está caro?
A resposta é óbvia, e todos sabem que a economia brasileira possui como pilar principal o agronegócio e os minérios, ou seja, “alimentos” e “matéria prima primária para indústria” que o mundo todo está na captura. Não podendo se olvidar que o Brasil tem o petróleo, porém quem dá as “cartas” nessa riqueza é a empresa Petrobrás, que é uma empresa internacionalizada há muitos anos e que possui investidores do mundo todo. Em “miúdos”, o brasileiro está literalmente gerando riqueza em moeda nacional e consumindo internamente em moeda estrangeira (dólar). É pouco ou quer mais?
A economia global está reagindo, e a economia brasileira está no mesmo caminho.
Para quem insiste em acreditar que está tudo perdido e que o responsável é uma pessoa ou grupo específico de pessoas, faço uma referência ao ilustre e inesquecível escritor, senhor Carlos Dumont de Andrade, em uma das suas mais saudosas obras primas. O poema “José”:
“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?”
…
Diante do exposto acima, faço a seguinte sugestão: Substitua o “José” por “você”, e concentre suas respostas com base na “coletividade” e que sozinho, o caminho sempre tende a ser mais complicado.
Em um país próspero e cheio de riquezas naturais, qualquer caminho é possível, desde que a prioridade seja de fato o melhor para a “sociedade” que nele vive.