Dia 23 de setembro celebra-se o Dia do Sorvete, instituído pela A Associação Brasileira de Integração Sensorial (ABIS). Mas com o calor que faz em Goiânia nessa época, o goianiense teria licença poética para celebrar o mês inteiro. Com o tempo tão seco, umidade do ar baixíssima e a temperatura lá em cima, refrescar-se é preciso. Trata-se de um hábito que remonta décadas e gerações, um amor pela sobremesa que, sem qualquer resquício de exagero, pode ser considerada uma unanimidade. E tem uma opção específica de sorvete que tem esse apelo afetivo, e até histórico, ainda mais marcante: o sorvete soft ou expresso.
Popularmente conhecido como ‘sorvete de máquina’, o sorvete soft faz parte das lembranças em família pela cidade ao longo do anos. O seu visual circular em continuidade à casquinha, igualmente tradicional, faz parte do imaginário coletivo. E é justamente esse valor afetivo que o Alata Soft resgata. Nova sorveteria assinada pelo chef Ian Baiocchi, em Goiânia, que traz o sorvete expresso, sundaes e milkshakes como protagonistas no cardápio.
O chef conta que a ideia desse destaque para o sorvete expresso era algo que estava previsto desde o início do Alata, em junho de 2020, inaugurada como a primeira sorveteria ‘pandemiologicamente’ correta, a céu aberto e com um processo de valorização de produtos locais.
“Nós sentimos que era um conceito que precisava de mais tempo para ser desenvolvimento, até pelo processo artesanal que os nossos produtos têm”, explica.
E a assinatura do chef Ian Baiocchi está presente na concepção dos sorvetes, sundaes e milkshakes que tomam conta de um cardápio igualmente refrescante e dinâmico. “Trazemos a arte desde a beleza do sorvete, que é muito mais plástico, encantador. Aqui a bola dá lugar a uma espiral de sabor que marca desde o primeiro contato visual”, explica Ian. Mas vale dizer que os grandes fãs do Alata também encontram opções de gelatos servidos na primeira unidade.
A unidade conta com duas máquinas do sorvete soft, uma para os produtos zero açúcar e a outra para os convencionais, com açúcar. Desse modo, o sorvete se torna a base para as outras iguarias do cardápio, como a grande variedade de sundaes e milkshakes. Ele ainda acrescenta que o processo permite uma variedade incrível de combinações e sabores, com amplas possibilidades também para opções diets, que muitas vezes recebem menos atenção em muitos estabelecimentos.
“O processo de um milkshake de pistache, por exemplo, parte da base do sorvete expresso, que pode ser diet ou não. Então recebe uma pasta de pistache com chocolate branco, que nós produzidos, um crocante de pistache e aí é batido. Essa base do soft garante mais sabor e um milkshake inigualavelmente mais gelado”, explica o chef.
Regionalismo afetivo
Na essência das duas sorveterias está uma alquimia com sabores do cerrado e o foco em produtos orgânicos, naturais, como o leite tirado direto da vaca, por exemplo, o sorvete ganhou um novo viés. A partir desse fundamento, a inventividade do chef garante as combinações de sabores que já são velhos conhecidos, mas que adquirem novas possibilidades, como o soft baunilha de cerrado e frutas vermelhas com calda de jabuticaba, cachaça e raspas de chocolate, ou o soft de baunilha com calda de maçã e farofa de castanhas brasileiras, e, ainda, o soft de baunilha com calda de doce de leite, banana nanica intercalada e cacau em pó, entre outros.
“A ideia é proporcionar um novo olhar sobre o sorvete. Mostrar o que há por trás, revelar que o produto usado pode ser bom e livre das pregas da indústria. Trabalhamos para que o cliente sinta o sabor puro, original, teste e ateste o nosso conceito, o produto de origem, experimente o orgânico, o natural”, acrescenta o chef.
História do sorvete
Segundo consta historicamente, o sorvete surgiu há cerca de 4 mil anos, na China. A sobremesa partiu da combinação de leite, arroz e neve. Sim, somente assim para consumi-la gelada. Não demorou para que a iguaria caísse no gosto da nobreza da época. No século 13, o explorador veneziano Marco Polo esteve na China e conheceu o sorvete, levando a ideia para a Itália, onde se espalhou, mas igualmente entre a nobreza. Só veio a se popularizar quando, no século 16, começou a ser servido nos cafés de Paris. Em seguida, saltou até a Inglaterra e Estados Unidos, onde ganhou novos processos de refrigeração.
No Brasil, a produção do sorvete de massa teve início, de forma artesanal em cafés e confeitarias, no século 19. Aqui o caminho foi inverso, a sobremesa se tornou tão popular nas ruas que chegou aos ouvidos da realeza. De acordo com registros históricos, D. Pedro II apreciava o sorvete de pitanga. A primeira fábrica de sorvetes do país foi a chinesa U.S. Harkson, que abriu as portas em 1941, no Rio de Janeiro. De lá para cá, a sobremesa ganhou novas propostas, sabores, diferentes processos de criação e inspiração, até se multiplicar nas diversas opções que temos hoje. Como a que você certamente está com vontade de provar após ler este texto.